30 anos do bi, parte III – GP da França de 1983

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RIO DE JANEIRO – Originalmente disputado no verão, o Grande Prêmio da França foi o terceiro do Mundial de 1983, e o primeiro evento oficial da Fórmula 1 na Europa. No intervalo entre o GP de Long Beach e a corrida programada para Paul Ricard, Keke Rosberg venceu a Corrida dos Campeões, o último evento extracampeonato da história da categoria.

Com a corrida marcada para 17 de abril, o GP da França seria disputado, desse modo, em condições totalmente adversas, com frio e muito vento – o famoso Mistral – soprando forte em toda a extensão da imensa reta de 1,8 km que levava seu nome no circuito com traçado total de 5,810 km.

A lista de inscritos tinha duas novidades: Jean-Louis Schlesser foi inscrito pela RAM de John McDonald, a bordo de um segundo chassi March, fazendo companhia a Eliseo Salazar. E Chico Serra regressava para a Arrows, depois da fracassada tentativa de trazer de volta à Fórmula 1 o campeão mundial de 1980, Alan Jones.

O piloto brasileiro fechou um acordo com Jackie Oliver para mais algumas corridas até que alguém aparecesse com mais dinheiro e garantisse o lugar até o fim do campeonato.

Treinos

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Correndo no quintal de casa, a Renault foi totalmente soberana na classificação em Paul Ricard. Alain Prost caprichou na volta rápida e fez a pole position com 1’36″672, mais de dois segundos mais rápido que o próprio companheiro de equipe, o estadunidense Eddie Cheever, enfim dispondo pela primeira vez do Renault RE40 Turbo.

O predomínio da Renault era latente, tanto que Riccardo Patrese, com a Brabham BMW, foi o 3º colocado, a meio segundo de Cheever. E Nelson Piquet não foi além do 6º melhor tempo. Num grid totalmente dominado pelos carros com motores turbo – ocupando os 11 primeiros lugares – o melhor modelo com motor Cosworth era a McLaren de Niki Lauda, em 12º lugar. E olha que a empresa de preparação dos velhos motores Ford V-8 estava estreando na França a versão DFY, com 15 HP a mais que o tradicional DFV.

Raul Boesel, começando a sentir os efeitos dos privilégios que Jean-Pierre Jarier dispunha na Ligier, teve que se contentar com as sobras do companheiro de equipe e classificou-se em 25º. Chico Serra capotou na sexta-feira e, sem carro, não treinou no sábado. Ficou com o último tempo e a promessa de que o Arrows A6 seria recuperado para a corrida. Três pilotos não se classificaram: Eliseo Salazar, Pier Carlo Ghinzani e Jean-Louis Schlesser.

Corrida

O GP da França foi um dos mais monótonos do ano. Alain Prost largou na frente e manteve a liderança. Quem saiu muito bem foi a dupla da Brabham: Patrese superou Cheever, que largou mal, e foi para segundo. Piquet pulou de sexto para quarto. Atrás deles, Arnoux e Tambay, que saiu de 11º e ganhou cinco posições. Chico Serra passou a primeira volta em 21º e Raul Boesel em 24º.

Cheever aproveitou-se do melhor desempenho do Renault Turbo e em duas voltas retornou à posição de origem no grid ao deixar Patrese para trás. No início da corrida, Keke Rosberg também impressionava: de 16º passou em nono na primeira volta. Na sétima passagem, já era o sexto, superando René Arnoux. Piquet já vinha em terceiro ao inverter posições com Patrese.

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O campeão de 1981 tirou a diferença volta após volta, chegou em Cheever e superou o estadunidense da Renault na 18ª volta. Já que Prost estava inalcançável, valia ser segundo para reassumir a liderança do campeonato. Tambay e Rosberg ascenderam à quarta e quinta posições com mais um abandono de Patrese. Arnoux era o sexto. Chico Serra vinha em 16º e Raul Boesel em vigésimo.

Na 30ª volta, a Renault de Prost parou nos boxes para reabastecimento e troca de pneus. Nelson Piquet aproveitou e assumiu, de forma momentânea, a liderança da corrida. E com uma melhor autonomia (ou menos pressão no turbo, talvez), o brasileiro só pararia na 33ª volta. Seu pit stop foi muito bom e o de Eddie Cheever, um desastre. Isso o fez assumir definitivamente a segunda posição.

Chico Serra já abandonara a corrida na 26ª volta, quando era o 13º colocado. Raul Boesel ainda resistiu um pouco mais: saiu da prova a seis voltas do fim, na mesma posição que o piloto da Arrows ocupava quando desistiu.

FRA-001

Sem nenhuma pressão, Prost venceu com folga – quase 30 segundos de vantagem – e alcançou os primeiros nove pontos da temporada de 1983. Piquet chegou em segundo e reassumiu a liderança do Mundial de Pilotos. Eddie Cheever completou o pódio, Patrick Tambay foi o quarto e só eles completaram as 54 voltas da prova.

A destacar o ótimo 5º lugar de Keke Rosberg e Jacques Laffite mais uma vez na zona de pontuação. Somente 12 dos 26 carros que largaram chegaram ao final.

O resultado final do GP da França:

1. Alain Prost (Renault RE40 Turbo) – 54 voltas em 1h34min13s913, média de 199,767 km/h
2. Nelson Piquet (Brabham BT52 BMW Turbo) – a 29s720
3. Eddie Cheever (Renault RE40 Turbo) – a 40s232
4. Patrick Tambay (Ferrari 126C2B Turbo) – a 1min06s880
5. Keke Rosberg (Williams FW08C Cosworth) – a 1 volta
6. Jacques Laffite (Williams FW08C Cosworth) – a 1 volta
7. René Arnoux (Ferrari 126C2B Turbo) – a 1 volta
8. Michele Alboreto (Tyrrell 011 Cosworth) – a 1 volta
9. Jean-Pierre Jarier (Ligier JS21 Cosworth) – a 1 volta
10. Marc Surer (Arrows A6 Cosworth) – a 1 volta
11. Johnny Cecotto (Theodore N183 Cosworth) – a 2 voltas
12. Andrea de Cesaris (Alfa Romeo 183T Turbo) – a 4 voltas
13. Bruno Giacomelli (Toleman TG183B Hart Turbo) – a 5 voltas (*)
14. Raul Boesel (Ligier JS21 Cosworth) – AB/47 voltas/motor
15. Corrado Fabi (Osella FA1D Cosworth) – AB/36 voltas/motor
16. Manfred Winkelhock (ATS D6 BMW) – AB/36 voltas/motor
17. Niki Lauda (McLaren MP4/1C Cosworth) – AB/29 voltas/rolamento de roda
18. Mauro Baldi (Alfa Romeo 183T Turbo) – AB/28 voltas/acidente
19. Chico Serra (Arrows A6 Cosworth) – AB/26 voltas/caixa de câmbio
20. Roberto Guerrero (Theodore N183 Cosworth) – AB/23 voltas/motor
21. Danny Sullivan (Tyrrell 011 Cosworth) – AB/21 voltas/embreagem
22. Elio de Angelis (Lotus 93T Renault Turbo) – AB/20 voltas/pane elétrica
23. Riccardo Patrese (Brabham BT52 BMW Turbo) – AB/19 voltas/motor
24. Derek Warwick (Toleman TG183B Hart Turbo) – AB/14 voltas/motor
25. Nigel Mansell (Lotus 92 Cosworth) – AB/6 voltas/problemas físicos
26. John Watson (McLaren MP4/1C Cosworth) – AB/3 voltas/quebra do acelerador

Comentários

  • A partir de então, o Anão Narigudo consegue uma sequência de quatro pódios, figurando como o grande candidato a levar o Mundial 1983. Piquet, enquanto isso, entra em uma tremenda má fase, que duraria até a metade do campeonato, só voltando a vencer somente em setembro.