Saudosas pequenas – RAM, parte II
RIO DE JANEIRO – Como eu havia dito no primeiro post sobre a história da RAM, passaram-se três anos desde que John MacDonald inscrevera sua equipe em algumas corridas de Fórmula 1, com modelos Brabham BT44B e depois com os March 761, até que o britânico voltasse a participar da categoria máxima.
Quem entrou com ele na jogada foi o piloto Rupert Keegan, então com 25 anos, e que tivera poucas oportunidades com carros medianos, como o Hesketh de Bubbles Horsley em 1977 e os Surtees no ano seguinte. Tido como irregular, Keegan às vezes vinha bem e noutras não. Além disso, era propenso a acidentes. Tinha batido seis vezes em seu ano de estreia e outras três em 1978. Desabonador para quem tinha 26 inscrições em Grandes Prêmios no currículo.
Ainda assim, MacDonald apostou nele para a segunda metade do campeonato de 1980, após ter fracassado na inscrição do novato chileno Eliseo Salazar, que vinha da Fórmula AFX Aurora, para a disputa do GP da Espanha, que depois de uma briga entre FOCA e FISA, cujas equipes aliadas não correram, acabou anulado.
A estreia de Keegan aconteceu no GP da Inglaterra e a RAM tinha nada menos que uma Williams FW07, tido e havido como o melhor carro da época, para proporcionar ao piloto um bom desempenho. Keegan teve uma performance bastante razoável na qualificação. Largou em décimo-oitavo com um carro do ano anterior e chegou em décimo-primeiro, três voltas atrás do vencedor Alan Jones.
Interessante notar que, a partir da corrida seguinte, em Hockenheim, o carro #50 passou a ter nova pintura e os antigos – e pouco politicamente corretos – patrocinadores de Rupert Keegan: a revista erótica Penthouse, de grande sucesso na época e a Rizla, conhecida fabricante de papel para enrolar fumo – famosa na turma da maresia. Também o chassi era novo: John MacDonald recebeu, com a anuência de Frank Williams, um FW07B já usado por sua escuderia.
Apesar do bom carro, Keegan não correspondeu em Hockenheim. Ficou a quatro décimos da marca do 24º colocado, o holandês Jan Lammers, da Ensign, e não se qualificou para aquela corrida. No GP seguinte, em Zeltweg, na Áustria, ele deu o troco em Lammers, que ficou de fora: largou em 20º, à frente de John Watson, Jody Scheckter, Emerson Fittipaldi e do novato Nigel Mansell, chegando em décimo-quinto, a duas voltas da Renault de Jean-Pierre Jabouille.
Na Holanda, foi outro piloto da Ensign que botou Keegan para escanteio: por 0″24, o piloto da RAM foi superado pelo compatriota Geoff Lees e pela segunda vez em quatro corridas, ficava de fora. Lutando contra quem dava, que era o pessoal do fundão, o piloto britânico classificou-se em 21º no grid do GP da Itália, disputado pela primeira – e única vez – em Imola. E repetiu o resultado de Brands Hatch, recebendo a bandeirada na 11ª colocação.
Nas corridas finais do campeonato, John MacDonald recebeu outro Williams FW07B e o carro foi pintado nas cores do arco-íris do patrocinador, os jeans Rainbow e com direito ao nome da equipe de Teddy Yip, a Theodore Racing, no aerofólio traseiro e carenagem. Quem se juntou a Rupert Keegan foi Kevin Cogan, californiano de 24 anos que tentava fazer sua estreia na Fórmula 1.
Os treinos em Montreal foram um desastre para a dupla da RAM. Os dois Williams do time particular eram os carros mais lentos do circuito e nem Keegan e muito menos o estreante Cogan conseguiram se qualificar. Menos mal que eles tinham companhia ilustre entre os que ficaram de fora. Além do suíço Marc Surer, que não pôs sua ATS entre os 24 pilotos, o sul-africano Jody Scheckter (ora vejam…), o campeão mundial de 1979, que tinha o número #1 em sua Ferrari, também fracassou naquele fim de semana.
Diante do malogro da estreia de Cogan, a RAM chamou Geoff Lees para andar no #51 na última corrida do ano, o GP dos EUA-Leste, em Watkins Glen. Lees sequer marcou tempo de qualificação: bateu no primeiro treino livre, depois de registrada a imagem da foto acima, e sem carro reserva, nem treinou. Keegan foi bem: conseguiu o 15º tempo na qualificação, convertido em décimo-quarto após o acidente que demoliu a McLaren M30 do francês Alain Prost – que não largou – e completou a prova em nono lugar, duas voltas atrás do vencedor Alan Jones.
E foi tudo. John MacDonald faria outra pausa e sua equipe só voltaria à Fórmula 1 em 1983. Isso só veremos no próximo post.
Comentários