Joelmir Beting (1936-2012)

RIO DE JANEIRO – Trabalho há mais de dez anos como jornalista. Não tive nesse período, que é um pouco maior do que isso, um convívio com Joelmir Beting. Mas, como todo mundo que milita na profissão, conhecia seu trabalho e sua ligação com os esportes. Afinal, foi como repórter esportivo que ele começou sua longa carreira, e foi ele quem deu a ideia de pôr uma placa no Maracanã louvando um golaço de Pelé pelo Santos contra o Fluminense em 1961, no Torneio Rio-São Paulo.

Joelmir tornou-se um respeitado articulista de economia e com fina ironia e muita inteligência, fazia comentários que o povão entendia. Por muito tempo trabalhou nos grandes veículos brasileiros de comunicação. Pai do Mauro Beting, o conhecido analista de futebol, Joelmir morreu na madrugada de quarta para quinta-feira, aos 75 anos.

O apaixonado palmeirense também era um ardente defensor, em plenos anos oitenta, dos carros grandes. Lembro que naqueles tempos bicudos, de racionamento de combustíveis no país e ditadura militar, ter um Dojão, um Maveco, um Landau ou qualquer coisa que o valha, era sinônimo de suicídio.

Pois o Joelmir, com a categoria que Deus lhe deu, se ofereceu para o suicídio. Não só escreveu um belo artigo para a revista Quatro Rodas, em sua edição de junho de 1981, como fez uma candente defesa do seu Dodge Dart 1972, com o qual posou para a foto ilustrativa da matéria.

Grande Joelmir. Esse vai fazer falta…

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Comentários

  • Lembro-me que na época, ele disse que o dojao era movido a cadernete de poupança, pois era melhor deixar o dinheiro rendendo (o juro e a correção monetária eram muito grandes) do que comprar um carro novo, com motor pequeno, mais econômico.

  • Vou repetir aqui o meu comentário no Forum Contato Radar (aviação), quando noiticiaram que ele tinha sofrido um AVC e estava internado:

    “Quando eu comecei a gostar de automobilismo, com 7 para 8 anos de idade, no inicio dos anos 60, eu lia a Mecanica Popular e a 4 Rodas. Quando surgiu a revista Autoesporte (acho que foi em 64), dedicada ao automobilismo de competição, eu babava com os textos descritivos e com as fotos de corridas, especialmente com as das corridas no Brasil. Não me interessava por outros assuntos ou outras revistas que não fossem sobre carros ou corridas.

    Porém, como a revista “acabava logo”, tal a voracidade com que eu a lia, passei a ensaiar a leitura das outras secções, inclusive da cronica da ultima página, onde um cronista de economia (e eu, com 12 anos talvez, nem desconfiava disso), apreciava o mercado e as fabricas de automoveis nacionais. Aos poucos passei a curtir aquela cronica, versando sobre os desdobramentos do mercado e as ações tomadas pelas fabricas e, as vezes, pelo governo. A linguagem objetiva e simplificada do cronista permitiam ao menino, perceber as nuances daquele mundo tão inusitado para ele. Me tornei fã daquele “jornalista automotivo” que assinava a coluna: Joelmir Betting.

    Só muito mais tarde, quando ele já havia deixado de muito as paginas da Autoesporte, e aparecia de frente e na linha de frente dos programas jornalisticos na TV, é que eu fui perceber que o grande jornalista não era apenas um aficcionado que escrevia sobre automoveis, numa revista especializada. Mas talvez, dessa forma, eu tenha sido um dos fãs de primeira hora do excepcional jornalista e economista.”

    Triste realidade de saber que ele não está mais entre nós…

    Antonio

    PS – pra quem tive acesso ao Forum Contato Radar, na pagina 2 do topico aberto na guia Papo de Hangar, tem uma excelente passagem sobre ele, demonsrando sua grandiosidade enquanto ser humano, citada pelo forista MarioSP