Discos eternos – Woodstock (1970)

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RIO DE JANEIRO – Houve um tempo de intolerância em que a música era – e deveria ser, ainda nos dias de hoje – o grande remédio para os males de guerras sem sentido. Foi o que aconteceu quando os EUA, insanamente, declararam-se inimigos do Vietnã. E por três dias (e mais uns quebrados) de agosto, uma multidão incalculável de jovens se reuniu numa fazenda em Bethel, no estado de Nova York, para (con)viver em paz e ouvir um som da pesada. Foi, como todos sabem, a reunião do Festival de Woodstock, um evento que entrou para a história, em todos os sentidos.

O grande marco da Contracultura foi celebrado com o lendário filme de Michael Wadleigh, que ganhou o Oscar de melhor documentário (concorria ainda na categoria de melhor montagem e melhor mixagem de som) e uma trilha sonora que, se não é completa como deveria – e merecia ser – tentou retratar o espírito do que foi o festival, mesclando anúncios de palco com a participação da plateia, especialmente nos momentos em que caiu um tremendo toró no terceiro dia, logo após a apresentação arrebatadora do grande Joe Cocker, falecido neste ano. Eddie Kramer, o engenheiro de som dos álbuns de Jimi Hendrix, trabalhou nas mixagens e fez um belo papel ao lado do produtor Eric Blackstead na colagem dos momentos que permearam as apresentações dos artistas.

Há alguns senões, contudo. A versão de “Sea of Madness”, com Neil Young apresentando-se ao lado de Crosby, Stills & Nash, foi na verdade extraída de uma performance do grupo ao vivo no Fillmore East, na mesma Nova York. A música foi recuperada para o álbum comemorativo do 40º ano do festival. Também a apresentação de “Coming into Los Angeles”, do cantor folk Arlo Guthrie, não corresponde ao áudio e muito menos ao vídeo que aparecem ao longo do documentário de Wadleigh. Só a intervenção do artista, que afirma que as estradas no entorno da fazenda estavam fechadas, completamente intransitáveis, é do show original em Woodstock.

Se nada é perfeito – dá até para relevar as performances panfletárias de Joan Baez (enormemente grávida e protestando a prisão do próprio marido no Festival) e de Jeffrey Shurtleff, que dirige epítetos ao então governador da Califórnia Ronald Reagan, pelo menos a crítica e o público gostaram, porque algumas das melhores performances daquele evento estão ali, em todo o seu frescor. Entre 11 de julho e 7 de agosto de 1970, o disco da trilha sonora do filme foi número #1 na parada da Billboard. E além do álbum editado pela Cotillion/Atlantic Records, sob a supervisão da Warner Music na reedição de CD lançada em 1994 em formato duplo, enquanto o velho bolachão era triplo, houve o disco duplo Woodstock 2, que veio ao mundo em 1971 com fonogramas até então inéditos.

Ficha técnica de Woodstock: Music From The Original Soundtrack and More
Selo: Cotillion/Atlantic Records
Gravado ao vivo entre 15 e 18 de agosto de 1969
Lançado em 11 de maio de 1970
Produção de Eric Blackstead
Duração: 2h18’56”

Músicas:

1. I Had a Dream (John Sebastian)
2. Going Up to The Country (Canned Heat)
3. Freedom (Richie Havens)
4. Rock and Soul Music (Country Joe & The Fish)
5. Coming into Los Angeles (Arlo Guthrie)
6. At The Hop (Sha-Na-Na)
7. “The Fish” Cheer/I-Feel-Like-I’m-Fixin’-To-Die-Rag (Country Joe McDonald)
8. Drugstore Truck Drivin’ Man (Joan Baez & Jeffrey Shurtleff)
9. Joe Hill (Joan Baez)
10. Suite: Judy Blue Eyes (Crosby, Stills & Nash)
11. Sea of Madness (Crosby, Stills, Nash & Young)
12. Wooden Ships (Crosby, Stills, Nash & Young)
13. We’re Not Gonna Take It (The Who)
14. With a Little Help From My Friends (Joe Cocker)
15. Soul Sacrifice (Santana)
16. I’m Going Home (Ten Years After)
17. Volunteers (Jefferson Airplane)
18. Medley: Dance To The Music/Music Lover/I Wanna Take You Higher (Sly & The Family Stone)
19. Rainbows All Over Blues (John Sebastian)
20. Love March (Butterfield Blues Band)
21. Medley: Purple Haze/The Star Spangled Banner/Woodstock Improvisation (Jimi Hendrix)

Comentários

  • Tenho , tinha , bem tenho ainda o Albúm Duplo – Woodstock 2 (Sem Capa , comida pela enchente de 2012 no Rio de Janeiro) , é realmente bárbaro mas pena não ter nenhuma faixa com Janis e outros ‘ Monstros ‘ . Em tempo , assistir 3 Horas de Filme é gostar muito certo . Pois é !

  • Tenho o álbum triplo original super inteiro deste festival que foi o maior de todos os tempos. O filme deste festival está em todas as bibliotecas públicas dos Estados Unidos pois tornou-se patrimônio histórico deste país, o que na época o festival foi considerado um afronta aos bons costumes americanos.
    Que tempos bons!!!!!!!!!!