Direto do túnel do tempo (241)

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RIO DE JANEIRO – GP da Bélgica, ano de 1991. Naquele dia 25 de agosto, Roberto Pupo Moreno consegue um de seus melhores resultados na temporada. Ao volante de sua Benetton, soltando faíscas na subida da lendária curva Eau Rouge, o Baixo foi o mais rápido ao longo da disputa com a melhor volta, terminando em 4º lugar – mesma posição alcançada em Monte-Carlo, no GP de Mônaco.

O pior estava por vir: Moreno recebeu, em sua residência, um fax enviado por Flavio Briatore, que o demitia por “justa causa”.

“Você é física e mentalmente inapto”, teria dito um dos trechos do comunicado.

Muita gente – ainda – nem desconfiava, mas Briatore fora procurado, após o GP da Bélgica, pela Mercedes-Benz. Desejosa por ver os seus jovens pupilos Michael Schumacher e Karl Wendlinger na Fórmula 1, a marca da estrela de três pontas partiu para o mais deslavado leilão do passe dos garotos. Schumacher, que entrou no lugar de Bertrand Gachot naquela oportunidade, teve sua vaga paga por US$ 80 mil. Para a Benetton, um time melhor e mais estruturado, o valor era mais alto e as cartas foram postas na mesa. Na base do “pega agora ou larga”, o chefão da montadora germânica, Jochen Neerspach, ofereceu os serviços de sua joia rara à Benetton desde que recebesse US$ 300 mil. Negócio fechado.

Moreno fez o que tinha de ser feito. Afinal, um saldo do contrato ainda estava pendente, coisa de US$ 500 mil, bastante dinheiro – mesmo para 1991. E entrou na justiça contra a Benetton e Flavio Briatore. Só que o “bom samaritano” Bernie Ecclestone interveio para resolver as coisas a bom termo para ambas as partes.

O brasileiro foi a Monza com o objetivo de correr no GP da Itália e lá na pista tudo se resolveu. Um acordo foi lavrado, Moreno recebeu o dinheiro do saldo restante do contrato e pagou por duas corridas para guiar em Monza e em Portugal… a Jordan que fora de Schumacher. Acordo encerrado, o brasileiro ainda foi visto no GP da Austrália pela Minardi, na vaga de Gianni Morbidelli.

Há 24 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários

  • Moreno, um cara subestimado na F1. Se bem me lembro ele chegou a estar na disputa de título no final dos anos 90, começo dos 2000 na CART naquele carro prata e preto da Visteon, não!?

  • Uma das lembranças do GP belga 1991 fica por conta de que nas voltas finais, os dois carros McLaren (Senna e Berger) estavam com problemas na transmissão. Inclusive, após a bandeirada, ambos sequer fizeram a volta de desaceleração. Particularmente, gostaria que ao menos o câmbio de Berger falhasse na penúltima volta: desta forma, Piquet – 3º colocado – subiria uma posição, o mesmo acontecendo com Moreno. Desta forma, teríamos um tão sonhado – e histórico – pódio com três brasileiros!
    Aproveito para dizer que achei para lá de injusta a demissão sofrida por Moreno. Penso que o ‘alemão’ teria similar carreira na F1, mesmo que estreasse por outra equipe…

  • O grande problema do Moreno não é pilotagem e sim a fala de carisma, ele não tem a simpatia do Émerson ou do Rubinho, nem a seriedade do Senna, ou o humor do Piquet…Infelizmente eu concordo com o Briatore e olha que eu detesto este Italiano, mas eu já vi o Moreno conversar e ele é fraco de entrevista, pequenino, 1,60, 58 kgs, feio, careca, sotaque carregado, dificuldade de se expressar…Outro cara assim é o Kimi Raikkonen…mas pelo menos o kimi não é feio.

    • Nem Briatore acredita nele mesmo.
      As “desculpas” para demitir Moreno eram outras. Grana vinda da Mercedes.
      Basta assistir as corridas de 91 na Benneton e verá que Moreno teve ótimo desempenho.