Super Sebring: Alonso faz volta mágica e Toyota crava pole para as 1000 Milhas

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Monstro, gênio e o que mais puder ser dito: Fernando Alonso trucidou o recorde de Sebring numa volta de tirar o fôlego, crucial para a pole position do carro #8 da Toyota para as 1000 Milhas de Sebring, sexta etapa do WEC

RIO DE JANEIRO – O treino oficial das 1000 Milhas de Sebring marcou um daqueles momentos que ficará na história. Tudo bem… eu sei que hoje está voltando a Fórmula 1, teve treino livre em Melbourne praticamente na mesma hora, mas estamos falando de uma personagem que fez parte da categoria máxima até há bem pouco tempo – e que continua fazendo muito barulho.

Sim, senhoras e senhores. Fernando Alonso Díaz é um monstro.

O que o espanhol fez com o Toyota TS050 Hybrid esta noite na Flórida é para ficar na memória. Uma volta de classificação perfeita, espetacular. E estamos falando de um protótipo LMP1 com ainda mais restrições técnicas e equalizações do que os antigos LMP1 que há seis ou sete anos atrás ainda andavam por lá.

O temporal de 1’40″124 é agora a melhor volta de todos os tempos no circuito de 6,019 km de extensão. Média de 216,415 km/h. Um momento inesquecível. Quem viu, viu. Eu vi. Ainda que no monitor do computador ou na telinha do smartphone, quando no fundo eu queria tanto era estar lá. Ao vivo e a cores.

“O carro estava perfeito. A aderência, o balanço, tudo. Conseguimos uma ótima volta e a pole é consequência do nosso trabalho. Aliás, o trabalho de hoje está feito. O foco agora é a corrida.”, sentenciou Don Fernando de las Astúrias.

Na primeira fase do treino oficial dos protótipos LMP1 e LMP2, Alonso cravou nove décimos no britânico Mike Conway, que até domingo detinha a melhor marca histórica do circuito estadunidense. Depois, Kazuki Nakajima e Pechito López assumiram no lugar dos colegas e o argentino tinha que se matar para superar o tempo do espanhol. E até que fez uma bela volta em 1’40″544. Insuficiente: Nakajima fez 1’40″513, confirmou a média de 1’40″318 e o ponto extra para a trinca líder do Mundial de Endurance.

A SMP Racing superou a Rebellion e pôs o seu BR01 Engineering de motor AER biturbo liderando a segunda fila. Ótimo trabalho de Stéphane Sarrazin e Egor Orudzhev, que dividiram a responsabilidade e saíram com a média de 1’42″730. Inclusive, o tempo de Orudzhev foi disparado o melhor entre os pilotos não-oficiais de fábrica.

O #3 da equipe anglo-suíça garantiu-se na segunda fila do grid com Gustavo Menezes e Thomas Laurent dividindo a pilotagem na sessão de classificação, enquanto um último esforço de Brendon Hartley a bordo do #11 da SMP Racing derrubou o #1 que terá o brasileiro Bruno Senna da quinta posição do grid.

Entre os LMP2, a Jackie Chan DC Racing deixou o melhor para vir na definição do grid, após performances mais ou menos discretas nos treinos livres. O #38 dos líderes do campeonato foi muito bem conduzido por Gabriel Aubry (que foi o mais rápido com 1’46″923) e Stéphane Richelmi, garantindo a melhor média da sessão em 1’47″558 para o carro equipado com pneus Dunlop.

Para melhorar, o #37 com Will Stevens e David Heinemeier-Hänsson superou a Signatech Alpine Matmut (do brasileiro André Negrão) e garantiu o 1-2 do time sino-britânico no grid da categoria. Nas posições seguintes, ficaram DragonSpeed, Larbre Competition, TDS Racing e o Racing Team Nederland, que teve as melhores voltas de Nyck De Vries deletadas por irregularidades durante o treino classificatório.

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Mesmo numa sessão truncada por bandeira vermelha, Kévin Estre e Michael Christensen foram felizes e levaram o ponto extra da pole na LMGTE-PRO, superando os dois Ford GT da Ganassi

O treino dos Grã-Turismo foi igualmente movimentado e marcado por um forte acidente: a Ferrari 488 GTE #61 da Clearwater Racing, guiada pelo argentino Luis Pérez-Companc (que inclusive retorna à categoria nesta etapa) deu uma guinada para a esquerda num trecho de aproximação de uma curva lenta e bateu muito forte numa mureta de concreto, destruindo a dianteira do carro.

O acidente provocou um período de bandeira vermelha, de uns 15 minutos aproximadamente.

O cronômetro ficou congelado nesse período e, quando o treino se reiniciou, a pista ficou cheia e pra lá de animada. Michael Christensen encaixou uma volta perfeita no Porsche 911 RSR #92 que divide com Kévin Estre e quando as coisas são pra dar certo, dão certo: a dupla líder do campeonato cravou a primeira pole na Super Season 2018/19 na LMGTE-PRO, com a média de 1’57″500.

Dois décimos atrás, ficou o Ford GT EcoBoost de Harry Tincknell e Andy Priaulx, com o “gêmeo” de Olivier Pla e Stefan Mücke logo atrás. Na quarta posição da categoria, vai largar a BMW M8 GTE que foi guiada pela conexão luso-brasileira de Augusto Farfus e Antônio Félix da Costa. O Corvette C7.R alinhado especialmente para as 1000 Milhas de Sebring conseguiu um decente 5º posto na média e o espanhol Antonio Garcia, com excelente performance, fez a melhor volta entre todos os pilotos na qualificação.

A Ferrari #51 que terá os campeões mundiais Ale Pier Guidi e James Calado, mais o brasileiro Daniel Serra, ficou numa discretíssima nona posição, à frente dos dois Aston Martin AMR Vantage V8. O #97, que tão bem andou na quarta-feira, teve “problemas técnicos”. Por precaução, não foi mais mandado para a pista de Sebring.

Já na LMGTE-AM, Christian Ried começou bem o fim de semana em que se torna o novo recordista isolado de participações de provas no WEC: em sua 56ª aparição na categoria, o alemão e mais o australiano Matt Campbell fizeram a melhor média da categoria com o Porsche #77. O tempo de 1’59″790 superou em 0″145 o #56 da Project 1 Racing – que, registre-se, fez um brilhante trabalho de montagem e de acerto de um chassi completamente novo, substituindo o carro incendiado no teste coletivo de domingo último.

Brilhante também foi a equipe de mecânicos da Aston Martin Racing, que refez a lateral esquerda do #98 guiado por Pedro Lamy e Paul Dalla Lana, para dar a eles o terceiro posto do grid na divisão. Apesar de uma ótima volta de Matteo Cairoli no #88, a Spirit of Race conquistou um respeitável quarto posto, graças principalmente a uma boa volta de Giancarlo Fisichella na primeira parte e ao esforço do gentleman driver Thomas Flöhr, que saiu-se bem a bordo da Ferrari #54.

As 1000 Milhas de Sebring serão disputadas nesta sexta-feira, em 267 voltas ou máximo de oito horas pelo circuito da Flórida. Largada a partir de 17h de Brasília. O Fox Sports não vai transmitir a corrida, apenas exibindo highlights ao longo da semana. Quem quiser assistir ao vivo, basta assinar o streaming do site oficial do FIA WEC.

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