Canalhice

22-jun-2015---vista-aerea-do-parque-olimpico-do-rio-de-janeiro-as-construcoes-do-local-ja-podem-ser-vistas-do-alto-1435017224080_615x300
Orçamento estourou para as obras do Parque Olímpico erguido onde havia Jacarepaguá. E quem paga a conta? Eu, você, todos os que moram no Rio de Janeiro. Parabéns aos envolvidos!

RIO DE JANEIRO – Li nesta semana, não sem nenhuma surpresa, que o orçamento para a construção de arenas do Parque Olímpico, erguido no terreno em que se situava o Autódromo de Jacarepaguá, estourou. Os contratos vão mudar, de novo, para “ajuste de contas”. E dessa vez, quem vai pagar a conta é o povo do Rio de Janeiro.

O prefeito-fanfarrão-agogô Eduardo Paes, por quem nutro ostensiva antipatia (na minha opinião, o pior alcaide que vi na minha vida, superando até o nefando Cesar Maia), rebateu a reportagem do UOL, mas é sabido que o dinheiro federal é limitado e agora entra o dinheiro do município, na ordem de R$ 50 milhões, para tocar as já atrasadas obras para a Rio 2016. “Tenho que emprestar dinheiro para o governo”, afirma o administrador da cidade-sede dos jogos, num misto de ironia, fanfarronice e autossuficiência.

Prefeitura do Rio que destruiu uma importante praça esportiva, sede de GP do Brasil de Fórmula 1, Indy e MotoGP, afora centenas de corridas entre 1977 e 2012 – e que assistiu vitórias históricas de Nelson Piquet e conquistas do mito Valentino Rossi, que nunca cumpriu com a palavra de devolver à cidade um novo autódromo (a conversa de Deodoro virou lenda) e que resolveu remar na contramão da história.

Sochi, cidade-sede dos últimos Jogos de Inverno, fez seu circuito para o GP da Rússia de F1 em meio às instalações esportivas para aquele evento. E nessa semana, em coluna publicada no site da Folha de S. Paulo, o Fabio Seixas atentou para o detalhe que o epicentro do Pan que se disputa em Toronto é próximo ao circuito urbano Exhibition Place, palco há décadas de corridas da Fórmula Indy.

Só aqui mesmo, no país de oito títulos mundiais de Fórmula 1, outros tantos de Indy, sete vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis e incontáveis vitórias, o automobilismo é tratado dessa forma vergonhosa, canalha e destruidora. Depois, nos queixamos da falta de pilotos no exterior, da ausência de ídolos e muito mais. O resultado está aí.

Graças não só a Eduardo Paes, como também a Carlos Arthur Nuzman e Cesar Maia (escrevo de nariz tampado o nome de todos esses senhores), com a conivência de inúmeros interessados, inclusive a iniciativa privada e os especuladores que pressionaram para a mudança do zoneamento urbano daquela região de Jacarepaguá para a Barra, com o fito da valorização do terreno, mas também à incompetência generalizada dos que são responsáveis pelo automobilismo neste país, o Rio vai para três anos sem autódromo e é uma vergonha que continue sem uma praça à altura do que foi a antiga pista carioca.

Canalhice. Isso define tudo.

Comentários

  • entendo a indignacao Rodrigo, a palavra “canalhice” ainda é insuficiente para definir a situacao ! o pior é que esse é apenas um exemplo do que normalmente é feito com o dinheiro público em todos os cantos desse país…

  • Dessa turma não podemos esperar nada de bom, Mattar…tando do poder público local como dos dirigentes do automobilismo no que diz respeito à um novo autódromo no Rio…até mesmo essas reformas de Interlagos me deixam com um pé atrás, ainda que aparentam estar andando conforme planejado, mas é nítido que tudo que está sendo feito é apenas para atender à F1. O WEC, um evento muito mais legal para o espectador, sinceramente não acredito que retorne, infelizmente.

  • É isso aí, Rodrigo! Você é uma das poucas vozes que insistem em defender nosso esporte aqui no Rio. A maioria cansou, debandou, foi cuidar de outras coisas, descrente de tudo. Na vida, a gente sonha em evoluir, crescer, melhorar, aprender, ser feliz. Hoje em dia, em termos de automobilismo, a gente sonha menor, só em voltar a um ponto em que já estivemos. E mesmo esse sonho menor parece distante demais de se realizar.

    Enquanto isso, os políticos canalhas e os torradores de dinheiro público continuam a agir como se não houvesse freio para eles; suas paixões são só dinheiro e poder. Gente pobre, gente estranha. Gente?

  • Calhordas, cretinos, não existem qualidades suficientes para elogiar essa raça política. Esperar o que de quem não nos entrega nem saúde, educação e segurança?

  • Bom dia pessoal.

    Assino embaixo e olhos fechados.

    Implodiram o Autódromo do Rio sem dó nem referendo, nem pesquisa de opinião.

    Começaram reformas em Brasilia e mandaram parar. Menos outro Autódromo.

    Interlagos está fechado sem saber o porque e só serve para Fumantes, PUNKS e vagabundos metidos a Rebeldes e Woodstock…

    Vamos fazer um bolão sobre qual será o próximo a ser capado fora ?

    No País onde FUNK, FUTEBOL, Besteriol, Pornografia, Infidelidade são os valores que estão facilmente ao alcance dos que tem menos instrução, vamos esperar o que?

    Já proibiram armas para o cidadão que gosta de praticar o Hobby de tiro ao alvo.

    Agora estão querendo proibir armas brancas ( facas no início ), pois as mortes e a violência são causadas por quem compra faca de cozinha e de churrasco.

    A velocidade é causadora dos acidentes de trânsito. Pelo menos as campanhas para trânsito seguro falam isso, mas não falam na falta de instrução qualificada nos Centros de Formação de Condutores.

    Sendo assim, Automobilismo é apologia a violência no transito e quanto mais não for mostrado na TV carros de corrida e quanto menos possibilidade de fazer automobilismo existir neste País, melhor.

    Assim sobra mais tempo para falar da cor do cabelo do jogador fulano de tal, da bunda da fulana de tal e de toda a porcaria que não contribui em nada com o desenvolvimento do País.

    Imaginem o que seriam a Audi, BMW, Mercedes e Porsche na alimanhã o limite de velocidade fosse 80 km/h e não tivesse o DTM????

    Seriam apenas montadores de carroças, como o Brazil,

    Ordem e Progresso ?

    Desordem e Regresso… e viva o Presidencialismo onde o Presidente não manda nada… apenas na loteria esportiva pra arrecadar e tirar férias…

    FIM…

  • E é Brasil com Z mesmo pois somos um País integrante de Blocos Intenacionais, em pleno crescimento e evolução…

    O Brasil com S, de Senna, se perdeu, assim como Interlagos, ou agora Interfumos, pois só acontece isso por lá…

  • Infelizmente estamos sem, e ficaremos sem autódromo e automobilismo aqui no Rio. Por mais revoltante que isso seja, por mais tristeza que isso nos provoque, infelizmente, é assim. Igualmente a um parente querido que se vai, o automobilismo aqui no Rio se foi. Se foi por tudo que você muito bem observou Rodrigo, e que eu já não tenho mais forças para repetir. Sim, pagaremos por isso e por muito mais canalhices que ainda estão por vir, e de certa forma por culpa nossa mesmo.

    Num primeiro momento, porque nós cariocas somos covardes e acomodados. Fez sol, sobrou um dinheiro pra cerveja, dane-se tudo. Num segundo momento, porque parte dessa culpa é dos próprios pilotos que aqui andavam e nada fizeram durante muitos anos.

    Desde a década de 90 acompanhei de perto, de dentro dos boxes, principalmente o nosso regional (Turismo carioca), e, nunca houve união. Próximo a degola do lugar, todos “se reuniram” para tirar fotos com uma faixa feita (esse sim) pelo André Buriti, o cara que mais denunciou e brigou por aquilo lá.

    Hoje, muito certo na minha opinião, o André encheu o saco, fechou o blog dele e mudou. Viaja, criou um novo blog e as vezes fala de automobilismo, como numa viagem recente ao sul, onde acompanhou de perto as corridas na terra, o que só demonstra que se você gosta de automobilismo: mude-se para a região sul. Do Paraná pra baixo você encontrará muitas pistas, categorias, federações e gente honesta que sabe lidar e cuidar desse esporte. Qualquer outra praça, me desculpem, é arremedo de organização, é algo extremamente frágil que sobrevive principalmente pela paixão de poucos. Eu não correria/investiria grana em outro lugar, que não fosse na região sul.

    A única exceção que parece nascer forte, e tem previsão de estreia em breve (salvo engano Agosto), e a Old Stock, que correrá basicamente (ou totalmente) em SP, e terá nomes como Paulão Gomes e outras feras guiando opalas antigos, com regulamento enxuto e muito bem feito, e onde teremos um representante carioca, o grande Jorge Cláudio Schuback que correrá com um lindo old stock com pintura do Alan. Quem é Alan? Simplesmente filho do Sid Mosca, o cara que pintou um dos capacetes mais copiados e conhecidos do mundo, de um tal de Ayrton Senna. Schuback vai usar o tradicional nº 25, que tantas vitórias lhe deu aqui no Rio de Janeiro.

    Voltando ao tema autódromo do Rio, olhando para o horizonte, me digam: O que você conseguem ver? Em que se apoia a esperança de vocês? Se vierem com a frase batida que “a esperança é a última que morre”, eu paro por aqui; mas me digam seriamente, podemos ter esperança? Você aí que está lendo, confia em alguém, que antes (impossível), ou depois (muitíssimo pouco provável) de 2016, conseguirá construir uma pista padrão FIA (é o que querem), aqui nessa cidade quebrada, financeiramente e com obras por todos os lugares? Tracem um paralelo e aumente seu desespero, lembrando de cidades como a Grécia, que sediaram grande eventos do esporte…. “tá” boa a coisa lá né? Mamaram bastante e agora? A coisa aqui no Rio caminha pra algo parecido, e é isso que espanta, e muita gente não vê ou finge que não vê.

    Pra terminar, está acontecendo um movimento envolvendo um político aqui no Rio, e muitos amigos meus, com relação a discutir a construção de uma nova pista em Guaratiba. Não vou me alongar sobre esse tema, pois pelo teor do meu discurso, vocês podem imaginar o que eu penso disso, mas, lá no fundo, sendo bem honesto com vocês, eu torço para estar errado, e que essa iniciativa promova frutos positivos, que algo realmente aconteça, por que não sou do contra ou torço contra a volta do automobilismo aqui, apenas, não acredito mais em nada. Não acredito nas pessoas que cuidam do automobilismo nesse país, nem naquelas “interessadas” em ajudar esse esporte. Em tempo, com esse grupo de trabalho incluindo esse político carioca, existe uma proposta exequível. Uma proposta concreta de realizarmos provisoriamente corridas em circuitos montados na rua, numa área que na década de 60 já foi palco de provas automobilísticas aqui no Rio, e, que poderiam promover a revitalização dessa parte da cidade (abandonada aos finais de semana), sem impacto para o transito próximo, com condição inclusive de abrigar provas de arrancada e track days, em datas alternadas. Um projeto encadernado, com desenhos e levantamentos, inclusive de custos e de como de montar e desmontar tudo. Algo que precisaria de patrocínio, que passaria na porta de um possível patrocinador (Petrobrás), e que demandaria a busca por outros, para que a prefeitura não entrasse com nada, e ainda expusesse seu logo no evento. Aquele que hoje levanta essa bandeira poderia realmente fazer algo em prol do esporte e em pouquíssimo tempo teríamos automobilismo de volta, mas…. a coisa caminha para outro lado. “Nós precisamos de um autódromo padrão FIA não sei o que.” Nós precisamos trazer eventos internacionais pra cá” “O Rio não pode ficar sem autódromo”…. Repito, não torço contra, não mesmo. Estou acompanhando relativamente de perto essa empreitada, e, torço para estar enganado. Quanto as minhas esperanças…. bem…. vamos ver o que acontece.

    Uma boa semana a todos.

  • Rodrigo, só me desculpe algumas coisas que acho que vc não expressou e que são importantes. Os safados , sr prefeito do Rio à frente , só tiveram o poder para fazer o que fizeram por alguns motivos e elenco dois:
    O primeiro é o histórico – Jacarepaguá ficou abandonado pela CBA e por todos que do esporte deveriam cuidar e nunca o fizeram (lembro que como tenho um tio de corria de kart lá , próximo à pista haviam oficinas, fora outras atividades que aconteciam, no estacionamento, por exemplo, ligadas ao esporte a motor, que nunca tiveram apoio oficial) está omissão . deixou, também, crescer próximo a pista, enormes condomínios de alto luxo ( com inúmero advogados com muita influência e poder)…
    O segundo – A pista só foi alterada com anuência da CBA que fez jogo de cena com o poder público e mas uma vez não usou de seu poder e influência ( existem inúmeros advogados que praticam o esporte que poderiam com medidas cautelares embargar o início das obras) pra defender o esporte.
    Na minha opinião, a CBA, como vários outros grupos representativos de toda e qualquer coisa, sempre foram associações de Elite que nunca tiveram e não tem interesse em popularizar o esporte a motor. Mantendo poucas pistas e preços astronômicos seu clubinho de privilegiados ricos se mantém, num universo de prepardadores de entusiastas, mecânicos e outros tais, que jamais terão oportunidades não aparecerem. Digo tudo, por experiência própria na safadezas que faz nossa Confederação , pois entre outros tantos exemplos, no kart daqui no Rio, que eles dizem incentivar, para nos corrermos amadoramente na pista de Guapimirim com kart velhos usados e surrados precisamos ser federados. Nenhum de nós é ou pretende ser profissional do esporte, mas o dono da pista não pode autorizar nosso campeonatinho mensal, por que a CBA PROÍBE, OS NÃO FEDERADOS…..Este é apenas um exemplo das inúmeras safadezas deste povo…..
    Cresci naquelas arquibancadas de madeiras, assistindo belíssimas provas, acidentes variados, shows da força aérea, eventos dos mais diferentes, mas asssiti meu palco de shows sobre rodas ruir sem poder fazer nada….

  • Aqui em SC não temos autódromo asfaltado, mas com boa vontade e paixão pela corrida vale até correr no cascalho e na lama. As pistas de terra aqui juntam um público considerável a cada evento.

  • Rodrigo, apenas corrigindo que não são 6 e sim 7 vitórias na Indy500. 3 de Helinho, 2 de Émerson, 1 do Gil de Ferran e 1 do Tony Kanaan. E onde há política envolvida que o cheiro de esgoto não transborda? Lastimável não poder mais ver as provas no ótimo circuito de Jacarépaguá e no seu oval formato de trapézio.