Audi retoma o caminho das vitórias no WEC

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Esta foi a 9ª vitória da trinca Fässler/Tréluyer/Lotterer em 25 corridas do Mundial de Endurance

RIO DE JANEIRO – A abertura do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) marcou a redenção da Audi nas provas de longa duração. Batida de forma inapelável pela Toyota e muito incomodada pela Porsche no ano passado, a marca dos quatro anéis de Ingolstadt mostrou a velha força de outrora e venceu, com grande autoridade e competência, as 6h de Silverstone. Foi o nono triunfo em 25 corridas na história da categoria, para o trio formado por Marcel Fässler/Bénoit Tréluyer/Andre Lotterer.

A corrida começou com a Porsche monopolizando a primeira fila, mas enquanto os “Fuscões” foram velocíssimos em qualificação, a Audi brincou de ser veloz em ritmo de corrida – tanto que a volta mais rápida da prova – 1’40″839, cortesia de Bénoit Tréluyer na 26ª passagem – foi mais de um segundo melhor que qualquer outro rival na pista, exceto o carro #8, que também fez sua melhor volta na casa de 1’40”.

Além de não ter o mesmo desempenho, a Porsche ainda perderia o seu carro pole position: o #17 de Mark Webber/Timo Bernhard/Brendon Hartley despediu-se logo cedo da disputa após liderar e abrir boa vantagem. Uma falha no sistema de direção tirou o carro de combate e só restou o #18 de Romain Dumas/Marc Lieb/Neel Jani para discutir a liderança com os rivais de Audi e Toyota.

Nisso, a corrida ficou difícil para alguns outros LMP1: o #8 de Oliver Jarvis/Lucas Di Grassi/Loïc Duval ficou alijado de qualquer chance na corrida devido a uma colisão com um retardatário mais lento e uma excursão na grama. A trinca perdeu quatro voltas e terminou em 5º na geral. Também o Toyota TS040 #2 conduzido por Stéphane Sarrazin/Alex Wurz/Mike Conway enfrentou problemas quando, com Conway a bordo, o protótipo atingiu um poste de marcação na pista e sofreu danos, perdendo uma volta e fazendo a trinca terminar em quarto.

Na disputa restrita a três carros, quase que o Audi “dança”: perto do fim da corrida, Marcel Fässler, que conduzia o R18 e-tron quattro #7, sofreu uma punição por exceder – duas vezes – o limite da pista na disputa com o Porsche #18, colocando as quatro rodas de seu protótipo fora do traçado. Mesmo com o stop & go, o suíço voltou à ponta porque – mesmo com dois pit stops a menos – Neel Jani não foi capaz de alcançá-lo e o Toyota dos campeões Sébastien Buemi e Anthony Davidson, mais Kazuki Nakajima, precisou de um último e rápido reabastecimento a 20 minutos da quadriculada. Fässler completou as 201 voltas percorridas com pouco mais de quatro segundos adiante de Jani e 14″816 melhor que o Toyota #1.

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Pole e pódio marcaram a boa estreia de Pipo Derani no WEC pela G-Drive Racing

A G-Drive Racing comemorou a dobradinha na classe LMP2: a vitória na divisão, numa performance dominante depois que o Oreca 05 Coupé da KCMG foi alijado da luta em razão de problemas de superaquecimento do motor (uma pedra danificou o radiador do novo carro do time de Hong Kong), ficou com o #26 de Julien Canal/Sam Bird/Roman Rusinov, que completaram uma volta à frente do #28 de Pipo Derani/Gustavo Yacamán/Ricardo González. A trinca 100% latina chegou em 7º lugar na classificação geral.

“Foi um final de semana produtivo, com primeiro e segundo para a equipe. Começar o ano com pódio, num campeonato mundial, é sempre muito bom. Estamos felizes, mas também gostaríamos de ter brigado pela vitória. Mas vale lembrar que somos uma equipe nova, eu e meus companheiros estamos iniciando um trabalho juntos, então tem um tempo de adaptação”, comentou o brasileiro.

“Fizemos a pole e estreamos largando na frente, o que nos deu um ponto extra no campeonato e foi muito bom. Na corrida, no final, tivemos um problema e ainda não sabemos ao certo o que era. Talvez seja a direção elétrica ou suspensão, mas tivemos de parar duas vezes para trocar os pneus e ver o que estava acontecendo. Então, chegar em segundo e trazer os pontos pra casa, mesmo com o carro lento no final, foi muito importante. Estou muito feliz com a equipe e agora vamos pensar na próxima em Spa”, concluiu Derani.

O pódio foi completado na pista pelo HPD ARX-03b #30 da Tequila Patrón ESM, o que seria o primeiro grande resultado do time estadunidense no WEC. Mas nas verificações técnicas, o resultado de Ryan Dalziel/Scott Sharp/David Heinemeier-Hänsson foi cassado e os pontos da posição ficaram com a Strakka Racing, que não teve o mesmo ritmo que os rivais durante a prova. Mas não deixa de ser um alento para o time que estreou neste fim de semana o novo Dome S103 Nissan.

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A dupla Bruni e Vilander contou com um erro da Aston Martin para vencer na LMGTE-PRO

Na LMGTE-PRO. a Aston Martin sofreu um duríssimo revés após o 1-2-3 nos treinos: foi derrotada pela constância das Ferrari F458 Italia da AF Corse e por um erro estratégico que jogou a corrida dos britânicos fora. Durante uma entrada do Safety Car na 2ª hora de disputa, os italianos optaram por fazer um pit stop no período de neutralização, ao contrário dos adversários, que pararam em bandeira verde – especialmente os carros #95 e #97, que perderam um minuto com isso. A liderança ficou durante grande parte da disputa com o #71 de James Calado/Davide Rigon, mas prevaleceu a partir da 5ª hora a dupla do #51, formada por Toni Vilander/Gimmi Bruni, que conquistaram juntos mais um triunfo no WEC. O Porsche 991 RSR #91 de Michael Christensen/Richard Lietz ainda chegou em 2º na classe, suplantando o carro de Calado/Rigon.

O brasileiro Fernando Rees, junto a seus companheiros Richie Stanaway e Alex MacDowall, alcançou o sexto lugar na divisão – 14º lugar na geral, com 171 voltas completadas. A trinca começa o campeonato de pilotos de Grã-Turismo com oito pontos na competição.

Apesar do fracasso na classe principal de Grã-Turismo, a equipe britânica prevaleceu na LMGTE-AM graças ao excelente trabalho da trinca do #98 guiado por Pedro Lamy/Paul Dalla Lana/Mathias Lauda, dando à Aston Martin o terceiro triunfo em sequência nesta classe. A trinca fechou a disputa em 16º na geral, com pouco mais de 13 segundos de frente para a Ferrari #83 da AF Corse guiada por François Perrodo/Rui Águas/Emmanuel Collard. A SMP Racing conquistou logo na estreia de seu carro no WEC o primeiro pódio, com Aleksej Basov/Viktor Shaitar/Andrea Bertolini.

Por falar em estreia, o ator-piloto Patrick Dempsey fez sua primeira aparição no Mundial e terminou em 6º lugar na classe ao lado dos parceiros Patrick Long e Marco Seefried. E o retorno da Larbre à competição foi marcado por dezenas de problemas com o trio do Chevrolet Corvette C7-R, que foram de duas colisões com carros bem mais rápidos a um stop & go de um minuto, considerado “tempo demais” porque a equipe cometeu um erro num dos pit stops.

Na próxima etapa, marcada para 2 de maio em Spa-Francorchamps, está prevista a participação de um terceiro Porsche 919 Hybrid com o piloto de Fórmula 1 Nico Hülkenberg a bordo, ao lado de Nick Tandy e Earl Bamber. É bem possível que vejamos também algumas equipes do ELMS competindo na Bélgica como preparação para Le Mans, além da estreia do Ligier JS P2 com a equipe Tequila Patrón ESM.

Resultado final das 6h de Silverstone, AQUI.

Comentários

  • Não consigo deixar de achar esses prototipos do WEC muito feios. Com essa “parede” central-traseira, e com esses paralamas dianteiros altos, de corte reto e cheios de farois, parecem mais uma “breadvan”…
    Por isso, prefiro os LMGTE, que pelo menos são carros de verdade, não tem motores diesel nem carregam uma “usina elétrica” em seu bojo !!!
    Podem me dizer que eu sou velho e retrogrado, mas eu preferiria muito mais que a categoria seguisse uma linha de “Formula Silhouette”, com desenvolvimento mais forte em cima do carro de rua, mantendo o perfil e as dimensões basicas (inclusive motor e transmissão) de um veiculo de serie com produção minima de 100 unidades por ano. Isso traria mais desenvolvimento para os carros de rua, aproximaria o publico das corridas e incentivaria fabricas menores a lançar novos modelos GT e a investir em competição (fabricas como são ou eram a
    Ginetta/Spyker/Venturi/TVR/Koeniggseg/outras)

    • Grande Seabra, concordo também, temos excesso de tecnologia, e a competição perde.
      Mattar, tem a vitória da Lambo Huracan em Monza também . A casa de Ingolstad fez dobradinha !

    • Existem seríssimas dúvidas de que uma mudança dessa teria alguma capacidade de trazer mais desenvolvimento para os carros de rua, Antônio, o que é justamente o forte do WEC.

      Silhouttes são a especialidade de dois campeonatos já muito bem estabelecidos e que, inclusive, andam cada vez mais próximos: DTM e Super GT. Carros tão tecnológicos quanto os LMPs e F1s, que lembram em muito os carros de rua e são versáteis – lembrando que não são raros os casos de DTMs disputando, e ganhando, provas longas.

      Outro fato importante é toda a confusão criada no fim dos anos 90 e começo dos 2000, época que teve um regulamento muito parecido com a sua ideia, e que não deu certo, basta lembrar das Mercedes decolando em plena reta Mulsanne em 1999.

      Também acho os atuais P1s feios, até a Audi conseguiu produzir o seu monstrengo, e duvido que alguém odeie mais as barbatanas de tubarão dos LMPs do que eu, mas a escolha por esse formato – carros 100% de corrida – é amplamente defendida, afinal esteve presente nos dois melhores momentos do campeonato, nos anos 80 e hoje.

      Resta torcer para que a próxima geração seja menos feia, com carros mais largos, mais baixos, mais grudados no solo e sem a indecente barbatana. Algo parecido com isso aqui:

      http://i27.photobucket.com/albums/c176/Rac3rXGT4/MazdaRacewayLagunaSeca.jpg

      • Gustavo, sem polemizar: me incomodam a forma, os “gizmos”, os motores diesel e a trapizonga eletrica. Detalhes de regulamento, tais como eu propus, poderiam variar, poderiam ser carros exclusivamente de corridas, mas sem ser um “caminhão” como os protótipos atuais, nem estar recheado de “usinas termo-eletricas” e que tais.
        Quanto aos melhores momentos do campeonato, prefiro os anos 60 e 70.
        E quanto as Mercedes decolando em Hunaudieres (gosto mais assim…) e também os Porsches na Petite le Mans, acho que deveu-se muito mais a um exagerado otimismo de projeto do que ao regulamento propriamente dito. Afinal 917 já viajavam em Hunaudieres a mais de 380 por hora nos anos 70, e, mais tarde as WM Peugeot chegaram aos 407 ali, antes das chicanes, sem decolar. E agora mesmo um NIssan GTR (carro derivado de carro de rua, mas com fundo plano) decolou e deu flip-over em Flugplazt (Nurburgring).
        Contudo, respeito suas preferencias.

        Vitão, fui responder e saiu como se voce tivesse postado a resposta…não entendi nada.

        Antonio

      • Seabra.

        Quanto aos sistemas hibridos, desista, vieram para ficar e com seu uso massificado vão ficar cada vez mais baratos. Ou seja, daqui a algum tempo até as categorias menores terão suas “usinas termo elétricas”.

        É muito complicado comprar os 917 e mesmo o WR Peugeot com os “Super Gt1s” voadores que me referi, materiais, peso, construção, conceitos muito diferentes.

        Mas o fato é que que quando se tentou produzir uma classe de protótipos que fossem também carros de rua – justamente sua proposta – eles simplesmente se mostraram absurdamente perigosos.

        Claro que isso poderia ser sanado, mas, repito o raciocínio da mensagem anterior: O problema não é a escolha por carros 100% de corrida e híbridos, o problema é que eles estão feiosos este ano, só.

        Todas as vezes que se tentou alterar esse conceito para Le Mans/WSC/WEC, o resultado não foi satisfatório, GT1/GTP provaram ser caríssimos e silhouttes são seara de outras categorias.

  • Talvez tenha sido a corrida mais disputada na classe LMP1 que vimos até agora…porque a vitória ficou com a Audi, mas houve momentos de domínio dos Porsche e alguns instantes onde os Toyota incomodaram. Nesta temporada acredito em um equilíbrio maior, ou seja, não haverá um monopólio de vitórias por um carro específico. Na LMP2 uma corrida igualmente excelente, onde alguns carros mostraram potencial, outros mais confiabilidade e o velho HPD mostrando que ainda tem “lenha pra queimar”, mesmo com a desclassificação depois. Nas LMGTE as coisas parecem continuar como anteriormente…Ferrari domina a Pro e Aston Martin a Am