Saudosas pequenas – Arrows, parte IX

Footwork_FA13BRIO DE JANEIRO – Em 1993, a Footwork se apresentou para mais uma temporada do Mundial de Fórmula 1 com mudanças na formação dos pilotos. Saiu um veterano e entrou outro: Michele Alboreto deixou o time e foi se aventurar na Scuderia Italia. No seu lugar, entrou Derek Warwick, que não corria na categoria desde 1990 e faria 39 anos de idade no decorrer da temporada. Aguri Suzuki permaneceu no segundo bólido.

Nas primeiras corridas, a equipe compareceu com o FA13B, uma versão “evoluída” do carro de 1992, mas nitidamente sem nenhuma chance de superar as rivais, que vinham com os píncaros da eletrônica em seus bólidos. Com algum esforço, Warwick quase marcou pontos na reestreia em Kyalami, mas rodou no fim, quando chovia, e chegou em sétimo. Acabaria também em nono em Interlagos. Suzuki se envolveu em dois acidentes e não terminou.

2315177332_732afda83cO novo FA14, o prometido carro de Alan Jenkins para aquela temporada, só estrearia no GP da Europa em Donington Park. Havia a promessa de um acordo com a TAG e a McLaren para o uso das suspensões ativas, mas somente a partir da segunda metade do campeonato. Até lá, os dois pilotos levariam do jeito que desse – e com o motor Mugen sofrendo de sobrepeso em relação à concorrência, não havia muito o que Warwick e Suzuki pudessem fazer.

1993 Arrows FA14_2A chegada das suspensões TAG-McLaren a partir do GP da Inglaterra melhorou o comportamento do FA14 e a equipe cresceu a olhos vistos, especialmente em qualificação, na segunda parte do campeonato. Warwick fez uma excelente corrida em Silverstone, marcando enfim o primeiro ponto do time na temporada. Mas em Hockenheim, na Alemanha, acabou protagonista de um tremendo acidente – mais um, aliás – em sua longa carreira. Por sorte, ele não se feriu e pôde disputar a prova com o carro-reserva, acabando em 17º lugar.

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O ponto alto do veterano piloto britânico em corridas foi o GP da Hungria, quando ofereceu resistência férrea a Gerhard Berger e vendeu caríssimo o 3º lugar, que acabou nas mãos do austríaco. Depois disto, a Footwork mostraria mais potencial em qualificação que nas provas, onde ambos os pilotos se envolveram numa série de incidentes que destruiu o moral da equipe. Aguri Suzuki quase fez um ponto na última corrida do ano e ficou claro que em 1994 não haveria lugar para nenhum deles na Fórmula 1.

Wataru Ohashi sentiu que seu momento como dono de equipe havia terminado e os motores Mugen-Honda foram parar na Lotus. Como previsto, Warwick e Suzuki não continuaram e a equipe, mesmo com o nome Footwork, voltou às mãos de Jackie Oliver como diretor geral. E o experiente britânico tratou de garantir a contratação de Christian Fittipaldi, que fizera milagres pela Minardi em 1993 e do veloz, mas inconsistente, Gianni Morbidelli. Ambos formariam a dupla para 94, no Footwork FA15, mais um projeto de Alan Jenkins, agora com motor Ford Cosworth HB.

Gianni Morbidelli Footwork FA15 02_04De saída, o FA15 se mostrou promissor. Os dois pilotos andaram bem no Brasil, mas abandonaram por quebra de câmbio. Ambos pontuariam na corrida seguinte, em Aida, no Japão, mas Morbidelli desistiu por problemas mecânicos. Christian Fittipaldi conseguiu um excelente 4º lugar.

Em Mônaco, após a fatídica corrida de Imola em que Ayrton Senna perdeu a vida, a equipe teve seu ponto alto no ano. Christian largou em 6º e Morbidelli em sétimo. O italiano bateu e o brasileiro, em ótima performance, quase beliscou um pódio. Abandonou por quebra de câmbio.

4990866738_97c648edb4A partir do Canadá, por força de uma brusca mudança imposta pela FIA, onde o periscópio do motor sofreu mudanças, o FA15 perdeu todo o seu potencial. Christian foi, inclusive, desclassificado em Montreal quando tinha sido 6º, por falta de peso no carro. O brasileiro voltaria a marcar pontos novamente no caótico GP da Alemanha, onde foi de novo quarto e Morbidelli saiu do zero, com um 5º lugar. O italiano ainda marcaria a 6ª posição na Bélgica após uma controvertida desclassificação de Michael Schumacher.

8100571610_b30e8a34d6_zSem muito dinheiro, a Footwork sobreviveu até o fim do ano com alguma dignidade. Christian fez boas corridas, mas faltava fôlego ao motor Cosworth para levá-lo mais além. O filho de Wilsinho e sobrinho do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi se cansou daquele mundo e foi respirar novos ares, na Fórmula Indy. A Footwork, com grandes dificuldades, sobreviveria sem ele pelos anos seguintes. Assunto que veremos no próximo capítulo.

Comentários

  • Legal o texto Rodrigo, assim como essa série sobre as equipes pequenas. Foi uma excelente ideia criá-la. Só me permita uma correção: No GP de Aida, Fittipaldi e Morbidelli vinham em 4º e 5º, mas o italiano abandonou a prova com uma quebra. Quem bateu com Alboreto foi o Karl Wendlinger, da Sauber.

  • Só uma coisa: Alboreto e Warwick inverteram os movimentos que fizeram no fim de 89,quando Warwick foi pra Lotus e Alboreto o substituiu na Arrows pra 90.