Saudosas pequenas – Arrows, parte V

gerhard-berger_arrows-bmw_osterreichring_1985RIO DE JANEIRO – O primeiro ano como equipe cliente da BMW foi um tanto quanto complicado para a Arrows, mas o time foi à luta para a temporada de 1985. O jovem Gerhard Berger, então com 25 anos, foi confirmado como piloto titular para aquela temporada, no lugar de Marc Surer, que preferiu voltar para os Ralis. Thierry Boutsen foi mantido a bordo do segundo carro. Dave Wass fez o novo bólido, o A8, construído em monocoque misto de alumínio e fibra de carbono.

Nas duas primeiras corridas do ano, os resultados não foram entusiasmantes, mas bastou o caótico GP de San Marino, onde quase todo mundo ficou sem gasolina e a Arrows, com Boutsen, se viu num inesperado pódio. Um terceiro lugar que virou segundo quando anunciada a desclassificação do vencedor Alain Prost, por falta de peso mínimo em sua McLaren.

Os seis pontos foram tudo o que piloto e equipe conseguiram na primeira metade do campeonato. E de fato esperava-se bem mais da Arrows por ter em seu chassi um motor teoricamente possante, como mostrado no titulo de Nelson Piquet em 1983 e com as nove pole positions do piloto brasileiro no ano seguinte.

5208248767_531cb71784Apesar das performances medianas de Berger e Boutsen em qualificação, o A8 começou a mostrar confiabilidade, tirando uma quebra ali e acolá. O belga foi 4º colocado no GP da Alemanha e sexto em Brands Hatch, na corrida em que Alain Prost foi, enfim, campeão do mundo. Os dois pilotos marcaram pontos juntos na África do Sul e Berger cravou mais um na Austrália. Saldo do ano: 8º lugar no Mundial de Construtores com 14 pontos, a maior pontuação da história do time até então, com onze pontos de Boutsen e três de Berger.

Apesar das performances razoáveis, a dupla não pôde ser mantida para 1986. Berger aceitou uma oferta tentadora da Benetton e se mandou para o novo time das cores unidas – que também correria naquele ano com motores BMW. Marc Surer, que terminara o campeonato anterior na Brabham, voltou ao time de Milton Keynes.

boutsen-1986Enquanto o modelo A9 não ficasse pronto, o jeito foi iniciar o campeonato com o A8, que já não dava mais “no couro”. Até o GP da Bélgica, o melhor resultado tinha sido um 7º lugar – duas vezes com Boutsen – nos GPs da Espanha e de San Marino. Aí, Marc Surer foi brincar de novo de andar de Rali e numa prova de menor importância, estatelou seu Ford RS200 Grupo B num poste. Seu navegador morreu e Surer, que tinha 34 anos na época, sofreu talvez o pior acidente de sua vida, afastando-o definitvamente das pistas.

6393775527_e088db7dcc_oSem muitas opções no mercado, a Arrows aceitou a indicação da BMW, que cacifou a contratação do alemão Christian Danner. Do GP de Detroit até a tumultuada corrida da Inglaterra em Brands Hatch, onde os dois pilotos se envolveram no acidente que tirou Jacques Laffite da Fórmula 1 – sem carro-reserva, Danner ficou fora da segunda largada – a situação continuava a mesma das demais corridas: ruim.

arrows-a9Até que apareceu o modelo A9, mais um desenhado por Dave Wass. E o que aparentemente salvaria a equipe de um ano desastroso se revelou um malogro ainda maior que o velho A8. O novo carro só apareceu em três GPs – duas vezes com Boutsen e uma com Danner, tendo como melhor grid um 18º lugar na Áustria. Em todas as oportunidades, o A9 ficou pelo caminho e a equipe, em comum acordo, abandonou o projeto.

O jeito era mesmo terminar o ano com o A8 e planejar melhor a temporada de 1987, já que a de 1986 estava irremediavelmente perdida. Christian Danner salvou um ponto no GP da Áustria e foi só. Boutsen bateu na trave na Itália e no México e ficou nisso. A Arrows teve a sua pior temporada em toda sua história na Fórmula 1.

No próximo post, veremos a trajetória da equipe nas temporadas de 1987 e 1988.

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