24 Horas de Le Mans: Toyota na pole em treinos mais uma vez acidentados

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RIO DE JANEIRO – Pela segunda vez, após 15 anos, a Toyota conquista a pole position para as 24 Horas de Le Mans, que se disputam em sua 82ª edição a partir das 10h da manhã deste sábado, pelo horário de Brasília. Naquela ocasião, em 1999, o protótipo do construtor japonês era o lendário GT-One e o autor da façanha fora Martin Brundle, um antigo piloto de Fórmula 1.

Uma década e meia depois, outro piloto com passagem pela categoria máxima torna-se o responsável pela volta mais rápida em qualificação para a prova de 2014: Kazuki Nakajima, filho do folclórico Satoru, foi o responsável pelo tempo de 3’21″789, média de 243,093 km/h, garantindo a posição de honra para o carro #7 que o japonês partilha com Alex Wurz e Stéphane Sarrazin.

Le Mans 24 Hours

“Mesmo que seja uma corrida de 24 horas, é uma sensação muito boa estar na pole position. Estou muito feliz com o carro graças a equipa, pois nós preparamos um grande carro para a corrida. Estava lutando contra o tráfego, mas eu consegui fazer uma volta e foi apenas o suficiente para obter a pole-pos, ition. Vai ser uma corrida difícil, mas hoje estou feliz. Nós não tivemos que comprometer a nossa estratégia e conseguimos fazer no momento certo. Agora eu acho que estamos bem preparados para a corrida.“, disse o piloto.

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Nakajima deixou a três décimos de segundo o Porsche 919 Hybrid #14. Com Romain Dumas a bordo, o protótipo do construtor alemão consegue uma primeira fila histórica no regresso da Porsche a Sarthe na classe LMP1. A inédita primeira fila Porsche-Toyota significa também que desde 2010 não havia pelo menos um Audi na linha de frente do grid.

A terceira posição foi do outro Toyota TS040 Hybrid, por obra de Sébastien Buemi, a marcar 3’22″523, enquanto o #20 da Porsche, que na véspera marcara o melhor tempo do Q1, acabou em quarto lugar – 3’22″908, tempo da segunda sessão, realizada na quinta-feira no fim da tarde.

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Para a Audi, o treino classificatório foi para esquecer. Oliver Jarvis foi quem deu ao construtor alemão a melhor volta dos três R18 e-tron quattro, marcando 3’23″271. Enquanto isso, o número #1 voltava com um novo chassi após o acidente monumental de Loïc Duval na véspera – e com uma série de problemas durante as duas sessões classificatórias de que tomou parte.

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O brasileiro Lucas Di Grassi se envolveu em dois incidentes. No primeiro, bateu sozinho com seu carro e no segundo, retornando aos boxes de uma forma não muito prudente, provocou a “panca” do Morgan LMP2 Nissan da Pegasus Racing, guiado pelo novato Léo Roussel, durante a segunda sessão de qualificação.

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Como efeito e pelo pouco tempo de pista, o #1 ficou com a sétima posição do grid, abrindo a quarta fila. Os dois Rebellion R-One Toyota tiveram desempenho bastante aceitável, com o #12 a pouco menos de oito segundos da pole position. O #13 fecha o lote dos nove LMP1 inscritos, abrindo a quinta fila ao lado do pole position da LMP2 que, para supresa de muitos, foi o novo protótipo Ligier JS P2 Nissan.

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Com uma volta sensacional, o francês Tristan Gommendy cravou todo mundo em sua divisão: 3’37″609, apenas sessenta e cinco milésimos mais veloz que o novato Harry Tincknell, outro que andou muito a bordo do Zytek Z11SN Nissan #38 da Jota Sport. O britânico Jann Mardenborough obteve a terceira posição no Ligier da equipe G-Drive by OAK Racing, relegando o Morgan LMP2 Nissan de Olivier Pla, mais rápido da véspera, à quarta colocação.

Os carros com motores Nissan VK45DE 4,5 litros V8 dominaram a qualificação na categoria, com os sete melhores tempos. Só depois veio o Morgan Judd da NewBlood by Morand Racing. seguido do #34 da Race Performance. O Ligier com motor HPD ficou com a 15ª posição da divisão e o Morgan da Larbre Competition veio logo depois.

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Já o Nissan ZEOD RC, que alcançou a marca de 300 km/h na reta Les Hunaudières, usando somente o motor elétrico do protótipo, conseguiu o 27º tempo geral – 3’50″185 – mais do que aceitável para um carro que deu apenas dezessete voltas nas três qualificações. A título de comparação, o tempo do outro Garage 56 que alinhou em Sarthe – o Delta Wing Nissan – foi de 3’42″612, que em 2012 colocou o veículo experimental na 29ª posição do grid.

Na LMGTE-PRO, susto enorme com a Ferrari #71 da AF Corse. O britânico James Calado, um dos estreantes da lista de inscritos, bateu violentamente com o carro da escuderia de Amato Ferrari e foi levado a um hospital com traumatismo craniano. Sem condições de competir, Calado foi substituído pelo alemão Pierre Kaffer, que estava em Le Mans para o lançamento do Lotus P1/01 LMP1 que irá guiar a partir de Austin. Ao contrário da Aston Martin, o chassis do #71 será substituído para que o trio formado por Kaffer, Olivier Beretta e Davide Rigon possa alinhar na prova.

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A pole position foi de Gianmaria Bruni, na outra Ferrari do time italiano. O piloto marcou 3’53″700, mais de um segundo à frente do Corvette #73 de Antonio Garcia/Jan Magnussen/Jordan Taylor, cabendo a terceira colocação ao único Aston Martin restante – o de Stefan Mücke/Darren Turner/Bruno Senna. Os Porsches oficiais de fábrica foram inapelavelmente batidos em ritmo de classificação e até a Ferrari #52 da RAM Racing foi mais veloz que os dois carros do construtor alemão.

O melhor tempo da divisão LMGTE-AM coube a Sam Bird, numa excelente volta em 3’54″665, que só não foi melhor do que a marca de Bruni entre todos os LMGTE. Em segundo no grupo ficou o Aston Martin Vantage #98 que tem entre os seus tripulantes o experiente português Pedro Lamy. O #95 do construtor britânico ficou em terceiro, seguido da Ferrari #72 da SMP Racing. O Porsche #88 da Proton Competition ficou em quinto, logo à frente do #77 da equipe do ator estadunidense Patrick Dempsey. Já a Ferrari do Team SOFREV-ASP, em que o ex-goleiro da seleção francesa Fabién Barthez é um dos tripulantes, não melhorou o tempo da véspera, conseguindo a 15ª posição entre 19 carros em sua divisão.

Confira aqui os tempos das três sessões classificatórias das 24 Horas de Le Mans

Comentários

  • Ta feia a coisa pra Audi esse ano. A manobra do Di Grassi no segundo acidente foi infeliz. O “problema” é que hoje em dia virou uma corrida sprint de 24 horas e todo mundo tem que forçar o tempo todo. Fica fácil cometer erros. E o Calado está bem ? As Porsche Curves destruindo todo mundo: já se vai um Audi LMP1, um Aston Martin GTE-Pro que está fora da prova e um piloto da Ferrari com traumatismo craniano e o carro destruído sem marcar tempo. Os carros da GT se tornaram muito rápidos de curva, mas o limite entre ter aderência e se perder completamente também diminuiu então quando se erra já era. Saudades dos antigos GT2 spec mais finos, menos rápidos mas mais divertidos e que proporcionavam mais disputas. Vai ser uma prova muito, mas muito boa de se ver.

  • Realmente está acidentado demais estes dias de treino em Le Mans…esperamos que fique tudo bem com o Calado. Quanto as classificações, estou surpreso na LMP2, com os Ligier “apavorando” os demais e na LMGT Pro, os carros oficiais da Porsche irem tão mal. Assim como no ano passado, vou virar a noite acompanhando a prova, acredito que o “bicho vai pegar” na LMP1, porque os Audis foram mal na classificação, mas são tradicionalmente mais confiáveis e constantes na corrida. Portanto, menosprezá-los é um erro que eu espero que os demais (Porsches e Toyotas) não cometam.