Nasce uma estrela; e outra brilha com a sorte de campeão

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A largada do ótimo GP do Bahrein (Foto: AFP/Reprodução Grande Prêmio)

RIO DE JANEIRO – Foi bom o GP do Bahrein. Muito bom.

A corrida de número #999 da história da Fórmula 1 nos trouxe mais uma personagem para o jogo. A temporada passada já dera uma dica de que Charles Leclerc era fera. Não é qualquer piloto que faz o que ele fez com uma equipe mediana feito a Sauber, andando forte em vários treinos classificatórios e tendo a oportunidade de terminar nos pontos em várias ocasiões.

Pela Ferrari, na segunda corrida, ele disse ao que veio. Cinco de seis treinos, livres e classificatórios, foram dominados por ele. Pole position, líder da corrida desde a sexta volta, mais de 40 voltas na ponta, volta mais rápida… a vitória parecia favas contadas.

E só parecia: um cilindro (e não o sistema MGU-H, como se supunha) resolveu se entregar. Perda de potência e performance. Uma merecida conquista, que seria a primeira de um piloto do principado de Mônaco na história da Fórmula 1, foi por água abaixo. Nada poderia aplacar a tristeza de Leclerc a bordo do cockpit da S90-H.

Poderia ainda ter sido pior se não fosse uma entrada esquisita de Safety Car, acionado porque os dois Renault conseguiram a façanha de falhar na abertura da penúltima volta, praticamente ao mesmo tempo. Leclerc já caíra para terceiro e tudo caminhava para que Max Verstappen o ultrapassasse. A intervenção da direção de prova amenizou a tristeza e deu ao jovem piloto da Casa de Maranello seu primeiro pódio – o primeiro de um dos súditos dos príncipes monegascos em 69 anos.

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Hamilton herdou a vitória, mas foi não apenas diplomático como teve postura digna do grande esportista que é: “Seu futuro é brilhante, você vencerá muitas corridas ainda”

“Charles fez um trabalho fantástico e merecia ganhar. Sinto muito por ele”, confessou Lewis Hamilton, que acabou vendo o triunfo cair em seu colo. Faz parte do esporte e o britânico venceu pela 74ª vez na carreira. Mas o piloto da Mercedes, sobretudo, mostrou um incrível respeito pelo rival, que fez realmente uma apresentação de gala na noite barenita.

“Você ainda vai ganhar muitas corridas”, consolou na antessala do pódio. “Seu futuro é brilhante”.

E Leclerc hoje fez o dever de casa direitinho. Não só atacou e passou o companheiro Vettel quando este assumiu a liderança após o pulo inicial da largada, como abriu e caminhava célere para o topo do pódio. Falhas não-humanas também fazem parte do esporte e o monegasco sentiu na pele como é perder uma corrida da forma como perdeu. E não escondeu a decepção: mostrou que tinha certeza de que a vitória estava em suas mãos.

Não foi o único malogro da Ferrari, que tinha um carro melhor que a rival alemã. Sebastian Vettel perdeu o controle de seu carro no afã de se defender dos ataques de Lewis Hamilton – que com pneus médios tinha performance melhor após sua segunda parada – na luta pelo 2º lugar. Como resultado, Tião rodou, perdeu a asa dianteira, caiu para nono e recuperou até chegar em quinto.

Ele deve estar bem ressabiado com a performance de Leclerc, não é não?

De resto, é preciso louvar os esforços de outros dois pilotos que entram para os compêndios: Lando Norris e Alex Albon somaram seus primeiros pontos. O inglês da McLaren foi um ótimo 6º colocado e alcançou a melhor posição de pista da equipe desde… Fernando Alonso, quinto no GP da Austrália… do ano passado.

Revelado na Fórmula 2, igual a Norris, Albon foi nono – primeiro tailandês em mais de seis décadas a pontuar na categoria. Com os dois pontinhos somados no Bahrein, ele aumentou o total de pilotos na zona de pontuação para 341.

A Mercedes emplaca, na sorte, a segunda dobradinha consecutiva. Bottas ainda é líder – por um ponto. E nas hostes ferraristas, Leclerc já está quatro pontos à frente de Vettel neste início de campeonato, com Verstappen em terceiro. A Renault, com o abandono duplo, foi a decepção do fim de semana – a Williams, que não conta muito, pelo menos não ficou com os dois últimos lugares o tempo inteiro, embora o resultado final tenha sido cruel com a outrora potência da Fórmula 1.

E agora vamos à milésima prova da história, que será o GP da China, daqui a duas semanas. A categoria merecia pista melhor que Xangai para alcançar sua marca histórica. Mas já que o escriba aqui foi calado pela 900ª corrida da história, que foi no Bahrein – e simplesmente espetacular, por sinal – torço que o GP 1000 me cale novamente.

Comentários

  • Deu dó do Leclerc. Mas ele nem parece ter se abatido muito além do necessário, sabe que a hora dele vai chegar. Agora, que draga para a Ferrari: duas corridas, duas falhas no motor. A falta de confiabilidade já está cobrando o seu preço. Hamilton: que classe. Confesso que até alguns anos atrás não ia muito com a cara dele, talvez pelo jeito meio mascarado. Mudou muito, o cara é merecedor demais de tudo que conquista. A briga no meio do pelotão promete ser insana o ano todo, McLaren, Renault, Alfa, Haas e eventualmente até Toro Rosso e Racing Point nessa briga. E vamos para a corrida 1000, tomara que algo excepcional ocorra, pq tbm não sou fã do circuito de Xangai, fora o horário horrível da corrida rs.