Marcada

RIO DE JANEIRO – Quantas vezes vimos pessoas passarem por verdadeiras provações em suas vidas e continuarem entre nós? É porque, acredito eu, uma força superior mantém essas pessoas aqui na vida terrena por mais um tempo. Quando for a hora de partir, é porque estava escrito.

Ano passado, em 6 de julho, aconteceu um desses casos.

Na ocasião, a espanhola Maria de Villota fazia testes aerodinâmicos no aeroporto de Duxford, na Inglaterra, para a equipe de Fórmula 1 Marussia. Ao retornar desses testes aos boxes improvisados do time, ela acertou a traseira de um caminhão, num acidente tão insólito quanto grave.

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Em consequência do choque, a visão no olho direito foi afetada e Maria ficou cega desse olho. A carreira de piloto chegava ao fim, mas a vida teve sequência.

Pena que por muito pouco tempo: um ano e três meses.

Nesta sexta-feira, Maria de Villota foi encontrada morta num quarto de hotel em Sevilha, cidade da região espanhola da Andaluzia. Ela ia participar de uma conferência chamada “O que importa de verdade”, onde ela ia contar sua experiência de vida a jovens universitários e recém-formados. Na próxima semana, ela iria lançar seu livro, intitulado “A vida é um presente”.

A ex-piloto foi encontrada morta por volta das 7h da manhã locais por sua assistente pessoal. Foram feitas várias tentativas de reanimação, mas a espanhola não reagiu. Ela tinha 33 anos de idade e foi vítima de uma parada cardíaca.

Filha do ex-piloto de Fórmula 1 Emilio de Villota, que teve uma carreira de pouco êxito na categoria máxima do automobilismo, Maria teve participações esparsas em diferentes campeonatos, desde a Fórmula 3 até a extinta Superleague Formula, passando pelo WTCC, o ADAC Procar, a Superstars da Itália, a Fórmula 3000 italiana (hoje AutoGP World Series) e a Fórmula Palmer Audi. Ela participou também da edição de 2005 das 24h de Daytona, da Rolex Sports Car Series, a bordo de uma Ferrari F360 Challenge da Mastercar, terminando em 24° lugar na geral.

As experiências de Maria na F-1 se resumiram apenas a testes como os que realizou com a Marussia e com a Lotus, esta última em 2011, no circuito francês de Paul Ricard.

Uma pena que ela tenha partido tão jovem. Guardo, contudo, a impressão de que Maria de Villota era uma pessoa marcada pela tragédia. O desparecimento precoce da espanhola contribui para isso.

Comentários

  • Apesar de toda a sina trágica, ficará o exemplo da recuperação e da vontade de viver intensamente da Maria. Que Deus conforte a sua família por tamanha perda.

  • Concordo contigo Rodrigo, ela tinha vontade de viver, escreveu livro que será lançado, se engajou em projetos, e ia ministrar palestra. Poderão levantar teorias de depressão, auto-estima baixa e até drogas como causa da parada cardíaca. 33 anos é a mesma idade daquele que foi cruxificado e ressuscitou após o terceiro dia. Fiquei sensibilizado. A vida é curta, dure 33 ou 100 anos, e deve ser vivida intensamente

  • Que pena, uma batalhadora, esportista de verdade, gostava da vida…

    Quanto à causa da morte, o acidente pode ter deixado outras seqüelas que levaram à parada cardíaca. Além de perder o olho, lembro que ela perdeu o olfato e o paladar. Ou seja, o cérebro foi afetado. E ela passou por vários procedimentos e medicações, que têm efeitos colaterais, portanto é cedo para especular. Devem fazer uma autópsia para definir com certeza.