Direto do túnel do tempo (166)

1794557_632862593415867_1364922652_nRIO DE JANEIRO – Foto postada pelo Jaime Boueri no Facebook, que faço questão de compartilhar aqui no blog. Essa é a famosa “empurrada amiga” do Renault ‘Rabo Quente’ do Élvio Ringel no Karmann Ghia Porsche #2 da Dacon, guiado por José Carlos Pace e Anísio Campos, nas 12 Horas de Interlagos de 1967.

Isso aconteceu porque o KG Porsche, que liderava, teve o diferencial quebrado na curva da Ferradura. Sem tração, não havia como o simpático carro da equipe chefiada por Paulo Goulart terminar a corrida na frente da Carretera Chevrolet Corvette de Camilo Christófaro, o Lobo do Canindé e de seu parceiro Eduardo Celidônio, que vinha em 2º lugar.

Segundo o mestre Jan Balder em seu delicioso livro “Histórias do Automobilismo Brasileiro”, Anísio e Paulo não tiveram dúvidas: pediram socorro ao Élvio Ringel, que de uma maneira sui generis, empurrou o KG Porsche até a bandeira quadriculada em preto e branco.

Surgiu a discussão: quem venceu? Pode ou não pode? Como não foi uma situação irregular, a vitória da Dacon foi confirmada, naquele que foi o canto do cisne de uma das equipes mais emblemáticas do nosso automobilismo nos anos 60, pelo seguinte: corriam com um Karmann-Ghia, modelo de origem alemã e desenhado pelos estúdios italianos Ghia, que no Brasil era distribuído pela Volkswagen. E na versão de corrida, os carros tinham poderosos motores Porsche – um de 2 litros e outro de 1,6 litros – tão fortes que o chassi não resistia e diversas vezes os carros da Dacon acabaram com trincas na plataforma, só corrigidas com muita solda.

A Dacon terminou porque Paulo Goulart não tinha como manter a equipe sozinho e a Volkswagen, na época, não investia em automobilismo, esquivando-se de que o Karmann-Ghia não era um produto totalmente VW e no jogo de empurra entre as duas, KG e VW, quem saiu perdendo foi o esporte, pois a equipe saiu de cena.

emerson e wilson - 6 horas de interlagos 1967

Emerson Fittipaldi e seu irmão Wilson adquiriram parte dos “restos mortais” da Dacon, vencendo inclusive as 6 Horas de Interlagos ainda no mesmo ano de 1967, e o outro carro foi comprado pelos irmãos Álvaro e Aílton Varanda, do Rio de Janeiro.

Há 47 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Excelente lembrança, e principalmente, linda (e incomum) foto do FG-Porsche pintado de laranja,nas 6h horas de Interlagos. O carro tinha ficado lindo lindo naquela cor.

    Antonio

  • Quanto a primeira foto, eu me perguntei, será que já vi isto na Nascar ? Claro que sim, naqueles ovais maravilhosos os caras fazem jogo de dupla um empurrando ao outro. É nessa vida tudo se copia mesmo, os carinhas aqui já faziam isso naquela época !. Quanto a Industria Automotiva não participar efetivamente de competições aqui no Brasil, é algo que não dá para entender, pois, o nosso povo é apaixonado por carros e suas competições. Acredito muito, se estivessem envolvidas com o esporte, o automobilismo em nosso país seria uma das grandes paixões Nacionais.

  • […] Como conta Rodrigo Mattar, a equipe Dacon participava de campeonatos de turismo em território nacional e, na década de 60, José Carlos Pace e Anísio Campos pilotaram dois Karmann Ghia com motores Porsche de quatro cilindros, um de 2.000 cm³  um de 1.600 cm³ — preparados e tão fortes que viviam comprometendo a estrutura dos carros. Mas, independentemente disto, eram carros vencedores — e o de nº 2 ficou famoso por vencer as 12 Horas de Interlagos de 1967 empurrado por um Renault 4CV — o popular “Rabo Quente”. […]