Saudosas pequenas – Theodore, parte II

RIO DE JANEIRO – A Theodore Racing aprendeu a conviver com os fracassos de todas as experiências anteriores na construção e desenvolvimento de carros de Fórmula 1. E por isso, Teddy Yip não quis brincar em serviço quando voltou com sua escuderia no Mundial de 1981. Contratou Tony Southgate, ex-BRM, Shadow e Arrows, para projetar o modelo TY01, visto pela primeira vez no GP da África do Sul, extracampeonato, com o piloto britânico Geoff Lees. Naquela corrida, ele acidentou-se e perdeu a chance de ser titular da equipe.

Yip chamou Patrick Tambay para o cockpit, contratou Jo Ramirez para ser o chefe de equipe e o lançamento do carro teve direito a coristas do famoso Moulin Rouge, que era um dos patrocínios pessoais de Tambay e teria seu logotipo estampado nas laterais do Theodore. Aliás, e a propósito, o TY01 apareceria com patrocínios assim o ano inteiro, como mostra a foto abaixo em Jacarepaguá, onde a equipe teve os logotipos do Condomínio Santa Mônica e da empresa de processamento de dados Racimec.

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Logo na primeira corrida, Tambay fez uma boa apresentação: largou em 17º e chegou em sexto, somando o primeiro pontinho da história da Theodore Racing. O francês chegou em 10º no Brasil e 11º em San Marino, abandonando com o motor quebrado na Argentina.

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Em Zolder, não se qualificou para a largada e no GP de Mônaco, Tambay acabou sendo o protagonista involuntário do acidente sofrido por Nelson Piquet na Curva da Tabacaria enquanto o brasileiro da Brabham liderava a caminho de uma vitória – que nunca aconteceu. O francês chegou em sétimo e depois faria sua última corrida pela equipe na Espanha, onde chegou em 13º. Com a aposentadoria definitiva de Jean-Pierre Jabouille, acabou convocado para correr na Talbot-Ligier até o fim do ano. Em seu lugar, entrou Marc Surer, que perdera a vaga na Ensign para Eliseo Salazar.

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A partir do GP da França, a Theodore trocou os pneus Michelin pelos Avon e o rendimento do carro nunca mais foi o mesmo. Mas mesmo saindo entre os últimos no grid, Surer conseguia chegar ao fim das corridas: foi 12º em Dijon-Prenois, 11º em Silverstone (era o sétimo quando acabou o combustível) e 12º em Hockenheim. O melhor resultado do helvético acabou sendo o oitavo posto no GP da Holanda, em Zandvoort.

Derek Daly Qualifying the Theodore in the Long Beach GP 1982

Para o Mundial de 1982, a Theodore preparou um novo carro, o TY02, mas foi o TY01 modificado que fez a primeira corrida do ano com Derek Daly, que completou o GP da África do Sul em décimo-quarto. Já a bordo do novo modelo da equipe de Teddy Yip, o irlandês teve um pneu furado em Jacarepaguá e bateu em Long Beach.

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Com a aposentadoria de Carlos Reutemann, a Williams convocou Daly para ocupar o cockpit do carro #5 a partir do GP da Bélgica e quem chegou para substituir o antigo titular foi o holandês Jan Lammers, que passou em branco nas três primeiras corridas em que dirigiu o TY02, com direito a uma bela porrada em Detroit, que o impediu de disputar o GP do Canadá.

Geoff Lees foi o seu substituto, largou em 25º mas envolveu-se na carambola onde Riccardo Paletti morreu a bordo de sua Osella. Sem carro-reserva, Lees não voltou para a segunda largada. Lammers voltou e classificou-se no GP da Holanda, em último. Fez uma corrida honesta, chegando a andar em 15º até o motor quebrar na 42ª volta.

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Lammers não se qualificaria nas corridas da Grã-Bretanha e da França, dando lugar a Tommy Byrne, que venceria o Campeonato Inglês de Fórmula 3. Sem muita experiência, o piloto britânico, então com 24 anos na época, só conseguiu largar nas corridas da Áustria e de Las Vegas, ambas em último. Rodou e abandonou em ambas, também.

Amanhã, no blog, o último post da história da Theodore Racing na série Saudosas Pequenas.

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