Saudosas pequenas – Arrows, parte III

RIO DE JANEIRO – A Arrows entrou no campeonato de 1981 com novidades técnicas e desportivas. O modelo A3 do ano anterior foi redesenhado por Dave Wass para funcionar dentro do regulamento daquele ano, que bania o efeito-solo. Com a introdução de radiadores de alumínio, para deixar o “novo” A3B melhor e mais leve, a equipe pretendia dar um salto em relação ao ano anterior. Veio também o patrocínio da Cerâmica Ragno, mudando o visual do carro com uma pintura alaranjada e Riccardo Patrese ganhou um novo companheiro de equipe: o também italiano Siegfried Stohr, formado em psicologia e que vinha da Fórmula 2 europeia.

1981_Arrows_1Com a Goodyear fora da Fórmula 1 e todas as equipes – exceto a Toleman –  usando os pneus Michelin de construção diagonal, a Arrows começou o ano muito bem. Patrese conquistou a pole position para a corrida inaugural do campeonato em Long Beach (houve um GP na África do Sul, que não valeu) e liderou a corrida por 24 voltas até a pressão do óleo cair e o motor quebrar.

As boas performances de Patrese continuaram nas etapas seguintes: ele foi 3º na chuva de Jacarepaguá, sétimo na Argentina e segundo em Imola, na estreia do GP de San Marino. Ainda aprendendo a lidar com um F-1, Stohr não se qualificou em Long Beach e Imola, bateu na largada do GP do Brasil e foi 9º em Buenos Aires.

No GP da Bélgica, em Zolder, a Arrows passou por um momento terrível na temporada. O carro de Riccardo Patrese não se moveu quando a largada foi autorizada e Stohr, que vinha de 13º no grid, atropelou o mecânico-chefe da equipe, Dave Luckett, que sofreu lesões nas duas pernas e comoção cerebral (vídeo abaixo). Em Mônaco e Jarama, na Espanha, os dois pilotos andaram bem, dentro de suas possibilidades, mas abandonaram com problemas mecânicos.

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Entretanto, a Goodyear voltou à categoria fornecendo pneus primeiro para Williams e Brabham, depois atendendo Lotus e Tyrrell – esta por influência de Jackie Stewart. Era o recomeço da chamada “guerra dos pneus” e a Michelin privilegiou Ferrari, Renault e Talbot-Matra, relegando a segundo plano as outras equipes “clientes” da marca. Tanto que a Arrows teve que se socorrer de pneus usados por Patrese no GP de Long Beach para pelo menos correr com um carro em Dijon-Prenois, na França, antes que o time se arranjasse com outro fornecedor no mercado.

ss-d81A Arrows convenceu os italianos da Pirelli, que só tinham a Toleman como cliente, a fornecer pneus até o fim do campeonato. Patrese ainda conseguiu alguns desempenhos honestos nos treinos classificatórios, mas uma série de abandonos jogou por terra todas as possibilidades da equipe na segunda metade do ano. Stohr, quase sempre largando entre os últimos, não colaborava. Após não se qualificar no GP da Itália, em Monza, perdeu a vaga no time para as duas últimas corridas para Jacques Villeneuve, irmão de Gilles Villeneuve e tio do campeão mundial de Fórmula 1 em 1996, também chamado Jacques. Não resultou em nada: apesar de carregar o sobrenome famoso, o substituto de Stohr também não se classificou.

5764625778_760f2da6b8_zCom o 8º lugar no Mundial de Construtores, somando 10 pontos e empatada com Alfa Romeo e Tyrrell, a Arrows precisou trocar seus pilotos para o Mundial de 1982. Riccardo Patrese foi embora para a Brabham e em seu lugar, como primeiro piloto, entrou o suíço Marc Surer. No segundo carro, veio o italiano Mauro Baldi, campeão europeu de Fórmula 3 em 1981. O carro, de novo explorando o efeito-solo, era o A4, mais uma vez concebido por Dave Wass.

A temporada começou com percalços: Marc Surer – de novo! – sofreu um sério acidente em Kyalami e foi substituído de última hora por Brian Henton nas corridas iniciais do campeonato. Mauro Baldi alternou ausências na África do Sul e Long Beach com o 10º lugar no GP do Brasil. A volta de Surer no GP da Bélgica, em Zolder, injetou um pouco de ânimo na equipe e os resultados começaram a aparecer.

No Canadá, na tumultuada corrida marcada pela morte de Riccardo Paletti, Surer chegou em quinto. Baldi fez uma ótima corrida na Holanda, no circuito de Zandvoort e somou seu primeiro pontinho na Fórmula 1. Em Hockenheim, Surer largou de último para chegar em 6º e Mauro Baldi repetiu o resultado em Zeltweg, na Áustria.

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Nas três últimas etapas de 1982, a Arrows lançou mão tardiamente do modelo A5, uma evolução do carro usado ao longo de todo aquele ano. Os dois pilotos se revezaram na condução do bólido – Surer andou com ele na Suíça e Las Vegas e Baldi, por uma questão óbvia, guiou o carro na Itália. Um 7º lugar de Surer em Vegas foi o melhor resultado do A5, que chegou a ser testado com vistas à temporada de 1983 (inclusive já com os pneus Goodyear) com um aerofólio traseiro montado na dianteira, para acabar com os insolúveis problemas de aderência que o carro apresentou em sua curta presença na categoria.

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Na próxima postagem, vamos conhecer a trajetória da equipe nos campeonatos de 1983 e 1984.

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