Direto do túnel do tempo (134)

RIO DE JANEIRO – Neste dia 21 de outubro, completam-se 40 anos desde que aconteceu uma das maiores tragédias do automobilismo gaúcho e, consequentemente, brasileiro.

Naquele domingo de 1973, um acidente impressionante tirou a vida dos pilotos Pedro Carneiro Pereira e Ivã Iglesias, durante a disputa de uma corrida do Regional de Turismo, no Autódromo de Tarumã.

??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

Eram 14h57 da tarde e os dois vinham numa disputa por posições com seus Opala, quando houve um toque entre eles. Os carros se precipitaram em direção ao barranco à margem da reta dos boxes e capotaram a mais de 180 km/h. Com o impacto, o tanque de combustível do carro de Ivã Iglesias se rompeu e o Opala #85 explodiu numa bola de fogo. Pedro Carneiro Pereira tentou se salvar escapando pelo vidro traseiro do carro #2, mas as chamas rapidamente atingiram seu veículo. Nada pôde ser feito pelos bombeiros, que chegaram sem qualquer possibilidade de tirar Ivã e Pedro com vida dos carros calcinados pelo fogo, uma vez que não havia um carro adequado para combater um incêndio tão forte quanto o que se viu naquele 21 de outubro de 1973.

Ivã, então com 38 anos, nem correria naquele dia. Ele dividia a pilotagem do seu Opala com o irmão Afonso Iglesias (que estava doente, com hepatite) e vinha mais no papel de chefe de equipe do que propriamente guiando o carro, que vinha sendo preparado na Argentina. Tão ou mais sentida quanto a perda de Ivã, foi a de Pedro Carneiro Pereira.

??????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????????

Pedrinho, que tinha 35 anos na época, era um dos melhores pilotos gaúchos de seu tempo. Comprara o Opala com que Bird Clemente registrara o recorde de velocidade com 232 km/h na Castelo Branco em 1970 e desde então vinha fazendo um ótimo papel nas corridas de Turismo, especialmente no confronto direto com os pilotos de outros estados, em Tarumã. Também correra de Fórmula Ford no início das atividades desta categoria no país, antes de se dedicar apenas à Divisão 3.

Casado e com três filhos na época, Pedro Carneiro Pereira era o principal narrador e chefe de esportes da Rádio Guaíba. Entre suas atividades profissionais estava também a direção da Standard Propaganda no Rio Grande do Sul. Assim que chegou a notícia de sua trágica morte em Tarumã ao estádio da Beira-Rio, onde ele trabalharia na transmissão de Internacional x São Paulo, pelo Campeonato Brasileiro de Futebol em 73, a Rádio Guaíba anunciou a suspensão de suas transmissões naquele 21 de outubro em sua homenagem. O juiz daquela partida decretou um minuto de silêncio e o público, em respeito a Pedro Carneiro Pereira, ficou de pé nas arquibancadas, acompanhando os jogadores e o trio de arbitragem.

Há 40 anos, direto do túnel do tempo.

Fotos: Ricardo Chaves/arquivo RBS

Comentários