24h de Le Mans: a hora e a vez das motos!

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Largada raiz no EWC: motos de um lado, pilotos do outro. E as 24h de Le Mans sobre duas rodas serão neste final de semana, no circuito Bugatti

RIO DE JANEIRO – Quem acha que as 24h de Le Mans são privilégio dos carros, está redondamente enganado. Não só há uma corrida de um dia inteiro para caminhões – que será em setembro – como também teremos as 24h de Le Mans para Motocicletas. E no próximo fim de semana: sábado e domingo, será realizada a 2ª etapa do Campeonato Mundial de Endurance da FIM (EWC), no circuito Bugatti, a versão menor – que é a pista do GP da França de MotoGP.

A corrida é disputada desde 1978: naquele ano, a dupla Christian Leon e Jean-Claude Chemarin, especialistas em provas longas, triunfaram na prova de estreia das 24h de Le Mans e fariam o mesmo no ano seguinte, quando o evento fez parte do calendário do Mundial de Endurance da FIM pela primeira vez. Em 2019, será a 30ª oportunidade deste evento clássico como parte do FIM EWC – décima-quarta em sequência, desde 2006.

Ano passado, Alan Techer/Freddy Foray/Josh Hook completaram 3.527 km percorridos sobre uma Honda CBR1000 para vencer a disputa. À exceção de Techer, substituído por Mike Di Meglio, os demais defendem o triunfo e o título mundial conquistado junto à equipe F.C.C. TSR Honda France.

O Mundial de Endurance da FIM é dividido em duas subclasses.

A principal é a Formula EWC (números em fundo escuro, com faróis brancos), com motos de peso mínimo de 175 kg e motores até 1000cc (3 ou 4 cilindros) ou até 1200cc (bicilíndricas). Essas máquinas têm sistema de troca rápida de rodas e são permitidas modificações nos sistemas de refrigeração, garfo, amortecedor, braço oscilante de suspensão, escapamento e freios – desde que conservando características do modelo original que homologa a máquina de competição.

A Superstock é a divisão intermediária. As motocicletas são equipadas com faróis amarelos e o dorsal de numeração tem o fundo vermelho, com peso mínimo de 168 kg e mecânica até 1000cc (3 ou 4 cilindros) ou até 1200cc (bicilíndricas). Os modelos homologados são ainda mais próximos das máquinas originais de rua e o equipamento é mais limitado. A configuração é praticamente original de fábrica, permitindo-se uma pequena modificação no mapeamento de injeção eletrônica de combustível. Embreagem, filtro de ar e silencioso do escapamento, partes internas do garfo, amortecedor traseiro, coroa e pinhão e corrente da roda traseira podem sofrer modificações.

Durante os reabastecimentos, são permitidos os equipamentos de engate rápido para repor combustível, mas diferentemente da Formula EWC, as motos da Superstock não possuem o sistema rápido de troca de rodas e pneus. As paradas de box são mais lentas, mas a eficiência delas é o ponto chave de um grande resultado numa prova longa.

Nas 24h de Le Mans, é autorizada a participação de uma terceira subclasse – Experimental (dorsal de fundo verde), com máquinas de peso mínimo de 165 kg e faróis amarelos para iluminação à noite. Não são autorizadas máquinas bicilíndricas: os modelos de quatro cilindros têm capacidade cúbica entre 600cc e 1000cc e as tricilíndricas, entre 750cc e 1200cc. São motocicletas com características completamente distintas dos modelos originais de produção, principalmente no que diz respeito à concepção do quadro e das suspensões. A Experimental não marca pontos para o FIM EWC e são permitidas também as máquinas com sistemas elétricos de propulsão.

A lista de inscritos para a prova de 2019 é composta por 60 competidores (igual às 24h de Le Mans dos carros, até o dia de hoje, por coincidência) – sendo que até a semana passada, dois times da Superstock aguardavam o aval do ACO para participar do evento. Por categorias, temos 23 entradas na divisão Formula EWC, 35 na Superstock e as demais na Experimental – que conta com uma Kawasaki ZX-10R e uma Metiss.

Na primeira etapa da temporada 2018/19, a 82ª edição da clássica prova Bol d’Or, que voltou a Paul Ricard, a F.C.C. TSR Honda France venceu e lidera o Mundial com 51 pontos, contra 43 da Wepol Racing e 41 da YART-Yamaha, empatada com a Suzuki Endurance Racing Team. A Yamaha lidera entre as marcas, somando 61 pontos contra 46 da Honda e 41 da Kawasaki.

Entre os independentes, liderança da Wepol Racing com 43 pontos contra 37 da Bolliger Team Switzerland. Terceira colocada desse ranking, a Gert56 German Endurance Racing Team lidera na FIM World Cup com 27 pontos, contra 19 da Webike Tati Team Trickstar.

O Mundial de Endurance da FIM ainda terá mais três provas, todas com 8h de duração – Slovakia Ring (11 de maio), Oschersleben (9 de junho) e Suzuka (28 de julho). Como novidade para a temporada 2019/20, o site oficial do FIM EWC já promove o inédito e histórico evento que terá provas da entidade máxima do motociclismo e da FIA – em 15 de dezembro, teremos as 8h de Sepang de volta ao calendário e a rodada tripla final do WTCR, com provas à noite.

Comentários

  • Esta corrida surgiu após as 24 horas de Bol d’Or saírem de Le Mans em 1978 e passar para Paul Ricard. O Walter Tucano Barchi chegou a fazer um terceiro lugar nesta prova em 1979, se não me engano em dupla com o Edmar Ferreira.