Empurra-empurra

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RIO DE JANEIRO – Falar de e sobre Fórmula 1 está ficando cada vez mais chato. A categoria, outrora inovadora, não tem mais novidade técnica nenhuma, os carros se parecem uns com os outros, o ronco dos motores é uniforme demais e, para completar, num campeonato onde as atrações deveriam ser os pilotos e as equipes, desfilando tecnologia, o cerne do debate está nos pneus. De novo.

Alvo de severas críticas desde que voltou à categoria como fornecedora única dos compostos que equipam os carros da Fórmula 1, a Pirelli foi metralhada, talvez sem muita culpa, por tudo o que aconteceu no recente GP da Inglaterra. É claro que o histórico do fabricante depõe contra: a pedido de Bernie Ecclestone, os italianos produziram pneus macios que mal duram dez voltas e duros que duram pouco mais do que isso. A justificativa é aumentar o número de paradas de box e provocar alternativas às corridas. Só que o público se cansa de ver carros entrando nos pits como ratos em tocas e a imagem da Pirelli está seriamente manchada pelo conjunto da obra.

Formula One World Championship, Rd8, British Grand Prix, Race Day, Silverstone, England, Sunday 30 June 2013.

Mas é bom prestar atenção ao seguinte: os quatro pilotos que tiveram pneus furados – Lewis Hamilton, Felipe Massa, Jean-Eric Vergne e Sergio Pérez – durante o GP da Inglaterra, podem ter sido vítimas da configuração das zebras do circuito de Silverstone. É sabido que, no automobilismo, as zebras são usadas para o apoio dos carros nas curvas e também para ganhar tempo. Porém, algumas podem ter quinas que danificam os pneus e é bem possível que eles não tenham resistido. É muita coincidência que tenham sido todos na roda traseira esquerda, não é mesmo?

A Pirelli teve sua parcela de culpa no episódio. Num comunicado um tanto quanto malcriado, Paul Hembery, diretor da marca para a Fórmula 1, meteu a boca nas equipes. Além da questão das zebras, incluiu no lote de problemas em Silverstone a baixa pressão dos pneus, a cambagem excessiva e até a montagem errada dos mesmos nas rodas traseiras. O fabricante se defendeu dizendo que os pneus são assimétricos e, portanto, não são intercambiáveis.

Após o mal-entendido, a Pirelli desculpou-se e disse em outro comunicado que tem o “apoio” das equipes da categoria. Já quanto aos pilotos, não se pode dizer o mesmo. Fernando Alonso diz que “apenas podemos confiar” no fabricante quanto a mudanças nos pneus. A falta de garantias quanto a uma melhora na construção e no desempenho dos compostos deixa a turma com uma pulga atrás da orelha.

Com toda razão.

O que não pode acontecer é esse empurra-empurra. A Pirelli errou ao culpar as equipes. E as equipes erraram ao culpar a Pirelli. Talvez todos tenham errado. Ou o problema seja apenas e tão somente com as zebras de Silverstone.

Enfim, vai saber…

Reitero o que disse: está cada vez mais chato falar de e sobre Fórmula 1. Se nada mudar, dificilmente o blogueiro vai dar espaço para a categoria nos próximos posts.

Comentários

  • Rodrigo, você não acha que faz tempo, não só agora, que a F1 tá chata??
    Estou assistido corridas de F1 por dever de vício!!!

    Abraços

  • “O fabricante se defendeu dizendo que os pneus são assimétricos e, portanto, intercambiáveis.”

    Não deveria ser “não são intercambiáveis” ?

  • Penso que quem define caster camber e convergência é o construtor do veiculo e não o fornecedor de pneus que deve definir como tem que ser a geometria de suspensão se ele não consegue construir um pneu que suporte as cargas exigidas pelo fabricante do veiculo ,então quem esta com ato falho é o fornecedor do pneu e não o construtor do carro.
    Creio também que a Sfarelli ou Stourelli(como queiram) deveria ser punida por órgão tipo CTESB por fazer os assistentes de corrida que estão nos autódromos respirarem quilos de material particulado tais como Enxofre(S),silício(SI) e ,mais alguns material toxico da composição do pneu que são lançados no esfarelamento dos pneus.E quanta hipocrisia do Sr. Bernie que muda os motores com a alegação de que motores pequenos (1,6 L) emitem menos gases poluentes e manda fabricar um pneu super ultra poluente,e o pior de tudo é em plena era de preservação do planeta uma empresa se prestar a construir um pneu ultra agressivo ao meio ambiente,ainda bem que outros fabricantes foram mais éticos e não aceitaram fabricar tal porcaria

  • Eu não entendo qual a dificuldade de se permitir que dois fabricantes de pneus disputem entre si, as ultimas experiencias nesse sentido foram muito boas, proporcionando bons campeonatos. Mas , se isso for pedir demais, que se permita que o fabricante exclusivo fabrique pneus que possam completar a corrida toda, bem como um outro mais veloz, de desgaste mais elevado e que necessite ser trocado, de forma que as equipes decidam o que vale mais a pena usar em cada pista. Acho que ficaria mais natural assim, essas trocas atuais estão artificiais demais.

  • É rapaz a F1 de hoje em dia é um monte de dejetos produzidos internamente pelos seres humanos e colocados dentro de um penico de alta tecnologia feito de fibra de carbono e aí cada um pinta da cor que prefere né verdade ? Afinal de contas a cor você pode escolher. Ah mas era pra falar dos pneus… Desculpem-me. Sobre os pneus as equipes foram frouxas porque não reclamaram com o mentor de tudo isso que foi o Ecclestone e não a Pirelli, e a marca italiana de pneus só rebateu as críticas das equipes afinal de contas você vai levar a porrada e não vai dar nem nada ? Mas também foi frouxa em não dizer que é assim porque pediram pra gente fazer assim. Ou seja, o caso é simples até demais: a culpa é do Ecclestone que quer mais audiência custe o que custar, nem que pra isso tenha que botar borracha voando ou culpa em circuitos que mesmo com reformas ele quer que saia da F1 e por aí vai. Pode mudar ? Pode se mudar quem está no poder. Ou se quem estiver no poder tiver uma visão melhor das coisas, o que não vai acontecer, não sejamos idiotas.

  • Não tenho embasamento pra falar do campeonato desse ano, mas como disse o Rodrigo a F1 não é mais tecnologia de ponta nem competição de pilotos faz tempo.A industria automobilistica, não precisa da F1 ha uns 15 anos.Os carros estão trazendo tecnologia da rua para a competição, não ao contrário.É preciso que se repense a questão dos custos na fabricação dos carros.No momento que descobrirem um material mais barato e seguro que a fibra de carbono, cada dia mais cara, e usar na f1 vou dizer que há tecnologia de ponta, como ja foi no passado quando introduziram esses materiais.A industria aeroespacial que foi o fornecedor de idéias para o automobilismo , não trás mais novidade pro esporte e sim a eletrônica,Só que no momento que isso acontece o piloto passa a ser mais um passageiro do que piloto.A habilidade do cara é que deve criar a hora da ultrapassagem , não um botão no volante.A largada e reacelerações devem vir da capacidade de otimizar velocidade,habilidade e perspicácia e não um software. A capacidade de frear mais tarde e acelerar mais cedo vem do feeling no acerto de quem guia e não de engenheiros lendo graficos numa tela.Como pode um atleta ser proibido de treinar.Com isso fica claro que não interessa quem e como esteja pilotando.Depois querem comparar numeros com caras do passado que não foram mimados nos Gadgets.Um carrro de f1 de hoje parece a nave do Falsão e tranbique da Corrida Maluca cheia de apetrechos.Sou a favor de um campeonato aberto,em que cada equipe encontre sua forma de fazer carros, com treinos na segunda depois da corrida em 1/3 dos GPs, vários fabricantes de pneus que dure o quanto acharem melhor.De que adianta economizar com pneus em treinos e consumir o dobro em corridas?Isso é espote!Acabou a criatividade.Por isso os americanos usaram carburador até outro dia. A F1 tá parecendo o rabo balançando o cachorro.Empresas como a Toyota, Honda, Jaguar, Renalt, e se não conseguir um campeonato logo duvido que a Mercedes fique muito tempo.Por isso o WEC, está sendo o lugar onde ainda se cria algo novo no quesito propulssão e combustíveis.

  • E a cada dia a F1 tem se tormado mais ridícula, parei de assistir na época que começaram com as frescuras de KERS. E pioraram ainda com a presença da tal asa móvel e GPs em lugares tradicionais como Coréia do Sul, Cingapura, Bahrein e Emirados Árabes (China é até aceitável) e a saída de pistas famosas como Indianápolis, Imola, A1-Ring e Hockeimring.

    Bernie Ecclestone está acabndo com a F1.

  • Eu parei de me interessar por F1 quando essa piada chamada DRS foi trazida, casa ver essas ultrapassagens forçadas, fakes acontecendo e os idiotas ‘comprando’ a ideia. É patético ver os pilotos não tendo a menor chance de se defender de uma ultrapassagem mais.

  • A FIA emitiu comunicado para as equipes, válido desde o primeiro treino deste GP da Alemanha, estabelecendo pressão mínima de pneus, angulos máximos de cambagem e caster e montagem correta dos pneus assimétricos, que tem sim lado correto para serem montados, seguindo a direção da seta impressa na lateral dos pneus, coisa básica até para pneus de rua. Creio que a Pirelli está fazendo o que foi pedido pela FIA e Ecclestone desde que voltou a F1 e os grandes vilões foram as equpes que anteriormente não haviam concordado com as mudanças por ela propostas, pos se sentiam favorecidas com o pneu anterior

  • Vale lembrar que a Pirelli inventou o pneu radial, coisa que a Goodyear levou muito tempo para ter, os pneus Goodyear da F1 sempre foram diagonais, o que permite a dobra da lateral do pneu, diferentemente dos radiais que por terem o angulo do cruzamento a 90 graus dos fios dos tecidos texteis ou metálicos utilizados na construção da carcaça e menos lonas nas laterais, permitem maior flexibilidade. No tempo anterior da Pirelli, na primeira vitória da Benetton-BMW e de Gerard Berger na F1 em 1986, na Austria, A Pirelli publicou anúncio em meia página nos principais jornais tupiniquins, reproduzindo o telex, telegrama que recebeu de Berger : Eu podia acompanhar os líderes sem no entanto jamais tentar ultrapassá-los. Quando vi que não teria de parar para trocar pneus, percebi a chance de vencer. E o slogan do anúncio era: Quem tem Pirelli não para. Quando a Bridgestone
    lançou o pneu Potenza, a Pirelli em outra campanha publicitária disse: Potência não é nada
    sem controle. Creio que tudo isso não afetará a imagem da Companhia que forneceu os primeiros pneus radiais de competição usados aqui no Brasil, nos anos 60 o Cinturato VR garantido até 240 Km/h. Quem conhece um pouco sabe que um pneu de rua dura até 40.000 Km se bem utilizado e um de competição é feito para durar no máximo uma corrida ou até a primeira troca.

  • Corrigindo a 1a vitória de Berger e a Benetton BMW foi no GP do Mexico 1986, na Austria Teo Fabi liderou com a outra Benetton e Berger tb, mas não venceram