Audi vence tranquilamente em Interlagos

6 Hours of Sau Paulo

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – Com uma facilidade muito acima do esperado, a Audi venceu em dobradinha a segunda edição das 6h de São Paulo, quarta etapa do World Endurance Championship. Os campeões mundiais Marcel Fässler, Andre Lotterer e Bénoit Tréluyer coroaram um fim de semana perfeito para o Audi R18 e-tron quattro #1 e chegaram à vitória – segunda do trio no ano – após 235 voltas e pouco mais de 6h01min de disputa.

O triunfo da “Divisão Panzer” foi facilitado tremendamente por um incidente que aconteceu com pouco mais de 35 minutos de disputa. Naquela altura, o Toyota TS030 Hybrid vinha em 3º lugar, guiado por Stéphane Sarrazin, quando o protótipo japonês pretendia superar o Lotus T128 #32 guiado por Dominik Kraihamer. O austríaco alegou ter tentado corrigir uma saída de traseira do seu protótipo LMP2, mas o certo é que a guinada de direção provocou uma colisão com o carro do francês, que no contato com a barreira de pneus ficou completamente destruído, provocando o inesperado e prematuro abandono do #8 e um extenso período de Safety Car.

6 Hours of Sau Paulo

Daí em diante, a luta resumiu-se aos dois e-trons, com o #1 e o #2 se revezando na ponta. Ocorre que um outro evento foi igualmente decisivo para os rumos da corrida. O francês Loïc Duval conduzia o #2 após um pit stop de rotina, quando a roda traseira direita se desprendeu da ponta de eixo. Essa roda – com o pneu, claro – foi bater numa barreira de proteção na saída dos boxes e, incrivelmente, caiu EM CIMA do Audi, sem causar um único dano ao bólido e ao trio – exceto dois stop & go, um por saída insegura dos pits e outro por excesso de velocidade. As penalizações mataram as chances do francês e dos parceiros Tom Kristensen/Allan McNish.

O abandono do Toyota deixou o Lola Toyota #12 da Rebellion Racing num sólido 3º lugar, que por pouco não se transformou em segundo diante dos problemas do e-tron #2. Mesmo assim, faltava velocidade ao protótipo do time helvético e o resultado final não foi dos piores, em se considerando as condições de forte calor, inesperadas para o inverno paulistano.

1240357_3466018427219_713179902_n

Na classe LMP2, a luta inicial pelas primeiras posições se esvaiu com o correr da disputa e, face os problemas de vários carros, em especial o #25 da Delta-ADR, os dois Lotus e o Morgan #24 da OAK Racing que atrasou-se bastante devido a um problema numa roda traseira, o Oreca #26 da G-Drive Racing viu a vitória lhe sorrir após o tremendo desapontamento causado pela desclassificação em Le Mans. O trio formado por Roman Rusinov/Mike Conway/John Martin teve uma atuação impecável e concluiu num ótimo 4º posto na geral, com 222 voltas – uma a mais que os líderes do campeonato, Bertrand Baguette/Martin Plowman/Ricardo Gonzalez.

A Pecom Racing, única da divisão com pneus Michelin montados em seu carro, subiu ao pódio graças ao terceiro posto de Nicolas Minassian/Luis Perez-Companc/Pierre Kaffer, que fizeram boa corrida. Em quarto chegou o Zytek da Greaves Motorsport e em quinto, o Art Car da OAK Racing, o #45, que teve na pilotagem a japonesa Keiko Ihara, ao lado dos franceses Jacques Nicolet e Jean-Marc Merlin.

Na classe LMGTE-PRO, sempre supercompetitiva, houve alguns dos abandonos mais significativos do dia. O mais assustador, sem qualquer dúvida, foi o incêndio na Ferrari F458 Italia de Kamui Kobayashi/Toni Vilander, com o finlandês a bordo, após pouco mais de 1h40min de prova. Algo rompeu-se na parte traseira do carro #71 da AF Corse, provocando um incêndio de proporções um tanto quanto preocupantes. Felizmente Vilander saiu do carro ileso, mas o bólido teve perda total e parece pouco provável que será recuperado a tempo para a prova de Austin. Esse incidente provocou nova entrada do Safety Car.

A torcida brasileira também teve um travo de desapontamento quando viu uma cena bastante semelhante a de 1994, quando o Aston Martin #99 de Bruno Senna rodou no Mergulho, antes da Junção. O carro do piloto do time britânico foi atingido por uma Ferrari, provavelmente a guiada por Giancarlo Fisichella, e a suspensão quebrou, provocando o abandono dele e de Rob Bell após quase 2h de disputa.

560840_3461347190441_428189992_n

Fisichella e seu parceiro Gimmi Bruni tiveram sorte e, com um carro muito bom durante toda a disputa, conseguiram manter a vantagem para o #97 de Darren Turner/Stefan Mücke, que ofereceu férrea resistência ao longo da disputa inteira. Foi o melhor “pega” da competição na segunda metade da prova, quando só uma hecatombe poderia mudar o resultado final. A diferença entre primeiro e segundo colocados na LMGTE-PRO foi de apenas 1″401, pequena demais para uma corrida de Endurance.

Com a ausência de pelo menos dois bons carros na briga e do Aston Martin #98, que também foi abalroado por um adversário, os Porsches do Team Manthey conseguiram a terceira e quarta posições na classe, após serem nocauteados por alguns problemas de furo de pneu. Jörg Bergmeister/Patrick Pilet concluíram a corrida à frente de Marc Lieb/Richard Lietz.

Na LMGTE-AM, o Aston Martin #95 de Nicki Thiim/Christoffer Nygaard/Kristian Poulsen caminhava para uma vitória das mais sossegadas, quando subitamente uma roda traseira direita desprendeu-se da ponta de eixo e o carro rodopiou de forma perigosa na subida rumo à Curva do Café.

1229891_3461347270443_946104087_n

O pneu bateu num guard-rail e depois no próprio carro. Sem poder chegar aos boxes pelos próprios meios, Poulsen abandonou de forma dramática. E a vitória caiu no colo do outro Aston, o #96 de Stuart Hall/Jamie Campbell-Walter, que completou a disputa num razoável 14º lugar.

O pódio do grupo foi completado pela Ferrari F458 Italia #81 da 8Star Motorsports guiada por Rui Águas/Enzo Potolicchio/Davide Rigon e pelo Porsche 911 (997) GT3 RSR de Paolo Ruberti/Gianluca Roda/Christian Ried. O Corvette C6-R #50 de Fernando Rees/Julien Canal/Patrick Bornhauser perdeu onze voltas nos pits em razão de um problema de uma vela, que estava defeituosa e fez o motor perder potência e girar com apenas seis cilindros ao invés dos oito do motor 5,5 litros do carro estadunidense. O jeito foi consertar o carro e chegar onde dava. O trio terminou em 19º na geral e em sexto na classe, num fim de semana para esquecer.

O resultado final das 6h de São Paulo:

1º #1 Marcel Fässler/Andre Lotterer/Bénoit Tréluyer
Audi R18 e-tron quattro LMP1
235 voltas em 6h01min26s209

2º #2 Allan McNish/Tom Kristensen/Loïc Duval
Audi R18 e-tron quattro LMP1
232 voltas

3º #12 Nicolas Prost/Mathias Beche/Nick Heidfeld
Lola B12/60 Toyota LMP1
230 voltas

4º #26 John Martin/Roman Rusinov/Mike Conway
Oreca 03 Zytek Nissan LMP2
222 voltas

5º #35 Bertrand Baguette/Martin Plowman/Ricardo Gonzalez
Morgan Zytek Nissan LMP2
221 voltas

6º #49 Nicolas Minassian/Pierre Kaffer/Luis Perez-Companc
Oreca 03 Zytek Nissan LMP2
221 voltas

7º #41 Gunnar Jeannette/Björn Wirdheim/Christian Zügel
Zytek Z11SN Nissan LMP2
217 voltas

8º #45 Jacques Nicolet/Jean-Marc Merlin/Keiko Ihara
Morgan Zytek Nissan LMP2
214 voltas

9º #51 Gianmaria Bruni/Giancarlo Fisichella
Ferrari F458 Italia LMGTE-PRO
212 voltas

10º #97 Stefan Mücke/Darren Turner
Aston Martin Vantage V8 LMGTE-PRO
212 voltas

11º #24 Olivier Pla/David Heinemeier-Hänsson/Alex Brundle
Morgan Zytek Nissan LMP2
212 voltas

12º #91 Jörg Bergmeister/Patrick Pilet
Porsche 911 (991) GT3 RSR LMGTE-PRO
210 voltas

13º #92 Marc Lieb/Richard Lietz
Porsche 911 (991) GT3 RSR LMGTE-PRO
209 voltas

14º #96 Stuart Hall/Jamie Campbell-Walter
Aston Martin Vantage V8 LMGTE-AM
208 voltas

15º #81 Enzo Potolicchio/Rui Águas/Davide Rigon
Ferrari F458 Italia LMGTE-AM
208 voltas

16º #88 Paolo Ruberti/Gianluca Roda/Christian Ried
Porsche 911 (997) GT3 RSR LMGTE-AM
207 voltas

17º #76 Jean-Karl Vernay/Christophe Bourret/Raymond Narac
Porsche 911 (997) GT3 RSR LMGTE-AM
207 voltas

18º #57 Tracy Krohn/Nic Jönsson/Maurizio Mediani
Ferrari F458 Italia LMGTE-AM
203 voltas

19º #50 Fernando Rees/Julien Canal/Patrick Bornhauser
Corvette C6-R LMGTE-AM
194 voltas

20º #98 Paul Dalla Lana/Pedro Lamy/Richie Stanaway
Aston Martin Vantage V8 LMGTE-PRO
186 voltas

21º #95 Kristian Poulsen/Nicki Thiim/Christoffer Nygaard
Aston Martin Vantage V8 LMGTE-AM
162 voltas

22º #61 Jack Gerber/Matt Griffin/Marco Cioci
Ferrari F458 Italia LMGTE-AM
74 voltas

23º #99 Bruno Senna/Rob Bell
Aston Martin Vantage V8 LMGTE-PRO
61 voltas

24º #25 Tor Graves/James Walker/Robbie Kerr
Oreca 03 Zytek Nissan LMP2
58 voltas

25º #71 Kamui Kobayashi/Toni Vilander
Ferrari F458 Italia LMGTE-PRO
51 voltas

26º #31 Kevin Weeda/Christophe Bouchut
Lotus T128 Praga LMP2
47 voltas

27º #8 Anthony Davidson/Sébastien Buemi/Stéphane Sarrazin
Toyota TS030 Hybrid LMP1
25 voltas

28º #32 Dominik Kraihamer/Thomas Josef Holzer/Jan Charouz
Lotus T128 Praga LMP2
23 voltas

Fotos: Audi Motorsport (divulgação) e Rodrigo Mattar

Comentários

  • inaceitavel a demora dos fiscais de pista pra socorrer os carros que se acidentaram, principalmente numa pista curta como interlagos. Se Vilander nao conseguisse sair do carro provavelmente teriamos algo mais serio. o mesmo aconteceu com o toyota e o lotus.

  • Tomara que a Porsche e a Toyota consigam equilibrar a disputa em 2014 porque neste ano a Audi está nadando de braçada. concordo com o Eder: houve demora na chegada do socorro aos carros acidentados. A organização precisa rever isso e a administração do autódromo espantar os pombos, pois no Setor M tivemos que dividir os acentos com eles.

  • Ao contrario do que afirmam alguns, acho que deu mais público que no ano passado…provavelmente o fato da corrida no domingo ao invés do sábado…lembro que no ano passado da terceira para a quarta hora de corrida as arquibancadas já estavam praticamente vazias…o que não ocorreu ontem.

    Quanto a corrida, foi decidida muito rapidamente na P1 com o acidente envolvendo o Toyota…aquela bandeira amarela demorou mesmo e depois o locutor do autódromo (aquele com sotaque francês…) informou que estavam reparando a parte da proteção danificada na pista…coisa de dez minutos depois o incêndio da Ferrari #71 e o abandono de Bruno Senna com o Aston #99.

    Nas categorias GTE a disputa foi mais legal, uma pena que o trovão estava tão mal, tendo que se contentar com o “devagar e sempre”…enquanto que as Ferraris e Aston Martim estavam muito bem, apesar de acidentes e abandonos. Torci pelo #95, talvez sensibilizado pelo ocorrido em Sarthe

    Para finalizar, sobre o evento em si, ainda tem pontos a melhorar, mas conversando com outros na arquibancada do setor “A”, alguns já comparam com o evento da F1…oferece mais e cobra muito menos. Particularmente eu prefiro o WEC.

    • O tio Bernie tambem não deve estar gostando de saber que o publico do WEC esta aumentando na America do sul e com gente que entende mais de carros que o publico da F1 que torce pára piloto e poucos sabem a diferença de um prego para um parafuso,só vem o “espetáculo”,com seus pneus Sfarelli e sua ultrapassagens artificiais e acham o maximo um poder usar um dispositivo que da ganho de velocidade e o outro não e e os Tilkodromos e seus traçados C H A T I S S I M O S, outra artificialidade,nada como corridas em circuitos tradicionais e desafiadores. Mas vendo estes carros nesta pistinha de São Paulo ve-se o quanto é ruim para o Endurance correr em kartodromos pois as categorias tem um diferencial de velocidade muito grande e a toda hora ter de ultrapassar carros de categorias menos velozes é um risco muito grande pois eles tambem estão disputando colocações,como teria sido bom ver estes carros no verdadeiro Interlagos de 7960m com seu retão de 1100m e as fantásticas curvas 1 , 2 ,bacião,sol e sargento.

      • O que notei também é que o público é muito ligado apenas na questão da performance, outra influência nítida da F1…voltando a atenção sempre aos protótipos P1…sendo que as melhores disputas , como é de costume, aliás, foram nas categorias GTE. Assim, tendo mais bólidos P1 no ano que vem, com a Porsche, A Toyota novamente com 2 carros e os novos Rebellion, o “tio Bernie” tem de se preocupar mesmo…somando isso à provével ausência de brasileiros na F1 no ano que vem, ou mesmo que Massa continue será em uma equipe menor (a Sauber, a qual ele conversa, para mim, é uma equipe menor…) e isso certamente provocará o desinteresse de parte do público…enquanto o WEC vai cada vez mais absorvendo ex – e bons – pilotos da F1.

  • Mattar, fui e fiquei na A… até mesmo porque é o melhor lugar de Interlagos para se assistir a uma corrida dando visão das retas e do miolo do circuito.

    Eu achei que tinha um público razoável, talvez melhor que ano passado, mas que tem potencial para melhorar nos próximos anos. Por mim, talvez se a corrida começasse umas 10h com final para as 16h seria melhor.
    Corrida bacana, foi melhor no começo quando teve alguns pegas e uma pena por ter poucos carros na P1 (Esses carros da Audi são qualquer coisa menos carros de corrida… não fazem barulho!!). A melhor categoria para acompanhar foi a Pro, que realmente teve muita disputa.
    Vi na hora que você falou com o narrador oficial. Foi bacana.
    Ano que vem estarei lá novamente.

  • rodrigo mattar ,o ex piloto de f-1 yannick dalmas trabalha em alguma equipe ou é chefe de alguma equipe do mundial de endurance?vi foto dele ao seu lado em interlagos nesse fim de semana no seu twiter, ele correu pela larrouse do gerad larrouse como companheiro de equipe do phillipe alliot o dalmas em 1989 e 1990