Rali Dakar 2015 com 414 veículos, 665 competidores e… 5 brasileiros

dakar
Etienne Lavigne, da Amaury Sports Organisation (ASO), apresenta o Rali Dakar 2015: prova terá percurso na Argentina, Bolívia e Chile, com 414 veículos inscritos e apenas cinco brasileiros

RIO DE JANEIRO – O Rali Dakar é aqui do lado, na América do Sul. Começa e termina na Argentina, passando por Chile e Bolívia, a partir de 4 de janeiro até o dia 17. E cada vez mais me impressiona a ausência de representantes do Brasil na maior competição off-road do mundo, cuja apresentação da edição 2015 aconteceu nesta quarta-feira no Pavillion Gabriel, em Paris (França).

Busquei na lista de inscritos pra saber quem são e em que categoria. Nos caminhões (onde já tivemos André Azevedo por muitos anos), ninguém. Nada surpreendente, eu diria. Surpresa sim foi olhar mais detidamente e constatar André Suguita (dorsal #295) confirmado entre os competidores dos quads. Considerando que o Brasil tem razoável desempenho no Rali Dakar nas motos, imaginei uma presença razoável. Que nada: só Jean Azevedo está inscrito (dorsal #24), e olhem que o irmão do André tinha trocado as motocicletas pelos carros há alguns anos. Já pensaram se ele não tivesse mudado de ideia?

Nos carros, o panorama é um pouquinho melhor, mas ainda assim não anima tanto: a única dupla do país é Guilherme Spinelli/Youssef Haddad (dorsal #324), que vão com o Mitsubishi ASX da equipe brasileira. E Maykel Justo estreia na categoria como navegador de um piloto português – Ricardo Leal dos Santos – no número #360, um carro ainda não informado. Pois é: contam-se nos dedos os competidores do país num universo de 665 concorrentes inscritos em 414 veículos – cinco, somente.

Serão 53 países presentes e a prova marca a estreia de competidores da Índia, do Turcomenistão e da Nova Zelândia. O mais jovem competidor será o argentino Jorge Lacunza, 18 anos de idade, nas motos. O mais velho e também o recordista de participações no evento é Yoshimasa Sugawara. Aos 73 (!) anos de idade, ele vai para o seu 33º Dakar, desde 1983. E olha que o veterano já andou de moto e também de carro antes de ir para os caminhões, com cinco vice-campeonatos nesta categoria.

A ASO, organizadora do evento, contabiliza também a presença de 11 representantes do sexo feminino, onde o destaque absoluto é a espanhola Laia Sanz, agora pilotando uma Honda oficial de fábrica. E voltando aos países, a prova de que o Brasil não está nem aí para o Dakar é que os argentinos respondem por 12,2% do total de pilotos inscritos e os chilenos são 5,9% do total. O país com o maior número de competidores, como não podia deixar de ser, é a França.

Dos 414 veículos, 164 são motocicletas, temos 138 carros, 64 caminhões e 48 quadriciclos. São menos inscrições que neste ano – eram 439. A única categoria com acréscimo de participantes foi a dos quads, talvez motivada pelo título do chileno Ignácio Casale, que deu um fôlego novo à competição antes dominada pelos argentinos desde que o Dakar chegou ao Cone Sul.

Aliás, nenhum dos irmãos Patronelli vai disputar o Dakar 2015 nos quads. A esperança dos argentinos recairá nos ombros de Sebastian Halpern, Lucas Bonetto e Jeremias González Ferioli, que neste ano foi o mais jovem participante inscrito. O favoritismo é, evidentemente, do campeão Casale. Mas o polonês Rafal “Super” Sonik lidera a legião de 14 estrangeiros que irão tentar desbancar os sul-americanos.

Nos caminhões, mais uma vez deveremos ter o duelo Rússia versus Holanda. Ou melhor: os brutos da Kamaz contra a equipe de Gerard De Rooy e seus Iveco. Ales Loprais vem como uma possível zebra, trazendo consigo uma nova tripulação, composta pelo espanhol Ferran Marco Alcayna e o belga Jan Van der Vaet. Também no caminhão #501, De Rooy continua com Darek Rodewald a bordo, mas chega outro integrante, o belga Jurgen Damen. Atual campeão, Andrey Karginov terá Andrey Mokeev e Igor Leonov na tripulação do monstrengo russo Kamaz 4326.

A competição dos carros deve ser uma das mais ferrenhas dos últimos tempos. Todos os fabricantes principais estão reforçados e a Peugeot chegou para tentar dar as cartas em seu ano de reestreia. O construtor francês traz o novo DKR 2008 que será conduzido por Stéphane Peterhansel/Jean-Paul Cottret, Carlos Sainz/Lucas Cruz Senra e pelo recém-chegado Cyril Despres, que tem Gilles Picard, outro ex-motociclista, como navegador.

A Mini, além do time oficial de fábrica, dará suporte a outras duplas, num total de nove carros All4Racing inscritos para a edição de 2015. Claro que Nani Roma/Michel Périn passam a ser a principal dupla da marca graças ao título alcançado neste ano – fato que motivou a saída de Peterhansel do time X-Raid chefiado por Sven Quandt. Nasser Al-Attiyah chegou a anunciar sua participação no Dakar pela Toyota, mas voltou atrás e continua com o All4Racing, ao lado de um novo parceiro: Matthieu Baumel. Outros destaques da marca são o argentino Orlando “Orly” Terranova, o polonês Krzysztof Holowczyc e o holandês Erik Van Loon.

Sem Al-Attiyah, a Toyota não pode se considerar órfã de bons pilotos. Falta um equipamento capaz de bater os melhores modelos 4×4 da categoria. Giniel De Villiers, o “Gnomo”, estará de novo a bordo. Além dele, o construtor japonês dá suporte aos carros de Christian Lavieille, Marek Dabrowski, Lucio Álvarez e Bernhard Ten Brinke, que traz como novidade a estreia de Tom Colsoul, ex-De Rooy Racing, como navegador nos carros.

Robby “Flash” Gordon também vai comparecer com seu Hummer em versão menor e tão potente quanto os modelos anteriores. A Renault argentina investe todas as suas fichas no Duster de Emiliano Spataro. Já a chinesa Great Wall, que vinha participando regularmente do evento, perdeu seu melhor nome: o português Carlos Sousa e seu navegador Paulo Fiuza agora são da equipe Mitsubishi do Brasil e vão alinhar no ASX com o dorsal #306.

Nas motos, Cyril Despres não é o único ausente em relação a outras edições do Dakar na América do Sul. O bom piloto norueguês Pal Anders Ullevalseter não está entre os inscritos. Sem o francês que tinha assinado com a Yamaha, a marca dos três diapasões buscou novos nomes no mercado. E além do 3º colocado Olivier Pain, recrutou o também francês Michael Metge e o italiano Alessandro Botturi para andar nas WR450F oficiais.

A KTM conserva o atual campeão Marc Coma e o time de fábrica austríaco tem ainda o espanhol Jordi Viladoms e as novas aquisições: o britânico Sam Sunderland e o austríaco Matthias Walkner, um protegido do grande Heinz Kinigadner. Outros ótimos nomes que vão com as motos de 450cc quatro tempos são David Casteu (França) e Ruben Faria (Portugal).

Já a Honda vai pro vai ou racha. O investimento dos japoneses foi grande e eles querem buscar um título que ha anos não conquistam. Têm o vice de 2014, Joan Barreda Bort, o 5º colocado Hélder Rodrigues, o também português Paulo Gonçalves, a revelação chilena Jeremías Israel Esquerre e a espanhola Laia Sanz. Como outsiders, teremos Alain Duclos com a Sherco, Gerard Farres Guell com a Gas-Gas e dezenas de bons pilotos fora de equipes oficiais, como Juan Pedrero Garcia, Frans Verhoeven, Daniel Gouet, Stefan Svitko, Riaan Van Niekerk, Ivan Jakes, Javier Pizzolito, Marc Guasch Font e mais alguns.

Comentários