O fim de 1.721 dias de espera

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RIO DE JANEIRO – Domingo como hoje, 30 de março. O ano, 1980. TV ligada na Bandeirantes no horário d’Os Trapalhões, para acompanhar a narração de Galvão Bueno e os comentários de José Maria “Giu” Ferreira.

Heresia em tempos de liderança global na audiência? Não, quando se tratava de Fórmula 1, pelo menos lá em casa.

Era o dia do GP dos EUA-Oeste, em Long Beach. O dia de Nelson Piquet Souto Maior. O fim de 1.721 dias de espera.

Naquela noite aqui no Brasil, Piquet foi absoluto no circuito urbano montado na Califórnia. Pole position com a Brabham número #5, o piloto então com 27 anos de idade jamais foi ameaçado em sua liderança. Nem mesmo quando o rival Alan Jones assumiu o segundo lugar, até desistir na 48ª volta, o brasileiro recebeu qualquer tipo de pressão.

Piquet, além de dominar do início ao fim, fez a volta mais rápida da corrida. Triunfo incontestável daquele que conseguiu pôr fim a um longo jejum. Não havia um piloto brasileiro no topo de um pódio numa prova de Fórmula 1 desde 14 de julho de 1975. Naquela ocasião, Emerson Fittipaldi vencera um acidentadíssimo GP da Inglaterra, em Silverstone. E em dobradinha com José Carlos Pace, um dos muitos que bateu em meio ao aguaceiro que tomava conta da pista.

Quase cinco anos após, o mesmo Emerson, então com 33 anos e massacrado impiedosamente por conta do suposto fracasso da equipe Copersucar, até hoje a única representante sul-americana da categoria máxima, participava de mais um momento histórico do Brasil na Fórmula 1. Também em 75, ele estivera no pódio com José Carlos Pace, na igualmente histórica dobradinha do GP do Brasil em Interlagos. E mesmo largando da última posição do grid em Long Beach, o bicampeão mundial alcançou o 3º lugar.

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A primeira vitória de Nelson Piquet também marcou a última oportunidade em que vimos Emerson no pódio. Um triunfo revestido de simbolismo, como que marcando a passagem de bastão do antigo para um futuro campeão de Fórmula 1. O tempo, sábio como sempre, se encarregaria de mostrar que a previsão de Dave Simms, um dos primeiros chefes de equipe de Nelson Piquet e que trabalhou com ele na equipe BS Fabrications, era certeira.

“Aposto todo meu dinheiro, com quem quiser, que Nelson será campeão em três anos”. Nelson foi, de fato, campeão em 1981, um ano depois de sua primeira vitória.

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