Saudosas pequenas – Surtees, parte II
RIO DE JANEIRO – A temporada de 1971 foi a primeira completa do time de John Surtees com seus próprios carros. No início daquele campeonato, que seria o último que o veterano britânico disputaria por inteiro, ele trouxe como colega de equipe o alemão Rolf Stommelen, que estreara na Fórmula 1 no ano anterior pela Brabham, com a cortesia do patrocínio dos fabricantes de trailers Eiffelland.
Na abertura do campeonato em Kyalami, a equipe levou três carros: o novo TS9 para John Surtees e os antigos TS7 para Stommelen e outro britânico, Brian Redman, que chegou em sétimo – logo à frente do alemão. Sexto no grid, Surtees abandonou com um vazamento de óleo em seu carro.
No GP da Espanha, no circuito Parc Montjuich, em Barcelona, Stommelen recebeu o segundo chassi TS9 e, mesmo se classificando à frente do patrão e companheiro de time, não terminou a corrida. Surtees chegou em décimo-primeiro. Mas em Mônaco, em sua segunda corrida a bordo do novo carro, o alemão chegou em sexto, marcando o primeiro ponto do time em 1971. John foi sétimo.
Em Zandvoort, na Holanda, um terceiro Surtees apareceu, pintado de laranja, para a estreia de Gijs Van Lennep, piloto local que conquistou um espantoso 8º lugar para quem nunca tinha andado de Fórmula 1. Stommelen foi desclassificado por ter sido empurrado na largada e Surtees somou mais dois pontinhos, chegando em 5º debaixo de chuva.
Gérard Larrousse chegou a ser inscrito para o GP da França em Paul Ricard, mas não disputou nenhum dos treinos. A equipe fez a corrida inaugural do circuito com dois carros e Surtees foi o oitavo, com Stommelen em 11º. No GP da Inglaterra, o time fez bonito: o alemão chegou em quinto e “Big” John foi o sexto. Derek Bell andou com um terceiro TS9, mas abandonou com quebra de suspensão.
Em Nürburgring, na terra de Stommelen, o piloto da casa chegou em décimo, enquanto o veterano dono do time foi sétimo. Na Áustria, o alemão quase figurou na zona de pontos e Surtees abandonou com quebra de motor – mesmo motivo que o tirou da corrida da Itália. Nessa ocasião, o Team Surtees voltou a ter um terceiro carro, guiado por Mike “The Bike” Hailwood, que não disputava uma corrida de Fórmula 1 havia sete anos.
Ele foi um dos protagonistas do histórico final onde Peter Gethin venceu por 0″01 ao sueco Ronnie Peterson, chegando em quarto – resultado notável para quem saiu da décima-sétima colocação no grid, e o melhor do time até aquela data.
No Canadá, Surtees chegou em 11º e Stommelen, de volta após não ter corrido na Itália em virtude de uma batida, abandonou com superaquecimento em seu TS9. Nos EUA, na etapa final da temporada de 1971, Sam Posey andou num terceiro carro, mas não chegou ao fim. Stommelen foi o 15º colocado e Surtees, o décimo-séitmo.
Para a temporada de 1972, John Surtees e Peter Connew redesenharam o perfil dianteiro do TS9, rebatizando-o de TS9B. Com um spoiler envolvente, na linha limpa-trilhos, o carro seria guiado por dois pilotos novos, já que John Surtees decidira se envolver somente com a direção do time na Fórmula 1 e também na Fórmula 2. Ele contratou o italiano Andrea De Adamich, ex-McLaren e March e o australiano Tim Schenken, ex-Brabham.
MIke Hailwood foi efetivado a bordo do terceiro TS9B, mas não correu na abertura do campeonato em Buenos Aires, na Argentina, onde Schenken de cara marcou os dois primeiros pontos dele e da escuderia. Em Kyalami, além dos três carros do time, havia um TS9 antigo para o rodesiano John Love, considerado um dos melhores pilotos da África subsaariana. Ele foi o único a terminar aquela corrida, na 16ª posição, mesmo após um acidente no fim da disputa.
Na Espanha, De Adamich igualou o melhor resultado do time na Fórmula 1, chegando em 4º lugar no circuito de Jarama, que Hailwood repetiria em Nivelles, na Bélgica. O antigo campeão de motociclismo começou a se destacar mais do que os companheiros de time e chegou em 6º na França e quarto de novo em Zeltweg, na Áustria.
Em Monza, na Itália, John Surtees fez sua última corrida na Fórmula 1, promovendo a estreia do novo modelo TS14 que correria o campeonato todo de 1973. Mike “The Bike”, ainda com o TS9B, conseguiu o segundo lugar na corrida onde Emerson Fittipaldi sagrou-se campeão mundial em 1972. Nas corridas finais, os melhores resultados seriam um 7º lugar de Schenken no Canadá e a 12ª colocação de Sam Posey no GP dos EUA, em Watkins Glen.
No próximo post, as temporadas de 1973 e 1974, com direito a presença brasileira no Team Surtees.
Curioso é que na foto do John Love, o desenho do santo-antonio tá mais para TS9 do que para TS7, é só comparar. . .
Zé Maria
PS : você cita que na Áustria/71 Mike “The Bike” Hailwood havia retornado após um hiato de 7 anos. . .isso quer dizer 64. . .pode dizer do que ele havia andado (F1) anteriormente? Tks
Hailwood era piloto de Motociclismo, várias vezes campeão mundial em duas rodas. Tinha corrido de F-1 em 1964, mas não se sentiu à vontade. Pelo passado dele em duas rodas, ganhou a alcunha de Mike “The Bike”.
E quanto ao Love, equivoquei-me. O carro dele era de fato o TS9. Já corrigi. Desculpe-me.
Rodrigo, nunca peça desculpas, ok!
Vc não precisa. . .seu trabalho é magnifico. . .quando por vezes questiono é sempre no intuito de somar. . .estamos combinados?
Abs do Zé Maria
Lógico que vou pedir desculpas. Se a informação estava incorreta, é o meu dever me desculpar com quem acessa o blog. Simples.