Audi vence de novo e bota fogo no WEC

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A corrida deste sábado teve de tudo, inclusive esta maravilhosa imagem de duas Ferrari “navegando” debaixo d’água na hora do temporal que assolou o COTA, em Austin

RIO DE JANEIRO – Por mais de uma vez escrevi nas diferentes versões do A Mil Por Hora nos últimos anos: a Audi sabe tudo desse negócio de Endurance – e mais um pouco. Pois mesmo com um equipamento tido como inferior frente às rivais Toyota e Porsche, os “Quatrargólicos”, como costuma dizer o Flavio Gomes ou os “Senhores dos Anéis”, como costumo descrevê-los, venceram mais uma no FIA WEC.

A disputa das 6h de Austin, no Circuit Of The Americas (COTA), com direito a chegada noturna, teve de tudo: sol forte na hora da largada, calor arrasador de mais de 35ºC, alta umidade, um temporal de filme de pirata, bandeira vermelha e Safety Car. Ingredientes que temperam uma corrida deste gênero como ela merece e que fazem o campeonato pegar fogo.

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Em mais uma grande corrida a bordo do Audi #1, Lucas Di Grassi segue na briga pelo título; o brasileiro é o 3º no Mundial de Pilotos do WEC

Muito se temeu por um domínio da Toyota após as acachapantes vitórias em Silverstone – corrida na qual a Audi só teve problemas e em Spa, onde os “Corollões” voaram baixo. Mas veio mais uma tunda que os japoneses levaram em Sarthe e hoje, em Austin, eles não sabiam onde enfiar a cara. Apesar da ótima performance de Sébastien Buemi a bordo do #8, ele não conseguiu evitar o triunfo – o segundo seguido, aliás – de Marcel Fässler/Andre Lotterer/Bénoit Tréluyer. E nem a dobradinha germânica, pois Lucas Di Grassi/Tom Kristensen/Loïc Duval chegaram em segundo – com ótima atuação de Lucas no seu turno final de pilotagem.

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A vitória do Audi #2 coloca tempero no campeonato – foi o segundo triunfo seguido de Fässler, Lotterer e Tréluyer neste ano

A vitória do trio do #2 reabre a luta pelo título, pois eles vão para 85 pontos contra 96 da tripulação do #8 que ainda tem, além de Buemi, o britânico Anthony Davidson e o francês Nicolas Lapierre. Di Grassi e Tom Kristensen estão em 3º lugar, com 72 pontos.

Neste sábado, as três principais marcas da LMP1 com carros híbridos lideraram, mas de novo a Porsche fracassou. Falta de potência no fim da disputa relegou o #14 ao quarto lugar final, enquanto o #20 foi uma das principais vítimas da chuva, batendo numa proteção de pneus. O trio deste carro fechou a prova em quinto.

Na LMP1-L, a Rebellion Racing não teve nenhuma dificuldade em obter o 7º posto geral e mais uma vitória, com Nick Heidfeld/Nicolas Prost/Mathias Beche. O outro carro do time helvético ficou pelo caminho e a boa surpresa foi que, mesmo ainda muito lento em relação aos rivais, o Lotus P1/01 com motor AER Turbo ainda salvou o 15º posto na geral. O carro #9 acabou ironicamente nove voltas atrás do seu mais direto rival na pista.

A classe LMP2 teve muitas surpresas. A começar que o favorito Ligier JS P2 Nissan da G-Drive Racing sucumbiu diante de pequenos problemas e acabou em quarto. Mesmo com uma enorme trapalhada do japonês Tsugio Matsuda durante a disputa, o Oreca 03R da KCMG Racing levou a melhor na divisão e conquistou sua primeira vitória no campeonato, para alegria dos parceiros do nipônico, os britânicos Matt Howson e Richard Bradley.

A SMP Racing obteve um importante 2º posto com Nicolas Minassian/Maurizio Mediani/Sergey Zlobin- resultado que deixa este último como líder isolado entre os pilotos da classe com 95 pontos. E em terceiro veio o HPD ARX-03b da Extreme Speed Motorsports, na estreia do time estadunidense no WEC. Alguém duvida que Ed Brown gostou tanto da brincadeira que um de seus carros vai disputar o Mundial do ano que vem na LMP2?

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Primeira e maiúscula vitória para Darren Turner/Stefan Mücke e para a Aston Martin Racing na LMGTE-PRO

Na divisão LMGTE-PRO, a luta pela vitória foi bastante apertada em grande parte da disputa, mas no fim da prova prevaleceu o Aston Martin Vantage de Stefan Mücke/Darren Turner, num pódio com três construtore diferentes: o Porsche de Patrick Pilet/Fréderic Makowiecki abocanhou o segundo posto e Gimmi Bruni/Toni Vilander acabaram em terceiro.

Contudo, a vitória não foi o suficiente para a dupla do #97 se aproximar do primeiro lugar no campeonato: Bruni/Vilander lideram com folga. A dupla da AF Corse soma 105 pontos e caminha célere para o título antecipado.

O brasileiro Fernando Rees e seus parceiros Alex MacDowall e Darryl O’Young não conseguiram o resultado que seguramente esperavam. Além de se envolverem num contato com a Ferrari da Krohn Racing, Rees passou mal durante um de seus turnos de pilotagem. Teve queda de pressão arterial e baixou ambulatório. A trinca do #99 acabou em 6º lugar na classe, à frente do Corvette C7-R, que não teve uma estreia das mais auspiciosas no Mundial de Endurance.

A Aston faturou também o primeiro lugar na LMGTE-AM, graças a Pedro Lamy/Paul Dalla Lana/Christoffer Nygaard. E levou também a segunda posição, graças a David Heinemeier-Hänsson/Kristian Poulsen/Richie Stanaway. Os 18 pontos somados em Austin deixam Poulsen e DHH no comando da classificação, com 111 unidades após quatro provas disputadas. O pódio ainda foi completado pela tripulação do #88 da Proton Competition, formada por Klaus Bachler/Christian Ried/Khaled Al Qubaisi.

Comentários

  • Gostaria de ver a Porsche vencendo na LMP1, mas parece que ainda falta algo para o carro. De qualquer forma foi excelente para o campeonato. Os japoneses começaram imbatíveis mas agora a Audi “empatou” o jogo depois de estar perdendo por 2 x 0. Na LMP2, se a Extreme Speed resolver migrar para o mundial, ótimo para o WEC…e azar do TUSCC.

  • A diferença de andamento para os Toyota chega a ser vergonhosa para a Audi. Já foi assim em Le mans e agora em Austin, eles só venceram por causa de problemas dos japoneses. Precisam melhorar o ritmo urgentemente.

  • No começo da prova, parecia que a Toyota ia sobrar, enquanto os dois Audis e os dois Porsches vinham em excelente disputa, com os quatro carros trocando tinta. Torço pela Toyota, quero que acabe a hegemonia da Audi, até para estimular esta e aumentar ainda mais o nível do campeonato no ano que vem, mas o que o Rodrigo falou é fato: ninguém entende de endurance como eles, e isso faz diferença, pois eles conseguem ler nuances da competição muito antes dos rivais. O resultado equilibrou o campeonato, mas ainda acredito no título da equipe nipônica. No entanto, uma virada por parte da Audi, abusando da estratégia, já não me parece mais algo tão absurdo.