Mauro Nesti, o Rei da Montanha (1935-2013)

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RIO DE JANEIRO – As corridas de Subida de Montanha perderam nesta quarta-feira aquele que é considerado o maior nome da modalidade em qualquer tempo. Morreu aos 78 anos o piloto italiano Mauro Nesti, dono de 25 títulos e 450 vitórias na modalidade, que o fizeram ganhar o apelido de Rei da Montanha, pelos seus compatriotas.

Mauro começou no esporte a motor em duas rodas. Foi motociclista, com direito a participações no Campeonato Italiano de Velocidade entre 1953/54 com motos MV Agusta de 125 e 250cc. Em 1955, assinou contrato para ser um dos “centauros” oficiais do fabricante italiano, mas a morte de Pierre Levegh nas 24 Horas de Le Mans naquele ano, na maior tragédia de todos os tempos no automobilismo, teve reflexos nas competições motociclísticas, que foram interrompidas.

Em 1964, já em quatro rodas, Mauro Nesti estava em duas frentes: no Campeonato Italiano de Turismo, com um modelo Abarth 850 e na Fórmula 3, com um Tecno. Não se notabilizou em nenhum dos dois certames. E a partir de 1970, começou a participar de competições do que os italianos chamam de “Salita”: as provas de Subida de Montanha, popularíssimas no continente europeu.

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Seu primeiro carro foi um Fiat Abarth Grupo 7, mas já no ano seguinte, Mauro Nesti estava a bordo de um protótipo AMS 2000. As dificuldades financeiras grassavam a ponto do piloto começar a pensar seriamente em se aposentar das competições automobilísticas, mas a partir de 1972 o jogo virou. Entrou em cena a empresa Cebora, especializada em soldagem e localizada em Imola, próximo a Bolonha, na região da Emilia Romagna.

Com o dinheiro que veio do patrocínio, Nesti comprou um protótipo 2 litros Chevron e deu início à sua sanha de vitórias, com a prova Cesana-Sestriere, no mesmo ano. Com um March 73S e uma Lola T294 de motor BMW, conquistou dois vice-campeonatos europeus de Subida de Montanha, na sequência.

Mauro Nesti Lola T 294

Com a marca de Huntingdon, Mauro Nesti correu até 1980. Chegou ao primeiro título europeu em 1976, bisando o feito no ano seguinte. Em 78/79, foi novamente vice-campeão. E em 1981, o piloto italiano, já com 46 anos de idade, iniciou uma profícua parceria com a Osella.

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A bordo dos protótipos construídos pelo velho Enzo, Nesti se consagrou de vez. Foram onze anos de absoluta fidelidade à marca de Volpiano, com direito a seis títulos europeus – todos em sequência – de 1983 a 1988, afora uma penca de troféus conquistados no Campeonato Italiano de Subida de Montanha e também em provas de velocidade em autódromo.

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A relação Osella-Nesti foi interrompida brevemente em 1993, quando o piloto já estava há algum tempo sem conquistar títulos, voltando em meados dos anos 90 para ser novamente interrompida na ocasião em que Mauro foi guiar o modelo Breda BRP1 com motor BMW e depois os Lucchini. Um acidente fatal com Fabio Danti, durante a prova Caprino-Spiazzi, em 2000, acendeu a luz vermelha em Mauro Nesti e daí em diante, aos 65 anos, o piloto começou se interessar cada vez menos em ser plenamente competitivo.

Após guiar por dois anos os Osella PA21 com motor Honda, o piloto deu um tempo das provas de Subida de Montanha. Mas a paixão falou mais alto e, mesmo já passado dos setenta, Mauro voltou – só que em aparições esporádicas e em corridas clássicas destinadas a veículos com homologação expirada. Ele tirou a poeira do seu velho Osella PA9 BMW e com o lendário protótipo, ainda fez barulho, ganhando a Trento-Bondone, a Subida de Montanha Lima-Abetone e também a Iglesias-S. Angelo. Foi assim até 2010, quando já competia apenas por diversão e veio a decisão definitiva de abandonar o automobilismo.

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Grazie, Mauro!

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