Saudosas pequenas – Minardi, parte XII (final)

RIO DE JANEIRO – A temporada de 2005 da Minardi seria, como todas as anteriores, mais uma em que o time dirigido por Paul Stoddart ficaria no fundo do pelotão. Pelo quarto ano consecutivo, a equipe começava com uma nova dupla de pilotos, composta pelo holandês Christijan Albers e pelo austríaco Patrick Friesacher.

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O austríaco Patrick Friesacher foi um dos últimos pilotos da Minardi

A equipe começou o campeonato com o modelo PS04 de 2004, revisado na versão B. E mesmo com um carro velho, os dois pilotos conseguiram resultados honestos. Friesacher foi 12º colocado no Bahrein e Albers chegou em 13º duas vezes, na Malásia e também no Bahrein.

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Christijan Albers a bordo do último legítimo Minardi de Fórmula 1, o PS05

Em San Marino, na quarta etapa, estreou o PS05, desenhado por Gabriele Tredozi e Andrea Rochetto, uma vez que Loic Bigois tinha ido para a British American Racing (BAR). E os resultados continuaram os mesmos: magérrimos. Albers foi 11º no Canadá e veio Indianápolis, o famoso ‘GP de Seis’, onde só correram os carros dos times com pneus Bridgestone: Ferrari, Minardi e Jordan. Albers e Friesacher chegaram ao fim daquela vergonhosa patacoada em quinto e sexto, marcando pontos numa corrida para esquecer.

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O holandês Robert Doornbos também andou com o PS05 no fim do campeonato; ele substituiu Friesacher

Friesacher foi dispensado da equipe após o GP da Inglaterra e em seu lugar veio o holandês Robert Doornbos, que pouco acrescentou, conseguindo chegar em 13º duas vezes, na Turquia e na Bélgica. Naquela altura dos acontecimentos da Fórmula 1, onde os carros quebravam muito pouco e só uma corrida como a de Indianápolis foi capaz de levar os dois carros aos pontos, Paul Stoddart sabia que não teria muito mais a fazer na categoria máxima.

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A foto de despedida, em Xangai, no GP da China

O GP da China foi o ponto final numa trajetória longa, repleta de dificuldades, alguns momentos felizes e outros de profundo desapontamento. A Minardi foi vendida para Dietrich Mateschitz, da Red Bull, e saiu de cena após 25 temporadas, 340 GPs disputados, 38 pontos somados e três quartos lugares como melhor resultado – um deles, de Christian Fittipaldi.

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Em parceria com Tancredi Pagiaro, Giancarlo Minardi montou uma equipe de Fórmula 3000

Contudo, o nome não despareceu totalmente das pistas com a venda da equipe e sua posterior transformação em Toro Rosso na Fórmula 1. É que o velho Giancarlo voltou à ativa no Campeonato Europeu de Fórmula 3000, alinhando dois carros ao lado de Tancredi Pagiaro, da GP Racing.

Não foi só isso: foi com um Lola B02/50 nas tradicionais cores amarela, preta e branca que Christiano “Tuka” Rocha, que correra o certame por outras duas escuderias diferentes além da Minardi, que Giancarlo Minardi viu seu contratado conquistar uma vitória que não acontecia desde a Fórmula 2 em 1981. Vinte e cinco anos de espera!

Para completar, no ano seguinte, havia duas (isso mesmo!) Minardi em atividade: o time de Fórmula 3000, que contou com Diego Nunes e Davide Rigon e a equipe de Paul Stoddart na ChampCar World Series, onde competiram Dan Clarke, Mario Dominguez e Robert Doornbos.

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Com o carro da European Minardi, Doornbos foi competitivo no último ano da ChampCar, que encerraria sua trajetória no início de 2008

No certame estadunidense, que em 2007 disputou o último campeonato de sua história, o Minardi Team USA venceu duas vezes com Doornbos, mais precisamente em Mont-Tremblant, no Canadá e em San Jose, na Califórnia. O holandês terminou a temporada em 3º lugar atrás de Sébastien Bourdais, que no ano seguinte iria para a Fórmula 1 e de Justin Wilson, um ex-Minardi. Em 2008, Stoddart alinhou dois carros em parceria com a HVM Racing na última corrida da ChampCar, que se juntara à Indy Racing League, para Nelson Philippe e Roberto Moreno, além do venezuelano EJ Viso.

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Diego Nunes acelerou pela Minardi na Fórmula 3000

A Minardi venceu a Fórmula 3000 europeia com Davide Rigon, que conquistou cinco triunfos ao longo do ano e somou 108 pontos no campeonato. O brasileiro Diego Nunes (foto acima) foi o vice, com três vitórias e 77 pontos.

E foi assim que a Minardi saiu de cena. O velho Giancarlo, hoje com 65 anos, chegou a concorrer à prefeitura de Faenza, sua terra natal, em 2010. Paul Stoddart, aos 57 anos, continua na área de aviação, mas desde então fora do mundo do automobilismo.

A série das Saudosas Pequenas termina aqui. Foram quase cinco meses, exatamente o período de existência deste blog, contando a história da turma do fundão, da Osella à Minardi. Espero, sinceramente, que vocês tenham gostado. Eu curti muito a oportunidade de poder contar aos leitores do blog histórias que por vezes ninguém lembrava ou conhecia, porque nem sempre vale a pena falar de equipe pequena. Conversa fiada: se não fosse por elas, muitos bons pilotos não teriam surgido e a própria Fórmula 1 não se sustentaria.

Comentários

  • Parabéns! Excelente trabalho. Certamente deu muito trabalho, mas a série ficou muito boa e com textos gostosos de ler. Pensa em continuar a série com as médias?

  • Rodrigo, sei que aqui não é o lugar adequado, mas tenho uma duvida com relação a F1 2014. Os carros do próximo ano ficaram parecidos com os carros de 93, com aquele bico baixo?
    até mais!

  • parabéns Rodrigo… simplesmente sensacional… e ainda teve a sensibilidade de deixar a mais emblemática dessas equipes por último… quem sabe em breve vem por aí outra série… a das saudosas vitoriosas… equipes que venceram ao menos 1 gp na história mas não foram grandes… vai aí a dica.

  • Adorei conhecer as histórias dessas equipes que ganharam minha simpatia além de equipes que eu jamis imaginaria que existiam… Muito obrigado Rodrigo por essas lindas histórias de equipes batalhadoras e que deixaram sua marca nos paddocks da F1 atual!! Parabéns mesmo cara! Seus comentários nas corridas fazem falta… espero que você volte logo pra tv!
    Abraços!!!

    P.S: Você já pensou em estrear aqui uma série de saudosas equipes de ponta? Acho que seria muito bom também!

  • Parabéns Rodrigo! Uma série excelente em que nos possibilitaste nos deliciar com mais informações sobre a categoria máxima do automobilismo mundial! Esperando novas séries! Abs, paz e luz!

  • Parabens. Essa serie foi sensacional e trouce boas lebraças de times que somaram mutio a categoria. Da até para fazer um livro “Saudosas Pequenas”, conserteza fara susseso.

  • E a Toro Rosso,nome que a Red Bull usou para rebatizar a Minardi, está ai até hoje,e com vitoria a de Sebastian Vettel naquele histórico GP da Italia de 2008.

    Imagina se a Red Bull decidisse manter o nome Minardi…

    Essa serie poderia inclusive ter contado a 1a Vitória da Minardi!

    Alias,preferia mil vezes que a Red Bull tivesse mantido o nome Minardi,assim como Ron Dennis manteve o nome McLaren depois de compra-la em 1980,mas pena que a Red Bull não pensou assim.

  • Parabéns por essa série fantástica Rodrigo. Gostei muito de acompanhar as histórias dessas equipes guerreiras, que lutavam pra sobreviver, e suavam sangue por um décimo lugar. Foi muito bom poder acompanhar aqui histórias de equipes que vivem até hoje na minha lembrança, como a Larrousse, a Minardi, a Pacific…. Parabéns pelo trabalho muito bem feito, e se um dia esse trabalho virar um livro, ou até mesmo um documentário (sonhar não custa nada) pode ter certeza que comprarei e guardarei com carinho.

  • Fechamento de ouro Rodrigo. Parabéns pela pesquisa para desenvolver os textos. Como já tinha dito, em outra ocasião, foi o melhor tema em série que eu li sobre automobilismo escrito num blog até agora. Nós, seus leitores de sempre, ficamos agradecidos. Um grande abraço.

  • Foi tudo incrível e deu vontade de chorar algumas vezes.
    Fica o registro de alegria por seu novo espaço na Fox.
    Realmente com esperança, humildade e muito conhecimento, a gente vai mais longe.

    Valeu, Parabéns!

  • A Minardi foi excelente, a pequena que ficou mais tempo, a que marcou mais pontos….. teve um campeão mundial correndo na equipe, teve um quase campeao correndo, varios pilotos bons, largou em primeira fila até liderou corrida …….. mas a historia cometeu um crime com a equipe do velho Giancarlo quando nao premiou e equipe com pelo menos um podiozinho, sendo que equipes como Rial e Onyx conseguiram esse feito.

    • A Rial não foi ao pódio. No máximo foi 4ª colocada duas vezes, Heleno. Em 1988 com Andrea De Cesaris e em 1989, com Christian Danner. E sempre nos EUA (Detroit e Phoenix).