Direto do túnel do tempo (219)

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RIO DE JANEIRO – Poucos de vocês devem ter ouvido falar em David Thiemme. Especialmente os que acompanham automobilismo de uns 20 anos para cá. Mas os mais velhos, como eu, sabem de quem se trata. Ele foi o homem por trás do surgimento – e logicamente do desaparecimento precoce – de um patrocínio que durou pouco no esporte: a Essex.

Especulador do mercado do petróleo, ele fez fortuna com as flutuações do mercado nos anos 70, aproveitando-se das crises infindas no Oriente Médio para ganhar dinheiro. Muito dinheiro. De um quarto do famoso Hotel de Paris, em Mônaco, saiu milionário e tornou-se mecenas no automobilismo, gastando tudo o que ganhava – e há quem diga que faturou US$ 70 milhões num único ano.

Perdulário e jovem (tinha menos de 40 anos), mantinha um estilo Lord Alexander Hesketh para cobrir de mimos os seus convidados. E os mimos começaram exatamente na prova da foto: as 24 Horas de Le Mans de 1979, patrocinando os Porsche 936/78 #12 de Jacky Ickx/Brian Redman e #14 de Hurley Haywood/Bob Wollek.

Os dois carros dividiram a primeira fila do grid, com o #14 partindo da pole e o #12 logo atrás. Acabaram alijados da disputa, pois o pole teve o motor quebrado e o carro de Ickx/Redman foi desclassificado por receber ajuda externa.

No ano de 1980, David Thiemme e a Essex aportaram com estrondo na Fórmula 1. Colin Chapman fechou patrocínio para sua equipe após a saída da Olympus e da Martini e os Lotus 81 foram vistos nas pistas com o patrocínio nebuloso. Em 81, a fonte secou e Thiemme recebeu mandado de prisão por descumprir prazos com o banco Crédit Suisse. Quem o libertou sob fiança foi o poderoso empresário árabe Mansour Ojjeh, do grupo TAG (Techniques d’Avant Garde), que então patrocinava a Williams e depois seria sócio de Ron Dennis na McLaren.

Falido, David Thiemme sumiu do mapa. Mas consta que ainda está vivo, perto dos 75 anos e residindo num hotel em Paris.

Há 35 anos, direto do túnel do tempo.

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