Muito caminho a percorrer

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RIO DE JANEIRO – Esperei passar alguns dias para escrever algumas linhas sobre os treinos de pré-temporada da Fórmula 1 que foram realizados de terça a sexta-feira da semana passada em Jerez de la Frontera, na Espanha. Como não tenho dado tanta ênfase a este campeonato nos últimos tempos, embora tenha apresentado todos os onze carros para 2014 em postagens diferentes, espero não parecer cabotino demais nas minhas considerações.

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A despeito do melhor tempo – 1’23″276, bem mais lento que as marcas anteriores – obtido pelo novato Kevin Magnussen, da McLaren, sabemos que esses treinos de nada representam de concreto – ainda. A categoria envereda por um outro caminho, os carros mal foram lançados e já tiveram que ir para a pista e a gente sabe: uma coisa é trabalhar em simuladores e a outra, bem diferente e mais concreta, é analisar o desempenho na pista. E a Fórmula 1 segue pecando em limitar os treinos coletivos antes da primeira corrida do campeonato, ainda mais num ano de mudanças radicais de regulamento, em que os propulsores mudaram seu conceito.

Testing F1 Jerez de la Frontera, Spain 28-31 January 2014

A nova “Era Turbo” começou de forma negativa para quem a iniciou lá pelo meio dos anos 70. A Renault teve um mau início nos testes e ironicamente a equipe que mais voltas percorreu com os propulsores do construtor francês foi a Caterham, graças aos 54 giros de Kamui Kobayashi no último dia de testes. A matriz Red Bull e a filial Toro Rosso sofreram com diversos problemas, especialmente a equipe do campeão Sebastian Vettel. Somando o total de voltas dele e de Daniel Ricciardo num circuito de pouco mais de 4 km de extensão, os dois não chegaram a fazer 100 quilômetros com o RB10. A equipe jogou a toalha e foi embora do circuito da Andaluzia antes do previsto.

É preocupante? Talvez. Mas há muito caminho a percorrer.

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E nem por isso, Mercedes-Benz e Ferrari deixarão de ter trabalho, embora os carros equipados por estes motores tenham tido menos problemas. Uma prova disto é que Nico Rosberg completou 188 voltas e Fernando Alonso 173. Eles foram os que mais quilômetros percorreram na Espanha e, além deles, o novato Kevin Magnussen (162), Felipe Massa (133) e Adrian Sutil (103) foram os únicos pilotos a completar mais de 400 km nos treinos. Todos, claro, com motores alemães e italianos.

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Esses testes atribulados para todas as equipes também revelaram o som dos motores da Fórmula 1 para 2014. Garanto a vocês, leitores, que nem o ronco dos propulsores turbocomprimidos dos anos 70/80 era tão sem graça assim. Eu, particularmente, não gostei. Como também não gostei das soluções estéticas propostas para alguns carros desta temporada. Visando uma melhor fluxodinâmica, as equipes optaram por bicos baixos, melhorando o coeficiente de penetração e uma maior economia de combustível, ponto fundamental do novo regulamento técnico. E vimos, claro, soluções aberrantes.

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Em contrapartida, houve saídas criativas para melhorar os carros. De suspensões aerodinâmicas a periscópios repartidos, passando por F-Ducts e painéis intercambiáveis, os engenheiros exploraram todas as brechas possíveis para tornar seus equipamentos mais competitivos. A hora é essa: experimentar tudo o que for possível e impossível, para deixar tudo no ponto e a tempo da estreia da temporada em Melbourne.

Vamos ver se nos próximos testes os problemas da Renault persistem e se as equipes terão a oportunidade de fazer os carros ganharem mais horas de voo e assim melhorar o desempenho dos motores.

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