Consequências graves

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RIO DE JANEIRO – O grave acidente sofrido por Jules Bianchi no GP do Japão, que interrompeu a corrida e causa grande preocupação em todos os envolvidos com a Fórmula 1, é apenas a consequência de todas as mazelas cometidas pela FIA e pela FOM neste fim de semana.

Todo mundo sabia dos estragos que o tufão Phanfone poderia acarretar naquele país e um deles seria a chuva. Ciente disto, Bernie Ecclestone não cedeu – como não havia cedido na famosa decisão do campeonato de 1976. Exigiu que a corrida largasse às 15h locais. Desafiar a natureza por causa dos motivos comerciais e dos contratos de televisão foi o primeiro erro.

Não obstante, quando o Sauber de Adrian Sutil acidentou-se, a direção de prova errou ao não colocar o Safety Car em ação numa pista já encharcada novamente pela chuva e errou de novo ao permitir que um trator fizesse a remoção do bólido acidentado.

Ora… os antecedentes de tratorzinhos substituindo gruas e oferecendo perigo aos pilotos podem ser enumerados: 2003, GP do Brasil, Michael Schumacher batendo na curva do Sol; 2007 (e não 2006, me perdoem!), a saída de pista de Lewis Hamilton no GP da Alemanha; e outros acidentes do gênero que não consigo lembrar agora – os leitores, se puderem ajudar, agradeço.

E ao não enviar o Safety Car, a direção de prova, comandada pela FIA, pôs os pilotos em risco. Dizem que havia duas bandeiras amarelas no local, mas a visibilidade era nula e foi isso que agravou o acidente de Bianchi, que bateu com sua Marussia no trator-guindaste e sofreu graves lesões na cabeça.

O piloto saiu do autódromo de Suzuka inconsciente. Foi operado de um trauma severo na região craniana, não respira por aparelhos (o que é positivo), mas o estado de saúde do francês de 25 anos ainda é muito grave. A todos nós resta apenas torcer e rezar. Rezar muito para que Jules saia dessa.

A foto que ilustra este post mostra a brutalidade do choque do francês com o trator-guindaste e como o chassi foi afetado. O arco anticapotagem, o chamado “santoantônio”, desintegrou-se. A eficiência do artefato também deveria ser posta à prova num acidente do gênero. E não foi o que infelizmente aconteceu.

Qualquer coisa que se diga sobre esta corrida perde totalmente o sentido. Ok, Lewis Hamilton amplia sua liderança no campeonato para 10 pontos de frente em relação a Nico Rosberg. Mas, pensando bem, diante do que aconteceu com Jules Bianchi, quem há de pensar hoje em disputa de título?

Que os fatos sejam apurados, as responsabilidades assumidas e que a FIA repense alguns conceitos. Já houve diversos vacilos nesta temporada de Fórmula 1. Esperamos não ver outros.

Comentários

  • Bela matéria Rodrigo,daqui a pouco vão censurar essa foto que você colocou de capa da materia.Com relação a corridas com chuva é dificil avaliar porque faz parte do espetaculo e no mais ja se teve corridas em situações bem piores ,vide a primeira vitoria do Senna.Hoje com carros mais seguros e autoromos mais seguros devia-se pensar e com toda cautela e cuidado ainda aconteceu isso.Vacilo de todos envolvidos e q o Jules saia dessa.

  • Rodrigo acho (opinião) que no caso do acidente do Bianchi foi pura fatalidade, quanto a corrida no horário comercial realmente foi pura ganancia pelo dinheiro, já se sabendo da previsão o melhor era mudar o horário quem sabe até o dia tê-la antecipado para o sábado.

  • Teve também o caso da vida de um fiscal ceifada no GP do Canadá do ano passado por um destes tratorzinhos, Rodrigo.
    Agora, um risco de morte por um acidente tão óbvio como foi este, acontecer na categoria que se diz mais top do mundo, e nos tempos atuais, onde tanto se estuda e se preza pela segurança, é algo difícil de imaginar.
    Nos resta orar e pensar positivo sobre a situação do Jules.
    Bela matéria, Rodrigo.

  • Na minha opinião foi mais azar, os próprios pilotos disseram que a condição não era tão crítica, e ele com certeza foi avisado pelo rádio sobre a bandeira amarela.

  • Algumas ajudas, Rodrigo:

    – O acidente do Hamilton foi em 2007, no Nurburgring. Ele até foi (controversamente) levado pelo guindaste para a pista.

    Sobre a hora de largada, os jornalistas que estiveram em Suzuka disseram que a FIA apresentou duas recomendações para a antecipação da corrida, quer para sábado à tarde, quer para o domingo de manhã. Em ambas, a organização vetou, alegando que num caso desses, teriam de devolver o dinheiro dos bilhetes aos adeptos. A ser verdade, parece que a organização está mais interessado em ser inflexível – e passar a ideia de que quer as “verdinhas – do que está a pensar na segurança dos pilotos, comissários, mecânicos, espectadores, entre outros.

    Eu suspeitava que algo assim poderia acontecer, mas não um acidente. Estava a temer que os carros dessem três ou quatro voltas atrás do Safety Car, recolhiam às boxes e davam a corrida por terminada, dando aos pilotos metade dos pontos. Se acontecesse, diria que não era uma corrida mas sim um simulacro, como já vi no passado em paragens japonesas – a corrida do WEC em Mont Fuji, no ano passado é um excelente exemplo, como sabes.

    Agora vamos torcer pelo melhor ao Jules Bianchi. Mas somente amanhã é que darão noticias.

  • O esporte nunca deixou – e nunca deixará – de ser de alto risco. No entanto, algumas iniciativas poderiam evitar ou minimizar as chances deste acidente acontecer. Assim como numa outra prova, a direção não deu bandeira amarela e ainda autorizou fiscais a empurrar um carro atravessado na pista, expondo estes a risco de morte. Tá certo que a última vez que um piloto morreu na F1 foi há 20 anos atrás, mas nem por isso seus dirigentes devem “sentar em cima” do tema e se achar imune a ocorrências como esta que vimos em Suzuka. Por ter a F1 como parâmetro, muitas vezes criticamos as categorias americanas, que põem o safety-car na pista por simples detritos, mas vemos o sentido da coisa nessas horas…só nos resta orar pela recuperação de Jules Bianchi.

  • Este ano de 2014, para o automobilismo, é para se esquecer. Um ano negro como foi o de 1994.

    É muito triste ver algo assim acontecer com um piloto que vinha mostrando muito talento e um futuro promissor para breve que, pelas notícias que pipocam até agora, parece ter sua carreira encerrada com este acidente. Agora é torcer que sobreviva e tenha uma boa vida para frente.

    Mas nada me convence sobre esses tratores nas pistas. Vários sinais foram dados sobre o perigo que representam. Recentemente até um fiscal foi morto no Canadá ao ser atropelado por um. Nada além de carros e pilotos deveriam ficar dentro dos limites de muros, guard-rails, etc das pistas.

  • Galera, vamos com calma…
    “ano negro”, “bela matéria”…
    Ano negro porque? 2014 está sendo diferente de 1995, ou 2001, ou 2008, por exemplo? De 1994 até agora quem morreu um um carro de F1?
    Que matéria ? Salvo engano isso aqui é um blog, no qual um jornalista emite opiniões abalizadas e, por isso, nós o frequentamos.
    O Rodrigo não fez nenhuma “matéria” sobre o acidente…simplesmente omitiu a opinião (dele) sobre a condição da pista no momento do acidente.
    Aliás, dificilmente alguém não concorda que seria o caso de acionar o safety car naquele momento. Mas ( e daí discordo um pouco do Rodrigo), não consigo ver tantos erros, falando apenas sobre segurança, da FIA esse ano.

    • Meu caro,

      O automobilismo – e nosso interesse por ele – não se resume ao que acontece dentro das pistas ou só na F1. Basta uma rápida pesquisa para ver quantos pilotos perderam suas vidas, inclusive ídolos do passado.

  • A polícia japonesa deveria proibir a saída do pessoal da FIA e FOM do Japão até apuração dos fatos, o acidente do Bianchi aconteceu em grande parte por culpa deles, isso é fato.

    Que dia triste, ainda morre de Cesaris…

  • Acredito que as condições climáticas não influenciaram em nada. Pilotos querem correr e conhecem bem os riscos do esporte.
    Sou totalmente contra aquele “trator”. Podemos dizer que ele é um agente estranho na pista e não está preparado para aceitar colisões. Um carro pode entrar facilmente por baixo dele e o choque na cabeça do piloto é inevitável.
    Talvez uma “saia” em volta daquele tipo de guindaste teria evitado esse trágico acidente.