Saudosas pequenas – Zakspeed, parte II

RIO DE JANEIRO – A Zakspeed sobreviveu a um primeiro ano “de estudos” e intensificou os trabalhos para fazer uma temporada melhor em 1986. O motor ganhou um acréscimo de potência, apesar de ter de trabalhar a partir daquele ano para consumir 195 litros de combustível – obrigatoriedade do regulamento na época. E o carro era totalmente novo: o chassis 861, mais uma vez projetado por Paul Brown e Chris Murphy.

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Jonathan Palmer continuou com a equipe alemã para o campeonato de 1986

Erich Zakowski renovou o contrato com Jonathan Palmer, que começou a temporada correndo sozinho nos GPs do Brasil e da Espanha. Mas a partir de San Marino, o time alemão ganhou o reforço de um novo piloto: o holandês Huub Rothengatter, com passagens pouco brilhantes por Spirit e Osella, assumiu o volante do carro #29 até o fim do ano.

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Quando dava, Palmer andava bem

A novidade só serviu para provar quem era o primeiro piloto do time. Palmer continuou sendo o mais rápido em qualificações e, quando podia, fazia bons resultados em treinos. Na Alemanha, no GP caseiro da Zakspeed, conseguiu um belo 16º lugar no grid, o que para os padrões de um time com menos de 20 corridas na Fórmula 1 era excelente.

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O holandês Huub Rothengatter conseguiu um 8º posto como melhor resultado

Enquanto Rothengatter só figurou uma única vez entre os classificados – e mesmo assim com problemas mecânicos, com um 8º lugar em Zeltweg, Jonathan Palmer conseguiu terminar cinco corridas – também com um oitavo posto como melhor resultado, nas ruas de Detroit – e ainda foi 10º colocado no México, quando ficou pelo caminho por falta de gasolina.

Uma observação merece ser feita: no GP da Alemanha, homenageando a estreia da Hungria no calendário da Fórmula 1, a Zakspeed recebeu o ok da Reemstma, dona da marca West e inscreveu em seus 861 o “East” da foto acima do carro de Huub Rothengatter em alusão à corrida sediada pela primeira vez na história no Leste Europeu.

Apesar da temporada de 1986 ter passado em brancas nuvens, Erich Zakowski enxergava alguma evolução na sua equipe. E para isso, resolveu trazer novos pilotos para Niederzissen: contratou o britânico Martin Brundle, no que pareceu uma troca direta com a Tyrrell, pois foi justamente Jonathan Palmer que foi para o seu lugar, e o alemão Christian Danner veio para o lugar de Huub Rothengatter.

Num ano onde a FIA limitou a pressão do turbo dos motores a 4 atmosferas, a Zakspeed enxergou aí uma oportunidade mais do que razoável para enfim chegar aos seus primeiros pontos na Fórmula 1. Ainda mais que em 1987 quatro equipes vinham com motores aspirados: Tyrrell, Larrousse, March e AGS. Sem muita concorrência, pressupós Erich Zakowski, as chances melhorariam.

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Christian Danner foi contratado para o Mundial de 1987; no início do ano, ele correu com o modelo 861B

Enquanto o novo 871 não ficava pronto, o velho 861 deu conta do recado no GP do Brasil. Danner chegou em 9º lugar e Brundle abandonou com problema no turbo. O britânico recebeu o primeiro chassi projetado por Chris Murphy e Heinz Zöllner no GP de San Marino e, naquela corrida, conseguiu a 5ª posição, somando os dois primeiros e muito comemorados pontinhos da história do time de Erich Zakowski. E quase que Christian Danner fez o seu com o 861: chegou em sétimo.

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Martin Brundle a bordo do Zakspeed 871

Mas daí para diante, a coisa desandou. Houve absolutamente de tudo nas corridas restantes. Danner chegou a ser excluído do GP de Mônaco por ter provocado um acidente considerado desnecessário com Michele Alboreto nos treinos. Some-se a isso uma sequência terrível de problemas de câmbio e transmissão enfrentados pelos pilotos, afora outras falhas mecânicas que tornaram o ano um pesadelo para Brundle e Danner.

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O britânico só pontuou no GP de San Marino: 5º colocado

Após San Marino, Brundle só conseguiria um 8º lugar em Mônaco e um 11º na Espanha. Danner ainda terminou três provas: foi nono na Áustria e Itália e sétimo na última corrida do ano, na Austrália.

Apesar do ano ter sido muito aquém do esperado em razão das quebras, a Zakspeed não teve do que se queixar. Em 1988, na temporada seguinte, não precisaria gastar um tostão com o transporte de equipamentos oferecido pela Associação dos Construtores de Fórmula 1, para as provas realizadas fora do continente europeu.

No próximo – e último – post, veremos como foi a situação da Zakspeed nos campeonatos de 1988 e 1989. E o que aconteceu com o time alemão depois da categoria máxima.

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