Defender o indefensável?

RIO DE JANEIRO – A história da lombada de Brasília durante a corrida da Fórmula 3 Sul-Americana teve o que no jargão jornalístico é chamado de suíte. O fato aconteceu no sábado, repercutiu no domingo e continua rendendo discussão 48 horas depois. Tanto que o site Tazio publicou esta matéria que republico na íntegra aqui abaixo.

Um momento da prova de sábado da F3 Sul-Americana chamou atenção neste final de semana: a decolagem de Raphael Raucci ao passar pela zebra na saída da curva 2, ao entrar na reta oposta. O lance gerou uma grande discussão sobre as condições do circuito, que passou por uma adequação após problemas na etapa da Stock Car, em junho.

Por orientação da CBA, foram instaladas no final das zebras, em quatro pontos, sempre em saídas de curva, lombadas com altura de sete a onze centímetros. O objetivo foi de evitar com que os pilotos ganhem tempo ao passar com as quatro rodas por fora do traçado, pelo o que foi explicado ao Tazio pelo presidente da Comissão Nacional de Velocidade da entidade, Waldner Bernardo de Oliveira.

“Fizemos reuniões com pilotos e promotores e chegou à conclusão de colocar essa lombadinha, ou redutor, como existe em Curitiba, Cascavel e algumas pistas da F1. Ou seja, usamos um artifício que é amplamente usado. Elas ficam no final do concregrama [blocos de concreto com grama no meio]. Aquela foi uma situação pontual do sábado. O piloto perdeu a mão do carro, pegou a lombadinha e na velocidade que vinha, decolou feio mesmo”, disse o dirigente, que acredita que o artifício cumpriu o seu dever durante o final de semana.

“Até se tomar a decisão de colocar aquilo, fizemos algumas reuniões, inclusive com pilotos da Stock Car. Seria muito mais inseguro deixar sem nada. Então, ela cumpriu o papel dela. No fórmula, naquele lugar, ela em vez de ser um inibidor e redutor, acabou catapultando o carro. Do sábado para domingo, fizemos uma correção nessas lombadinhas. Da forma como foi reduzida, acho que não voa [mais]”, continuou.

Por outro lado, os pilotos não concordam com Oliveira. Raucci, protagonista da decolagem, condenou a medida adotada pela CBA, dizendo que o circuito ficou inviável para provas de fórmula e moto. “Eu nunca tinha visto uma coisa daquela em uma pista. Eles explicaram no briefing que era por causa das corridas de turismo, pois os pilotos estavam cortando caminho. Mas era uma rampa mesmo. Não tinha condições de realizar uma prova de fórmula ou de moto”, declarou o piloto de 19 anos. 

A opinião é compartilhada por Felipe Guimarães, que venceu as duas baterias da rodada da F3 e com o abandono de Raucci, assumiu a liderança do campeonato sul-americano. “Meteram duas lombadas de uns 15 centímetros no final da zebra. Foi o pessoal da CBA. Parece que os caras não entendem de corrida. Trabalham com isso e não sabem o que estão fazendo. Aí deu no que deu. Para o [Brasileiro de] Marcas [que faz suas provas em conjunto com a F3] já é ruim. Para fórmula então, é ainda pior”, criticou o goiano de 22 anos, que tem passagem por A1 GP, F3 Inglesa, GP3 e Indy Lights.

Depois dos sérios problemas que teve com as zebras do circuito de Brasília, que resultou inclusive com o adiamento da segunda etapa da cidade no calendário, a Stock Car voltará ao autódromo da capital federal em novembro. Confiante de que as lombadas estão corretas, o representante da CBA afirmou que elas devem continuar sendo utilizadas até lá.

Por outro lado, Oliveira explicou que em 2014, com o crescimento da grama naquele ponto, que deve fazer com que os carros destracionem e percam tempo ao passar por ali, e com a própria reforma pela qual a pista deve passar para receber a MotoGP, a entidade deve abrir mão do artifício.

“Na hora que a grama conseguir cumprir o papel dela [não vai precisar]. Aí, o carro quando sair vai destracionar ali. Mas não adianta agora criar uma série de mudanças estruturais grandes, pois o autódromo vai entrar em obra no ano que vem”, concluiu.

Muito bem: quer dizer então que o sr. Waldner Bernardo acha correto defender o indefensável? Os pilotos são contra, como bem diz o texto do Tazio. Deveriam ser ouvidos, mas não são. Raphael Raucci sente algumas dores e, repito, o voo que o piloto do carro #15 deu poderia ter tido consequências muito mais sérias. Felipe Guimarães, líder do campeonato, esqueceu a rivalidade com Raucci e desceu a lenha. Com toda a razão.

Comentários

  • Só uma coisa que ninguem ainda falou!!!
    O preço da rampa! É!! O custo da coisa toda!!! Alguem pagou pr alguem fazer, e, alguem projetou!
    Vão explicar também????

  • Isso, no Direito Penal, é tentativa de assassinato. O Diretor da CBA sabia do resultado (pista de decolagem) e mandou fazer? Então ele queria que o acidente acontecesse. O amadorismo nessa Confederação é de lascar.

  • Assim como disse no post anterior, acho que falta um “chega pra lá” mais forte por parte dos pilotos também…boicotar mesmo…não correr em pistas como esta…afinal, são eles que acabam ficando com a cabeça a prêmio, literalmente, assim como a curva do café em Interlagos matou dois nos últimos cinco anos nas categorias de acesso da Stock Car…As declarações deste indivíduo, representante da CBA, mostram que estão pouco se importando com a segurança e com o espetáculo…enfim, não estão nem ai para nada.