Maestro soberano

RIO DE JANEIRO – Não foi coincidência, mas voltei de viagem para o Rio de Janeiro na noite de 8 de dezembro. O dia em que, há 20 anos, perdemos o mais brasileiro dos brasileiros da nossa profícua música: Tom Jobim.

Por coincidência, o Galeão em que cheguei já de madrugada tem o nome do maestro soberano que orgulhou nossa música ao conquistar o mundo a partir do famoso concerto de Bossa Nova no Carnegie Hall, em 1962. Suas músicas, que já definiam um estilo cultuado na época e que se tornou o símbolo de toda uma geração, tornaram-se maiores do que o compositor, letrista, arranjador e homem que gravou com Frank Sinatra, Stanley Getz, Elis Regina, João Gilberto, Vinícius de Moraes e tantos outros.

Tom, que não gostava de avião – assim como eu, dizia o seguinte: “Mais pesado do que o ar e inventado por brasileiro. Dá pra confiar?”, nos deixou aos 67 anos de um dezembro cálido como este, em Nova York, cidade que adotou no exterior e que lhe abriu as portas para o universo musical pelo qual suas obras hoje eternas desfilaram lindamente, feito a Garota de Ipanema que ele e o Vina imortalizaram em canção.

O brasileiro não preserva sua história e sua memória feito os argentinos. E digo isso porque estive lá nos últimos dias. O brasileiro é oportunista. E com o oportunismo de sempre, inaugurou-se uma estátua em homenagem a Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. E além de oportunista, o povo desta terra também não costuma ser muito educado. Quantos dias vocês me dão para alguém depredar a estátua em memória de Tom e roubar o violão?

Por ocasião desta data, Tom, vai aí o clip da semana. “Insensatez”.

Que ninguém cometa a insensatez de destruir sua memória e sua história, Maestro soberano…

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