Três em quatro

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A largada do GP do Bahrein, com a terceira vitória de Hamilton – e da Mercedes – em quatro etapas do Mundial de F1

RIO DE JANEIRO – Estamos meio sem manchete na Fórmula 1. Lewis Hamilton venceu a terceira de quatro corridas, dispara na liderança do campeonato com 93 pontos e parece ser o grande favorito para conquistar mais um título, o terceiro da carreira. Alternando momentos interessantes com outros de puro tédio, o GP do Bahrein é mais um daqueles que não guardaremos na memória.

Mas é bom que a Mercedes-Benz continue preocupada com a Ferrari. Um claro sinal que os alemães não podem descansar nos louros do domínio que vem sendo demonstrado desde o ano passado. Os italianos mostraram sinais de franca recuperação técnica e seus carros foram os mais velozes no circuito de Sakhir, com pneus novos. Tanto que Räikkönen foi o autor da volta mais rápida e Vettel, mesmo com um carro problemático e saindo muito de frente, não ficou muito atrás – a diferença entre os dois foi de 0″313. Absurdo foi o que os bólidos vermelhos foram superiores com pneus macios: a vantagem para a terceira melhor volta (de Rosberg) foi de 1″015. Hamilton fez apenas a 5ª volta mais rápida da disputa, o que demonstra que os carros prateados foram mais regulares e constantes com os dois tipos de pneu oferecido, ao contrário da Ferrari. Mas o desempenho tanto de Kimi quanto de Vettel assustou e ligou de novo o sinal de alerta após a lavada germânica na China.

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Kimi voltou a ser o mesmo dos tempos de McLaren, da própria Ferrari e do primeiro ano na Lotus? É o que parece…

Räikkönen voltou a ser o velho “Iceman” de outros carnavais. Aliás, exceto a prova da Austrália, suas performances têm sido ótimas. Este foi o primeiro pódio do nórdico desde o GP da Coreia do Sul em 2013, logicamente o primeiro após seu regresso à Ferrari. A equipe e o piloto voltaram às boas e o chefe de equipe Maurizio Arrivabene tem coberto Kimi com muitos elogios. Merecidos, é claro.

O chorão Rosberg bem que tentou resgatar sua dignidade em baixa após o mimimi do GP da China e até mostrou uma combatividade que há algum tempo andava escondida dentro do macacão. Suas ótimas disputas por posição com Sebastian Vettel provam isso. Mas o alemão precisa mostrar muito mais – e não vem conseguindo. Chegou a um ponto que está ficando feio para Nico em comparação com Hamilton. E a diferença – hoje em 27 pontos – só faz aumentar.

Pelo lado da Williams, Felipe Massa tinha uma boa posição de grid e chances de incomodar na briga pelos lugares principais ao fim da corrida. Só que um problema elétrico o relegou a largar dos boxes e depois uma falha no assoalho tirou toda a eficiência aerodinâmica do FW37. Um pontinho foi tudo o que conseguiu, evitando que Valtteri Bottas – com uma prova a menos que o companheiro – não o igualasse. O finlandês chegou num excelente 4º lugar, beneficiado por uma parada a mais de Vettel por conta das frequentes saídas de frente – e de pista – do carro do alemão.

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Alonso ainda é a prova viva que um piloto pode fazer algo decente, mesmo com um carro ruim

A Renault continua a dar dores de cabeça à Red Bull, sua principal cliente há anos. O motor do carro de Daniel Ricciardo estourou na reta de chegada e após uma pífia performance nos treinos, Daniil Kvyat ainda conseguiu salvar a nona posição. E a McLaren continua numa draga sem tamanho, embora Fernando Alonso tenha superado a pouca competitividade do conjunto para chegar em 11º – provando que o talento ainda tem espaço numa Fórmula 1 cada vez mais dependente de um equipamento bom ou de ponta. Jenson Button, coitado, completou só 32 voltas durante o final de semana inteiro. Nos treinos, ficou com a última posição do grid. E com um insolúvel problema elétrico, o britânico nem largou neste domingo.

Aí eu sou taxado de ‘precipitado’ porque comparei num post anterior o tempo da pole de Stoffel Vandoorne para a prova da GP2 Series com o do Button no 2º treino livre. Ok… em ritmo de corrida até que o Alonso não deu vexame nenhum. Mas é inadmissível uma equipe da grandeza e da história da McLaren se sujeitar ao papel que tem feito neste ano. A gente tem que torcer para que saiam rápido dessa – e os espanhóis, mais do que todos, até porque a próxima corrida é em Barcelona e não sei se vai ter compatriota de Alonso capaz de gastar preciosos euros para ver seu ídolo andando no meio do pelotão, lutando com todas as suas forças para salvar os primeiros pontinhos do ano.

De resto, mesmo tendo terminado em 12º lugar, gostei da corrida que Felipe Nasr fez neste domingo no Bahrein. Mostrou maturidade, espírito de luta e fez uma ultrapassagem digna de aplausos sobre o seu xará Massa. Com pneus novos, sua volta mais rápida foi a sétima melhor da corrida. Mas a equipe não acompanhou o desempenho do novato brasileiro nos boxes, com pit stops desastrosos que puseram a pique não só a corrida de Nasr como a do sueco Marcus Ericsson.

Comentários

  • Boa Mattar! Concordo com você a respeito da comparação da F1 e GP2 no post anterior. Alonso provou porque ainda é o melhor piloto em atividade, extraiu o máximo do carro e sem poder de reação não defendeu uma vez sequer na reta(que eu tenha visto) pois sabe da limitação de potência. Nunca esperaria isso da Honda que praticamente está em todas as competições automobilísticas WTCC, INDY, F-Nippon, F-3 e GT3 com a Acura.