Porto Solidão

http://www.youtube.com/watch?v=FrIDZoEtM08

RIO DE JANEIRO – Eu era um garotinho de nove anos quando essa música explodiu e nunca mais saiu da minha mente. Culpa de Jessé Florentino Santos, apenas e simplesmente Jessé.

Nascido em Niterói no dia 25 de setembro de 1952, foi criado em Brasília e mudou-se já adulto para São Paulo, onde abraçou a carreira artística. Com sua voz privilegiada, tornou-se crooner em boates e cantor de bailes, integrando grupos como o Placa Luminosa.

Após uma breve passagem pelo movimento chamado Made in Brazil, em que diversos grupos e cantores brasileiros cantavam em inglês (feito Morris Albert, Chrystian, Julian e muitos outros) e Jessé era um certo Tony Stevens, em 1980 ele conquistou o país inteiro no festival de música MPB-80.

Defendendo a canção do vídeo acima, “Porto Solidão”, composta por Zeca Bahia e Gincko, Jessé mostrou suas credenciais e, da noite para o dia, ganhou fãs, tornou-se ídolo da música brasileira. Infelizmente, “Porto Solidão” sequer passou das eliminatórias e fomos obrigados a aturar o chatíssimo Oswaldo Montenegro campeão com a não menos chatíssima “Agonia”. Restou a Jessé o reconhecimento do seu talento com o prêmio de melhor intérprete do festival.

Já em 1980 ele gravou o primeiro de um total de 12 discos na carreira, pelas gravadoras RGE, Barclay Discos e Philips/Polygram. E se não venceu o MPB-80 com “Porto Solidão”, levou o Festival da Organização Ibero-Americana de Televisão (OTI), com “Estrelas de Papel”, arrebatando todos os prêmios possíveis – melhor intérprete, melhor canção e melhor arranjo.

Após o lançamento do álbum Voa Liberdade, em 1993, Jessé saiu em turnê pelo país e se dirigia a um espetáculo para Terra Rica, no interior do Paraná, quando sofreu um acidente de carro no dia 29 de março, em Ourinhos. O cantor, que tinha apenas 40 anos, não resistiu a um traumatismo craniano e veio a falecer.

Jessé nunca teve o reconhecimento devido da crítica especializada, que sempre o qualificou como um cantor ‘menor’, por julgar seu repertório piegas. Bobagem. Ele era um artista excepcional e com um alcance vocal privilegiado. E o blog recorda seu talento elegendo “Porto Solidão” o clip da semana.

Comentários

  • Isto deve ser a tal de “transmissão de pensamento”: antes de ler este poste estava com a música Campo Minado em minha cabeça. Muito jóia… Só não acho o Oswaldo Montenegro tão chato assim, tem coisas bem piores. No mais concordo inteiramente com o texto: uma “pusta” voz e pouco (nenhum) reconhecimento da crítica. Dele, além de Porto Solidão e Campo Minado também acho bem legal Mar Aberto, uma letra bem bonita e uma interpretação do “carvalho”.

  • Primeira vez que alguém tem a coragem de dizer o quão mala é esse tal de Oswaldo Montenegro. . .tirando o chapéu para você, RM!
    Quanto ao Jessé, foi infelizmente apenas mais um dos muitos injustiçados da nossa MPB.

  • Minha irmã Carla é fã incondicional do Jessé! Vive ouvindo suas músicas! Eu tb o achava fora do comum! Acho engraçado quando o Raul Gil lembra em seu programa de calouros que esta música “mais derruba do que consagra alguns candidatos!” enfim… Tem que ter voz pra aguentar o tranco!