AXR vence em Daytona e Christian Fittipaldi é bicampeão

5win

RIO DE JANEIRO – Numa das edições mais disputadas das 24 Horas de Daytona dos últimos anos, começa bem a temporada 2014 do Tudor United SportsCar Championship para a equipe Action Express Racing e, principalmente, para Christian Fittipaldi. O piloto brasileiro de 43 anos torna-se o primeiro representante do Brasil a vencer a corrida pela segunda vez – a primeira fora há 10 anos, com um protótipo Ford Doran. Ele, o português João Barbosa e o francês Sébastien Bourdais se revezaram na condução do protótipo Corvette DP #5 durante 695 voltas, numa luta sem igual com o Corvette DP #10 da Wayne Taylor Racing, campeã ano passado da Rolex Sports Car Series, um dos certames que originou a nova competição.

A corrida foi atribulada do início ao fim, com múltiplas entradas do Safety Car e, felizmente, o tempo permaneceu estável ao longo da disputa, apesar do frio intenso que baixou quando o sol se pôs, prevalecendo durante toda a madrugada. Os pilotos corujas fizeram excelente trabalho e foi aí também que a confiabilidade prevaleceu, separando os favoritos dos coadjuvantes. Muitos carros foram nocauteados por problemas mecânicos e incidentes, especialmente na Prototype.

Na categoria principal, além do enorme acidente – felizmente sem vítimas fatais – em que se envolveu o estadunidense Memo Gidley, num fato raro, a Chip Ganassi Racing perdeu seus dois Ford EcoBoost Riley DP. Um deles foi guiado pelo brasileiro Tony Kanaan. Já o carro gêmeo da Mike Shank Racing teve um sério problema de transmissão e a escuderia perdeu horas trocando todo o sistema para que o carro #60 pudesse voltar. Também o DeltaWing não resistiu à disputa e ficou fora no período noturno.

Entre os LMP2 que fazem parte da classe Prototype, a equipe mais feliz na abertura do campeonato foi a Muscle Milk Pickett Racing, que conquistou um 5º lugar bastante meritório graças a Lucas Luhr/Klaus Graf/Alex Brundle. A OAK Racing foi outra escuderia que pôs seu protótipo Morgan Nissan entre os dez principais na chegada, graças a Olivier Pla/Gustavo Yacaman/Roman Rusinov/Oliver Webb.

A equipe vencedora fez tão bem o dever de casa que o segundo carro inscrito, o #9 dos irmãos Burt e Brad Frisselle e mais Fabién Giroix e John Martin conquistou um brilhante 3º lugar, com grande performance de Martin a bordo de um carro que lhe era absolutamente desconhecido até antes do Roar Before The Rolex 24.

Na Prototype Challenge, alto índice de problemas e incidentes com os Oreca FLM09, inclusive vitimando o carro #09 de Bruno Junqueira/Duncan Ende/David Heinemeier-Hänsson/Gustavo Menezes, que chegou a liderar com Junqueira a bordo, mas retirou-se cedo. Os que melhor resistiram às exigências da disputa foram o #54 da CORE Autosport com Jonathan Bennett/Colin Braun/James Gue/Mark Wilkins – tudo isso após caírem para último na primeira volta da disputa – e o #25 da 8Star Motorsports, graças a Enzo Potolicchio/Tom Kimber-Smith/Michael Marsal/Rob Huff.

Apesar de também enfrentarem dificuldades ao longo da disputa, os brasileiros Raphael Matos, Gabriel Casagrande e Júlio Campos, que compuseram a formação do #38 da Performance Tech Motorsports com David Ostella e Tomy Drissi, conseguiram se recuperar para terminar em terceiro na classe e 13º lugar na geral, o que não deixa de ser um resultado meritório.

Na GTLM, sempre equilibrada e competitiva, os carros tiveram mais problemas que o habitual e muitos dos favoritos perderam várias voltas nas garagens. Alguns deles não resistiram e ficaram fora, como o Corvette C7-R #3. Prevaleceu a aptidão de “cavalo de batalha” do Porsche 911 (991) GT3 RSR e a reestreia da Porsche North America foi em grandíssimo estilo, com a vitória do carro #911 guiado por Nick Tandy/Richard Lietz/Patrick Pilet. E com direito ao 6º lugar na geral, inclusive, seguidos pela BMW #56 de Joey Hand/Dirk Muller/Graham Rahal/John Edwards. O Viper de Marc Goossens/Dominik Farnbacher/Ryan Hunter-Reay, após dar show na pista e ter problemas, recuperou-se e conseguiu pelo menos um lugar no pódio.

A numerosa divisão GTD surpreendeu pelo alto índice de confiabilidade e pela briga fortíssima pela vitória, que durou até a última volta e deu o que falar: Alessandro Pier Guidi, a bordo da Ferrari #555 da Level 5 Motorsports e Markus Winkelhock, no Audi #45 da Flying Lizard quase se tocaram e o carro do alemão “pisou” fora do traçado com as quatro rodas, porque não havia mais asfalto por onde passar. Na quadriculada, Pier Guidi passou à frente do rival. Mas a IMSA e seus comissários entenderam que houve dolo do italiano na manobra e puniram a tripulação do #555 com acréscimo de tempo de 1min15seg. Com isso, caíram para 4º lugar na divisão e a vitória foi de Winkelhock, Spencer Pumpelly, Nelson Canache Jr. e Tim Pappas.

Com a punição ao #555, a segunda posição do pódio foi do Porsche #58 de Jan Heylen/Madison Snow/Marco Seefried, que andou como um reloginho o tempo inteiro, sendo escudado pela Ferrari #72 da SMP Racing/ESM, numa bela performance dos pilotos russos reforçados pelo ex-piloto de Fórmula 1 Mika Salo. O outro Audi dos “Lagartos Voadores” chegou em 5º lugar.

Com os problemas enfrentados por alguns competidores, a Turner Motorsport fez uma boa corrida com o único BMW Z4 GT3 inscrito. O brasileiro Augusto Farfus chegou em sétimo, repartindo o carro com Dane Cameron, Paul Dalla Lana e Markus Palttala. Por fim, a Ferrari #65 da Via Italia/Scuderia Corsa, 100% pilotada por brasileiros, conseguiu um meritório 10º lugar, após as dificuldades enfrentadas pelo quarteto em alguns turnos, principalmente com a pouca velocidade de Chico Longo em relação aos colegas Daniel Serra, Xandinho Negrão e Marcos Gomes.

Comentários

  • Bela corrida disputada em toda as suas 24h.Tonny (na ganassi)e Cristhian estava muito bem durante a noite. Bordais foi perfeito enquanto pilotou cada vez mais rápido e o Barbosa foi seguro.Parecia que a prova seria da familia Taylor que tinha um carro estável e confiável.Achei uma sacanagem o que fizeram com a Ferrari 555, a despeito da raça do Winkenlhock.

  • A corrida foi muito boa. Não queria dizer mas: não disse que os P2 não estavam em equilíbrio com os DP ? Pois é. E só não terminaram mais atrás por causa das amarelas. Agora tiveram momentos em que o Pla andou muito com o Morgan mas na parte mista, em reta não tem como acompanhar. Parabéns ao trio Fittipaldi por mais uma vitória ao Barbosa, Bourdais e a Action Express. A equipe andou bem o tempo todo. Os Ford decepcionaram completamente. O Kyle Larsson só fazia besteira no carro do Tony enquanto o Dixon voava e o Tony andava bem rápido e o Marino mantinha um ritmo forte. Na PC a Core Autosport tem a mão desse carro e o Colin Braun é muito rápido e consistente. Parabéns para eles. A Core venceu também na GTLM com o Porsche que mostrou que nunca se deve duvidar de um Porsche, os Corvettes devem ter sofrido por serem novos, a BMW quis aparecer no final, mas já era tarde e o Viper aguentou mais do que aguentou em Petit Le Mans. Na GTD, os Audi favoritos mesmo saíram da disputa e ficaram os da Flying Lizard. Na minha opinião o Guidi forçou o Markus pra fora da pista. se ele tivesse diminuído mais a velocidade teria dado pra fazer a curva os dois lado a lado. Muito provavelmente o Audi sairia para o oval na frente, mas a Ferrari era muito mais rápida de reta não tinha com o que se preocupar. A Ferrari iria ganhar era inevitável. Na volta anterior o Audi estava na frente e a Ferrari passou tranquilamente por fora no oval. “Ah mas é muita coisa pro piloto raciocinar” É. Mas é por isso que eles estão lá. Existem as regras de convivência na pista e é assim.

  • A trinca da AXR é muito boa, e isso já foi visto ano passado na extinta Grand Am quando Christian e João Barbosa ganharam, se eu não me engano, duas etapas. O Bourdais é um pilotaço, e esta mais que acostumado com provas de endurance, até mais exigentes que as 24 Horas de Daytona. Agora vamos ver nos mistos, como Sebring, onde eu acredito que os LM P2 não vão andar tão atrás; onde eu acredito na dupla da Picket Racing. Fiquei muito feliz pelos Lagartos Voadores, sou fan da equipe e volta e meia compro alguma coisa na store deles na internet.

  • Corrida muito animada! Acompanhei as 6 primeiras horas e as 7 últimas e gostei bastante do que vi! Entre os protótipos, ficou bem claro que o BoP ainda precisa de ajustes (como esperado), pois é inaceitável, dentro de uma mesma divisão, uma diferença tão gritante de desempenho de reta, mas merecem elogios, além dos vencedores da AXR e da Wayne Taylor, que sempre estiveram na frente, o trabalho da Muscle Milk, que veio crescendo durante a corrida, e da OAK, que nas primeiras seis horas vieram escalando pelotão com um rítmo muito consistente, e, se não fossem os problemas mecânicos que tiveram durante a noite, poderiam ter surpreendido.

    Também me impressionei com o ritmo forte que os Viper imprimiram no começo da corrida, e cheguei a colocá-los como favoritos, mas foram nocauteados por problemas mecânicos que os fizeram perder tempo. Prevaleceu o sempre confiável Porsche e a BMW preparado pela RLL, que se valeu da resistência e estratégia para atingir um resultado que era inesperado pelos resultados dos treinos. Mas a quantidade de problemas mecânicos me assustou um pouco.

    A GTD foi divertidíssima o tempo todo, sempre com bons pegas. Torci bastante pela Fying Lizards nas últimas voltas, mas a punição que recebeu a Ferrari da Level 5, a meu ver, foi injusta, e fiquei feliz por terem voltado atrás na decisão.

    No geral, apesar dos problemas de balanceamento aqui e ali, e da ausência de uma transmissão on-line ao vivo e na íntegra, como fazia a ALMS, foi um começo bastante promissor para o campeonato. Agora é torcer para que o bom nível se mantenha ao longo do ano.

    • É isso mesmo Geraldo, esse BoP precisa de ajustes, pelo menos antes dos testes em Sebring. Esse vai ser o ano do “mexe-mexe” no regulamento da Prototype, até eles acertarem.

  • Muito bom saber que o Christian Fittipaldi praticamente recuperou e com mérito uma carreira internacional que parecia encerrada, visto o mesmo ter passado um bom tempo por aqui andando de Fiat Linea, acho que até de Fórmula Truck e por vezes “escroque-car”. . .
    Ano passado já tinha mandado muito bem, na torcida para que 2014 seja o ano da consagração do Fittipaldi que foi sempre (injustamente) estigmatizado, por ser filho do Wilson, considerado o “patinho-feio” da dupla Rato/Tigrão. . .só que muitos se esquecem de que, se não fosse o Wilson literalmente “quebrar a cara” com os gringos em sua primeira investida no automobilismo internacional, servindo depois de orientador do Emerson, talvez as coisas tivessem sido diferentes. . .para pior!
    Zé Maria

      • Lá final dos anos 1960 o Wilsinho comrou um Porsche, não me lembro o modelo, zero. Quando chegou em casa com ele, o Emerson pediu para dar uma volta e sumiu, o que fez com que o Barão e o Wilsinho saíssem para procurá-lo. Depois de uma busca rápida, o encontraram não muito longe, sentado na guia ao lado do Porsche, batido em um poste. Os dois irmãos trocaram uns sopapos ali, mas foram apartados pelo pai.

        Algum tempo depois, quando foi para decidir qual dos irmãos ia para a Inglaterra correr, a opção caiu sobre o Emerson, por ser solteiro (Wilsinho já era casado), o que reduzia os custos. A grana que bancou o começo dessa aventura veio da venda do Porsche batido.

    • Boa, geraldo101!
      Bem lembrado!
      Durou uma volta no quarteirão. . .
      Tinha na cabeça de que depois o trem de força fora utilizado no Fitti-Porsche. . .
      Obrigado pela palhinha. . .abs e até a próxima!

  • Não assisti a corrida mas parabenizo o Christian Fittipaldi pela bela e merecida vitória ao lado do Bourdais e do Barbosa…uma pena que os carros do Negri e do Kanaan tiveram problemas, pois se mostraram rápidos em alguns momentos…outro que deve dar muito trabalho neste ano é o #90, muito consistente em toda a prova.
    Pelo que li também a corrida foi muito disputada em todas as subcategorias…principalmente na GTD…
    Que a SKY acerte logo a entrada do Fox Sports 2 para acompanharmos o campeonato, que ja começa muito forte.