Bis de Albuquerque e Barbosa em Long Beach

IMSA WeatherTech SportsCar Championship
Filipe Albuquerque comemora mais uma vitória no GP de Long Beach da IMSA: o português segurou bem a pressão de Ricky Taylor e faturou novamente a corrida da Califórnia junto ao parceiro João Barbosa (Foto: Scott LePage/IMSA)

RIO DE JANEIRO – Filme (quase) repetido: os protagonistas foram os mesmos, o enredo foi diferente e o final, feliz – igual ao do ano passado. João Barbosa e Filipe Albuquerque, com inteligência e alguma dose de sorte, venceram hoje o GP de Long Beach, a 3ª etapa do IMSA Weather Tech SportsCar Championship e também a primeira etapa de ‘tiro curto’ do calendário, transmitida ao vivo neste sábado pelos canais Fox Sports.

Foi uma corrida animada, movimentada e cheia de suspense até o final. Começou com bandeira amarela logo de cara, por conta do acidente com o Nissan DPi de Jonathan Bennett, causando uma confusão que desaguaria numa rodada do Mazda DPi pilotado por Jonathan Bomarito.

Pole e recordista do circuito de Long Beach, Hélio Castroneves não durou muito na liderança. Pouco depois da bandeira verde, o brasileiro saiu mais lento que o imaginado do Hairpin que leva à Shoreline Drive, o ponto de maior velocidade da pista. Como efeito, o 2º colocado Felipe Nasr deu o bote. Passou, abriu e foi embora, trucidando o recorde da volta.

Nasr seguiu na ponta até o vigésimo-quarto giro, quando foi deflagrada a segunda bandeira amarela em toda a pista. Os protótipos DPi (menos o Cadillac da Juncos) pararam para a troca de pneus e o que seria o pit que devolveria o #31 na liderança com Pipo Derani a bordo tornou-se um desastre. O carro foi baixado do macaco hidráulico com a roda dianteira direita não apertada de forma correta. Como efeito, o pneu pediu demissão e foi embora, deixando Pipo em três rodas.

Para piorar, como consequência do risco causado pelo desprendimento da roda, num erro da equipe de box, Nasr e Derani acabariam penalizados logo após a bandeira verde. Feroz, Derani teve que fazer uma corrida de recuperação a todo custo. Pelo menos, restou o consolo de fazer a melhor volta da prova em 1’11″932, novo recorde do circuito em prova da IMSA.

Aí os dados rolaram a favor do outro carro da AX Racing: enquanto Kyle Kaiser curtia uma liderança que não correspondia à verdade, uma vez que teriam de fazer um pit stop (que inclusive seria o único), o #5 já com Filipe Albuquerque no lugar de João Barbosa antecipou sua segunda parada por conta de um furo lento de pneu. De certa forma, isso foi decisivo para que a dupla emergisse à dianteira – uma vez que os rivais teriam ainda que parar, (e eles, não) descontar terreno foi preciso. E foi o que Albuquerque fez, numa situação bem semelhante a que se viu no último ano.

Com a diferença que, desta vez, a Penske veio para a jogada. Os dois Acura ARX-05 DPi passaram o Mazda de Oliver Jarvis e o #7 de Hélio Castroneves/Ricky Taylor, com este último a bordo, pôs pressão em busca da vitória. Quer dizer… pressionar, pressionou. Mas passar, que é bom, nada. O resultado foi que ao fim de 73 voltas percorridas, o vencedor e o 2º colocado estavam separados por menos de um segundo.

Mas o certo é que faltou um pouco de estofo a Taylor. Se ele diz que estava em ‘modo ataque’, como falou à imprensa internacional, então que tentasse se desvencilhar dos retardatários da classe GTLM com o mesmo desprendimento que Albuquerque mostrou. E em alguns momentos, o filho do velho Wayne Taylor não fez isso.

No fim, Derani e Nasr ainda conseguiram o 6º lugar, se livrando nas últimas voltas do carro de Kyle Kaiser e Will Owen, que perdeu o controle e bateu numa muralha de pneus. Os pontos foram suficientes para mantê-los na liderança do campeonato, com 92 pontos. Castroneves e Taylor têm 90 e os vencedores de hoje somam agora 89 pontos. Jordan Taylor e Renger Van der Zande, colíderes até esta etapa, abandonaram e caíram para 4º na tabela. Mas ainda estão muito no páreo…

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Quadriculada para o Porsche de Bamber e Vanthoor, que se seguraram na ponta com difusor traseiro avariado e tudo o mais, para assumir a liderança do campeonato (Foto: Scott LePage/IMSA)

A corrida foi muito disputada também entre os GTLM. À exceção dos BMW M8 GTE, que não tiveram ritmo em momento algum, os outros seis carros discutiram posições de forma acirrada em grande parte da disputa. Os Porsche 911 RSR começaram dominantes, mas a Chip Ganassi chamou Sébastien Bourdais mais cedo para box e este trocou com Dirk Müller. Quando os adversários pararam durante uma amarela, o Ford #66 passou à ponta.

E foi aí que o bicho pegou: o carro de Earl Bamber/Laurens Vanthoor, mesmo com o difusor em pandarecos, superou os colegas de equipe Nick Tandy/Patrick Pilet e depois partiu pra dentro do Ford líder. A disputa porta com porta na Shoreline Drive já é candidata a um dos momentos mais espetaculares de todo o campeonato.

Parecia que tudo iria terminar em calmaria, mas não: Jan Magnussen e seu parceiro Antonio Garcia perseguiram o pódio e ao ultrapassar o carro de Pilet/Tandy, pareciam muito bem encaminhados. Na última volta, o dinamarquês do Corvette C7-R acabou tocando a traseira do Ford de Dirk Müller no início da reta oposta, provocando a rodada do #66 e a colisão de traseira. Depois, o alemão confirmou que lutava contra uma possível pane seca e que reduzira o ritmo. Tanto que a IMSA confirmou o famoso “no further action” para não penalizar a dupla do #3, que terminaria mesmo em segundo, a 4″473 dos vitoriosos e com Oliver Gavin/Patrick Pilet fungando no cangote.

O triunfo proporcionou a Earl Bamber e Laurens Vanthoor a passagem ao comando da classificação. Eles somam 91 pontos contra 87 de Pilet/Tandy e Garcia/Magnussen – que ano passado foram campeões sem ter conquistado uma única vitória, é bom lembrar.

A 4ª etapa do IMSA Weather Tech SportsCar Championship, com a prometida volta das classes LMP2 e GTD, além da (pouco provável) estreia da Weather Tech Sprint Cup, será no Mid-Ohio Sports Car Course em Lexington, no dia 5 de maio.

Comentários

  • O resultado poderia ser outro se não fosse o erro nos pits do carro do Nasr/Derani. A disputa seria ainda mais acirrada se os Mazda, sempre rápidos, tivessem também confiabilidade mecânica.
    Na GTLM, achei o Porsche dominante durante toda a prova, exceto o período onde a Ganassi ousou na estratégia. Sobre o lance entre o Corvette do Magnussen e o Ford do Muller, achei que poderia ser evitado, visto que o carro da Ganassi não teria como segurar o trovão naquela reta…sei não hein, mas acho que vai ter troco nas próximas provas.

  • Ajuda aí, Rodrigo:
    Li em algum lugar que o Brendon Hartley participaria da prova.
    Não vi o nome do figura na matéria, o que houve?
    Abraço.
    Zé Maria