Discos eternos – L. A. Woman (1971)

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RIO DE JANEIRO – Desde o trabalho anterior, o ótimo Morrison Hotel, os quatro rapazes dos Doors – e especialmente Jim Morrison – queriam direcionar seus futuros projetos e discos para o blues, deixando em segundo plano a psicodelia, que no início dos anos 70 dava seus últimos suspiros. E enquanto o grupo iniciava o trabalho de pré-produção do álbum L. A. Woman, o produtor Paul A. Rothchild resolveu tirar o dele da reta: qualificou o que os Doors faziam como “música de coquetel” – em especial ”Riders On The Storm” e foi embora.

Com isso, a produção foi dividida entre o próprio grupo e o engenheiro de som Bruce Botnick, seguindo a proposta de gravar todas as faixas “ao vivo”, sem overdubs de mixagem, num Workshop do grupo em Los Angeles, na Califórnia – daí o título do sexto álbum de estúdio da banda. Apenas na mixagem final é que entraram as participações de Marc Benno (guitarra), Jerry Scheff (baixo) e John Hanus III (guitarra), cada um em quatro faixas.

O disco tem ótimos momentos, como provado em “Love Her Madly”, na força de “Been Down So Long”, a poesia melancólica de “Hyacinth House”, puro blues em “Cars Hiss By My Window” e em “Crawling King Snake”, cover de uma velha música de John Lee Hooker. E uma boa dose de polêmica também: “L’America” foi composta para a trilha sonora do filme Zabriskie Point, de Michelangelo Antonioni, considerada ofensiva e posteriormente censurada. Só foi liberada alguns anos depois para entrar no álbum do grupo.

Jim Morrison, visivelmente decadente, gordo, grosseiro e desleixado, abandonou de vez a imagem de símbolo sexual. A bela voz dos primeiros álbuns foi também para o espaço e o que se ouve é algo muito diferente dos outros cinco discos dos Doors. Mas a poesia e a virulência de suas letras ainda estão lá, como provado em “The WASP (Texas Radio And The Big Beat)”, na faixa-título, onde ele evoca o Mr. Mojo Risin’ e também em “Riders On The Storm”, que ganhou efeitos de chuvas e trovoadas na mixagem final.

Quando o disco foi lançado, em maio de 1971, Jim tinha ido embora dos EUA: foi morar em Paris com a companheira Pamela Courson. Infelizmente, em 3 de julho, o cantor e poeta morreu dentro de uma banheira num quarto de hotel na capital francesa, em circunstâncias desconhecidas para muitos. A banda seguiu como trio, ainda fez mais dois álbuns mas a essência dos Doors foi totalmente perdida com o desaparecimento prematuro do ídolo Jim Morrison.

Ficha Técnica de L. A. Woman
Selo: Elektra Records / Warner Music
Produção: The Doors e Bruce Botnick
Gravado no The Doors Workshop em Los Angeles, entre dezembro de 1970 e janeiro de 1971
Tempo total: 48’24″

Músicas:

1. The Changeling (The Doors)
2. Love Her Madly (The Doors)
3. Been Down So Long (The Doors)
4. Cars Hiss By My Window (The Doors)
5. L. A. Woman (The Doors)
6. L’America (The Doors)
7. Hyacinth House (The Doors)
8. Crawling King Snake (John Lee Hooker/Bernard Besman/Tony Hollins)
9. The WASP [Texas Radio and The Big Beat] (The Doors)
10. Riders On The Storm (The Doors)

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