O retorno do Iceman

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RIO DE JANEIRO – Felipe Massa antecipou ontem a sua saída da Ferrari e hoje foi a vez do time italiano confirmar o que muitos de nós já desconfiávamos que aconteceria: Kimi Räikkönen, campeão mundial de Fórmula 1 em 2007, está de volta a Maranello. O piloto de 33 anos assinou contrato por dois anos e será o companheiro de equipe de Fernando Alonso na próxima temporada.

A intenção da Ferrari em reunir dois campeões mundiais em suas fileiras, algo que não acontece desde o distante ano de 1953, com Alberto Ascari e Giuseppe Farina, parece evidente: com dois pilotos competitivos, os italianos querem roubar o máximo possível de pontos dos rivais, principalmente da Red Bull. E de Sebastian Vettel, lógico.

Aparentemente, é uma mudança na política de contratação de pilotos. A Ferrari poucas vezes se preocupou em ter uma dupla 100% forte. No máximo, um bom piloto capaz de somar pontos e outro, para ser campeão. Foi assim com as duplas Lauda-Regazzoni, Scheckter-Villeneuve, Prost-Mansell (embora esta combinação tenha falhado), Schumacher-Barrichello e, ultimamente, Alonso-Massa (outra combinação que não resultou em títulos para o espanhol).

Provavelmente a luz de alerta se acendeu e o pensamento para o próximo ano é outro. A Fiat, dona da Ferrari, que também bota nas ruas carros esportivos icônicos, deve estar cansada de levar surras homéricas de uma equipe de um sujeito que vende milhões de latinhas de energéticos. É a tradição contra os emergentes. E nessa, a Ferrari tem perdido feio no confronto direto.

O problema – se é que vai existir algum – está nas atitudes de Fernando Alonso. Como falei, o espanhol é político e terá sempre a imprensa espanhola a seu favor, para chorar junto, reclamar junto e pôr a Ferrari contra a parede, caso algo dê errado. O bicampeão mundial já mostrou ter dificuldades em trabalhar com um piloto com quem divida atenções. Isso ficou claro em 2007, na McLaren, quando – mesmo sendo estreante – Lewis Hamilton deu sufoco em Alonso e os dois perderam o campeonato daquele ano para o mesmo Räikkönen que regressa à escuderia italiana.

Kimi não deverá ter dificuldades de se relacionar com Alonso. Aliás, o finlandês não tem problemas com ninguém, devido a sua personalidade introspectiva – enquanto sóbrio, claro. Ele é tão bom quanto Alonso na pista e em matéria de jogo político, ele não está nem aí. E tampouco para o que a imprensa pensa a seu respeito. Räikkönen não se importa com nada ao seu redor. Senta e acelera. E isso é o que ele sabe fazer de melhor.

Uns torcem o nariz para essa dupla e acham que é uma combinação que não dará certo. Outros, como eu, acham que serão tempos divertidos em Maranello. Ou Alonso se enquadra de vez e trabalha coletivamente, ou Räikkönen ignora os chiliques do futuro companheiro de equipe e aí, já viu…

Desde já, a formação Alonso-Kimi é, sem sombra de dúvidas, a mais forte para toda a temporada de 2014 do Mundial de Fórmula 1. O quanto será eficiente, só as corridas do futuro campeonato hão de dizer.

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