Insensibilidade

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RIO DE JANEIRO – O fim de semana poderia ter sido histórico para a Porsche. Com o fim da temporada 2013 do campeonato Porsche Mobil 1 Supercup, o principal da marca bávara no automobilismo, previa-se que os alemães fariam uma homenagem à altura do que merecia o britânico Sean Edwards, morto no mês passado e que após a rodada de Monza, liderava o campeonato.

Muitos acreditaram e pediram que a Porsche abrisse mão da contagem de pontos na última rodada dupla do campeonato, no circuito Yas Marina, em Abu Dhabi. Até petição foi lançada (com 12 mil assinaturas, inclusive) para que a organização decidisse por encerrar a temporada e dar a Edwards o título post mortem da Porsche Mobil 1 Supercup.

Mas infelizmente não foi o que aconteceu.

Os organizadores da competição decidiram fazer as duas provas finais da temporada somando pontos. Como efeito, o dinamarquês Nicki Thiim, que fez o seu papel e venceu a prova de hoje, assumiu a liderança do campeonato com 120 pontos, dois apenas à frente do antigo líder Edwards. O alemão Michael Ammermüller, 3º no certame, chegou em sexto e somou 12 pontos porque Earl Bamber, segundo na prova #1 de Abu Dhabi, não marca pontos no campeonato. Com o resultado, Ammermüller está com 106 e ainda tem chances matemáticas de virar o jogo a seu favor.

Ao tomar essa decisão insensível de promover a decisão do campeonato em detrimento de um título póstumo – e merecido – de Sean Edwards, a Porsche dá um tiro no pé. Poderia ter angariado a simpatia da mídia e principalmente dos aficionados do automobilismo. Pena que o respeito ao piloto britânico tenha sido reduzido a adesivos que ornamentavam espelhos retrovisores, como mostra a foto que ilustra este post.

No fundo, não há o menor sentido em que Thiim ou Ammermüller sejam os campeões da Porsche Mobil 1 Supercup. Os fãs e os jornalistas especializados sabem, de fato, quem mereceu ser o legítimo campeão da temporada 2013.

Comentários

  • Sinceramente, não vejo problemas em se seguir o campeonato normalmente. Em 1970, Rindt foi campeão com a vitória de Emerson. Mas, poderia não ter sido, também… As etapas do Canadá, EUA e México contaram pontos normalmente. E o Ickx tinha chances matemáticas…

    Corridas são corridas. Fatalidades acontecem. Mortes também, por mais que seja um fato triste, temos de considerar no meio automobilístico que isso pode acontecer.

    Seria uma injustiça com os outros competidores não haver a possibilidade de lutar por pontos e pelo título.

    Sei lá, é só a minha opinião…

    • Bom, já houve casos onde o campeonato foi encerrado. Quando o Nelson Balestieri faleceu em 1986 ou 1987, disputava-se o Regional de Fórmula Ford e após a morte dele, que liderava o campeonato, decidiram terminar a temporada e dar o título póstumo a ele como homenagem.

      • Não vejo problema algum na continuação do campeonato. Não é uma falta de sensibilidade a Sean Edwards. Seria, sim, uma insensibilidade a todas as outras milhares de pessoas envolvidas na organização da Supercup. Equipes, pilotos, patrocinadores e todos mais. Uma coisa, uma coisa. Outra coisa, outra coisa.

        Sobre insensibilidade, todos ficaram extremamente consternados com a morte de Edwards. Não há como questionar isso sem ser, no mínimo, injusto.

        Que tal o campeonato do WEC após a morte do Simonsen. Ou então a temporada de 1994 da F1 após o Senna. Não acho que a liderança do Edwards no campeonato seja um argumento válido. Por mais que nos sintamos tentados a reviver a beleza da homenagem que é um título póstumo, não podemos cobrar isso de uma organização. Na minha visão, foram extremamente profissionais ao fazer o que se comprometeram a fazer – um campeonato com início e fim. Um campeonato que tem compromissos com centenas de outras partes. Isso não é insensibilidade, ao meu ver. É profissionalismo.

        Abs!

  • Fiquei sabendo agora que a Porsche resolveu validar os pontos de Abu Dhabi, e acho que valores que virariam essa situação se foram há muito tempo(pelo menos na Europa). E acaba sendo um tiro no pé especialmente por causa da entrada do LMP1 em 2014, que pode ter os fãs se voltando contra eles por esta decisão.

  • Pô ainda não tem post da F1, então vou registrar aqui.

    Chupa espanhol cachorro

    Pode contar, ano que vem é ultimo do Alonso na Ferrari, quando o Raikkonen começar a dar pau nele em todas as corridas, ele vai dar o piti viadinho que deu na Mclaren

    hahahahahahahahahaha
    essa foi melhor que ganhar um titulo.

  • Acho ridiculo isso de quererem que as ultimas etapas fossem extra-campeonato. Infelizmente ele morreu, mas a vida segue e o Nicki Thiim e o Michael Ammermuller não tem culpa alguma e vão fazer o trabalho deles que é correr pra vencer. Existe um regulamento e ele não pode ser rasgado assim do dia pra noite. Que os fãs me perdoem, mas é assim que a banda toca.

    • Até concordo que existem regulamentos e que não podem ser rasgados. Houve tempo para se pensar na possibilidade das corridas não contarem pontos e os pilotos poderiam ser compreensivos se a decisão fosse essa. Com relação ao Thiim e ao Ammermüller, pode ser que poucos se lembrem se um ou outro levarem o título.

  • Pegou mal, mesmo. Eu esperava que não fosse valer pontos.

    Imagino que o Thiim esteja numa situação desconfortável em ter que comemorar esse título.

  • Mas qual foi a posição de Thiim e Ammermüller sobre o assunto ? Uma decisão dessas teria que passar por eles, já que ambos tinham possibilidade de título.Se os dois aceitassem, não veria problema nenhum nesse caso.

  • É rei morto rei posto,negócios são negócios.Infelizmente é a cultura de hoje em dia.Alguém se lembra do nome do maratonista quê ganhou a maratona,em Atenas 2004 obs: não vale olhar no google.

  • Acho meio piegas essas coisas. Infelizmente ele morreu, mas se os outros dois se colocaram nessa situação, é porque fizeram por onde durante todo o resto do ano, então nada mais justo que congratular o trabalho de ambos, Talvez nomear um troféu, uma pista, algo assim seria bem mais legal.

      • Mas não da para ter certeza que ele seria campeão mesmo. Até onde eu sei, todos os outros postumos aconteceram porque realmente os outros não chegaram nos pontos do que o já falecido piloto, ou não?

  • Eu sinceramente,acho que a decisão tomada foi correta.Como já foi dito em outros posts,a fatalidade faz parte do automobilismo,e principalmente,da vida.
    Sei que os exemplos que vou dar,não são exatamente a mesma coisa,afinal,em ambos,o piloto sobreviveu…..Mas,será que por exemplo,Lauda ou Pironi,ficariam satisfeitos,caso lhes fosse dado os títulos mundiais de 1976 ou 1982, por “merecimento” ou “reconhecimento pelo trabalho até então”,em consideração,por ficarem fora de algumas provas????
    Não sei,mas acho que ambos ficariam insatisfeitos com a decisão….Isso sim,soaria para história,como um “título pela metade”