Outsiders: Tom Pryce, o galês que jamais se rendia

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Tom Pryce (1949-1977): nunca soubemos onde este galês poderia chegar na história do automobilismo

RIO DE JANEIRO – Dizia uma canção do 22º Regimento de Galeses Fronteiriços: “Sempre pronto para a batalha! Um galês nunca se rende”. Pois o único galês que a Fórmula 1 conheceu em toda a sua história era como seus compatriotas que pereceram em luta sangrenta aos pés do monte Isandawana, em 1879 – coincidentemente, na mesma África do Sul em que Tom Pryce perderia a vida, aos 27 anos – uma morte trágica, talvez a mais chocante da história do automobilismo.

Nascido Thomas Maldwyn Pryce no dia 11 de junho de 1949, em Ruthin, no condado de Denbigshire, País de Gales, era filho de um antigo bombardeiro da II Guerra Mundial. Seu pai, Jack Pryce, pilotava os temidos Avro Lancaster, servindo à Real Força Aérea Britânica e sobrevivendo às longas, tensas e sangrentas batalhas que dizimaram países na Europa e Ásia. O interesse do menino que cresceu filho único desde 1952, quando morreu seu irmão mais velho, foi inicialmente pelos carros: aos 10 anos, guiou seu primeiro veículo – uma picape de entregas de uma padaria galesa. Depois, mais velho, o adolescente Thomas quis ser (assim como o pai) aviador. Mas não se considerava “suficientemente inteligente” para pilotar caças e logo desistiu.

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Nos tempos da Fórmula Ford, em 1971: ganhando os cumprimentos de ninguém menos que Jackie Stewart após uma vitória

Voltou suas atenções ao automobilismo e encontrou nele o seu primeiro ídolo: o Escocês Voador Jim Clark, campeão mundial de Fórmula 1 em 1963 e 1965. Contudo, quando este morreu aos 32 anos, vítima de um acidente numa prova de F-2 em Hockenheim, Tom viveu sua primeira tristeza no esporte. Com 20 anos, em 1969, fez sua primeira prova de Fórmula Ford, na pista de Mallory Park. Disputou provas desta categoria até 1971 e conquistou uma vitória categórica sob chuva, no circuito de Silverstone, em 1970, construindo uma reputação de craque no piso molhado. Como marca registrada, corria com um capacete de desenho simples: totalmente branco, decorado com cinco listras verticais por sobre a viseira.

Na temporada de 1972, adquiriu um Royale RP11 e disputou com ele a Fórmula 3 inglesa, já um dos campeonatos de base mais disputados do mundo e ganho em anos anteriores pelos brasileiros Emerson Fittipaldi e José Carlos Pace. Numa prova preliminar da Race of Champions, evento extracampeonato de Fórmula 1, Pryce matou a pau deixando para trás nomes como os de James Hunt, Roger Williamson e Jochen Mass, já estabelecidos na categoria. Suspeitou-se que seu Royale estava fora do peso mínimo exigido e, portanto, ilegal. Só que o certificado de peso mínimo da Fórmula 3 mudara para aquele ano, ninguém se atentou deste detalhe e TODOS os carros estavam fora do regulamento.

O ano reservaria uma surpresa desagradável para o galês. Durante os treinos para o GP de Mônaco de Fórmula 3, preliminar da prova de F-1, Pryce perdeu o controle de seu RP11 na curva do Cassino. Quando tentava sair do bólido danificado, foi acertado em cheio por Peter Lamplough, que tinha perdido o controle de seu carro. Tom foi arremessado de encontro a uma vidraça de uma loja à margem da pista e fraturou uma perna.

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O galês fez várias provas de Fórmula Atlantic, uma delas em Trois-Riviéres, no Canadá

Pryce voltou às pistas duas semanas após o incidente, fez provas de Fórmula Super Vê e Fórmula Atlantic. Nesta última, sempre com um monoposto Royale, fez a pole position nas três provas finais do campeonato britânico e venceu a última corrida da temporada, em Brands Hatch. No ano seguinte, venceu mais três provas da categoria e a Royale vislumbrou a passagem para a Fórmula 2, de monopostos mais potentes e que estreava em 1973 os blocos de alumínio com 2 litros de capacidade cúbica. O financiamento viria através de Manfred Schurti, piloto alemão nascido no Liechtenstein, mas o projeto gorou quando Bob King, o fundador da Royale, simplesmente se demitiu e foi embora.

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Três corridas de F-2 em 1973 pela Rondel: uma delas foi em Rouen Les Essarts, na França

O jeito foi aceitar uma oferta de Ron Dennis, então começando uma carreira como dono de equipe após ser mecânico-chefe da Brabham na Fórmula 1, na equipe Rondel Motul, que o britânico mantinha com o sócio Neil Trundle. Pryce teve a chance de guiar o Motul M1 Ford BDA da equipe pela primeira vez numa prova do Europeu de F-2 em junho de 1973, no circuito de Hockenheim (o mesmo onde morrera o ídolo de infância Jim Clark), completando 25 das 40 voltas previstas, com direito ao 5º lugar na segunda bateria.

Em sua segunda aparição na categoria, abandonou na pista de Rouen les Essarts e em setembro, no circuito de rua de Norisring, completou as duas baterias de 60 voltas com correção e foi o 2º na soma de pontos, atrás de Tim Schenken. Por ser piloto “graduado”, o australiano não levou os pontos, mas Tom Pryce tampouco embolsou os nove pontos da vitória porque era apenas a 3ª prova do galês na Fórmula 2. Apenas cinco pilotos receberam classificação e os únicos que pontuaram foram Gunnar Nilsson e Bob Wollek.

Tempos loucos, aqueles…

Por falar em Ron Dennis e na Rondel, os planos dele eram mais ambiciosos para o ano seguinte e contemplavam a passagem para a Fórmula 1. Mas a Motul roeu a corda e o negócio não foi adiante. Só o veríamos na categoria máxima muito tempo depois, em 1981, quando a sua Project Four Racing fez primeiro uma joint-venture com a McLaren e depois o próprio Ron, com o auxílio da Marlboro, subscreveu Teddy Mayer e tornou-se o dono da escuderia fundada por Bruce McLaren.

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A estreia na Fórmula 1: à frente de Gérard Larrousse, Tom Pryce guia o Token RJ02, que seria o carro da natimorta Rondel

Voltando ao natimorto projeto Rondel, o carro idealizado pelo engenheiro Ray Jessop saiu do papel com a iniciativa de Tony Vlassopoulo e Ken Grob. Das iniciais dos nomes dos dois, saiu o acrófono que batizou o mais novo F-1 da praça: o Token RJ02, com motor Ford Cosworth DFV V8 e pneus Firestone. O primeiro piloto escalado para guiar o carro foi justamente Tom Pryce. Aos 25 anos, o galês finalmente era considerado “graduado” e podia guiar um carro da categoria máxima.

Sua estreia deu-se num evento extracampeonato: em 7 de abril, alinhou na última posição de um grid de 32 carros que disputaram o Daily Express BRDC International Trophy, em Silverstone. Enfrentando problemas desde os treinos, em que ficou a 26 segundos da pole position de James Hunt, o galês abandonou após 15 voltas, com problemas de câmbio. A primeira corrida oficial do piloto foi um pouco melhor: Tom largou de 20º num grid de 31 carros no GP da Bélgica, no extinto circuito de Nivelles-Baulers, próximo a Bruxelas. Estava em 20º – e último – quando se envolveu numa colisão com Jody Scheckter e abandonou na 66ª volta.

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Para calar a boca: taxado de “inexperiente”, Pryce venceu com este March 743 da Ippokampos a preliminar do GP de Mônaco de Fórmula 1

O acidente da Bélgica foi usado como desculpa pelos organizadores do GP de Mônaco para vetarem sua inscrição para a prova seguinte do Mundial de Fórmula 1 por “inexperiência”. A Ippokampos Racing, que disputava o Inglês de Fórmula 3 com um chassi March, não hesitou em confiar-lhe um 743 para a disputa da preliminar da F-1 no Principado. Pryce respondeu à altura aos que lhe taxavam de inexperiente. Venceu com sobras, quase 21 segundos à frente do 2º colocado.

Com um Chevron B27 Ford BDA do Team Baty, o galês voltou para a Fórmula 2. Fez duas corridas e chegou em 4º lugar na 5ª etapa do campeonato, em Hockenheim. Mas o destino apontava que o lugar de Pryce era mesmo a Fórmula 1: a Shadow, que estreara no ano anterior deixando boa impressão, perdeu no início do campeonato o principal piloto. Peter Revson morreu em testes de pneus em Kyalami, na África do Sul e a equipe tentara – em vão – achar um bom substituto. Brian Redman tinha compromissos noutros campeonatos e não podia ficar com a vaga. Bertil Roos só disputou o GP da Suécia e para o resto do ano, uma vaga se abria. Don Nichols e Jackie Oliver apareceram com uma proposta e contrataram o galês para dividir a UOP Shadow com o francês Jean-Pierre Jarier, que já tinha uma temporada completa nas costas, fora campeão da F-2 em 1973 e tinha fama de rápido.

Pryce levou 100 garrafas de champagne para casa após o GP da Inglaterra: em sua terceira prova pela Shadow, foi o mais rápido dos treinos livres

Pryce estreou pela equipe no GP da Holanda em Zandvoort e logo mostrou suas credenciais: fez o 11º tempo do grid, quatro décimos apenas atrás de Jarier. Mas sua corrida não durou uma única volta. Afoito, tentou resolver a parada na curva do Tarzan, a primeira do circuito, batendo com James Hunt e quebrando a suspensão. Em Dijon-Prenois, no GP da França, espantou ao cravar o 3º melhor tempo, batendo Jarier em sua segunda corrida pelo time estadunidense dos carros pretos. Mas, na largada, arrancou mal e provocou uma carambola com Carlos Reutemann e, de novo, James Hunt. Fim de papo para o galês.

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O primeiro ponto: 6º colocado do GP da Alemanha, no Ring de Nürburg

Até o fim do ano, sua situação melhoraria. No GP da Inglaterra, foi premiado com 100 garrafas de champagne porque acabou como o piloto mais rápido dos treinos livres, embora tenha largado de quinto. Chegou a andar em quarto, mas enfrentou problemas na segunda metade da disputa e foi apenas 8º. O primeiro ponto na Fórmula 1 veio no GP da Alemanha, em Nürburgring, com o 6º lugar. Depois, abandonou na Áustria, Canadá e EUA, e foi 10º colocado no GP da Itália, em Monza. Acabou em 18º na classificação final do Mundial de Pilotos.

Em 1975, seu nome chegou a ser vinculado na Lotus, que então enfrentava um sério declínio técnico e financeiro, com o modelo 72 cada vez mais defasado em relação aos demais monopostos. Mas a Shadow segurou o galês e o chassi DN5, obra do designer Tony Southgate, pareceu o carro a ser batido no início do campeonato, quando Jean-Pierre Jarier fez duas pole positions assombrosas em Buenos Aires e Interlagos – e quase venceu o GP do Brasil, parando por quebra. Pryce, contudo, só teve o antigo DN3 à disposição nas três primeiras provas do ano, estreando o modelo novo na 10ª edição da Race of Champions, corrida extracampeonato marcada para 16 de março, em Brands Hatch.

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A única vitória: Pryce comemora após ganhar a Race of Champions, prova extracampeonato, em Brands Hatch

Tom fez a pole position sob chuva e pista molhada, com o tempo de 1’34″9, um segundo abaixo do sul-africano Jody Scheckter. Após uma má largada, o galês superou as Lotus de Jacky Ickx e Ronnie Peterson e vinha em 2º quando o motor da Tyrrell de Scheckter quebrou a oito voltas do final. Pryce herdou a liderança e, ainda que numa prova não válida para o campeonato, venceu pela primeira vez na Fórmula 1. No outro evento disputado na Inglaterra, o International Trophy, o galês largou em 4º e chegou em nono na pista de Silverstone.

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O galês fez a pole position do GP da Inglaterra e chegou ao primeiro pódio na Áustria: terminou em 10º no Mundial de Pilotos

Após estes bons desempenhos, Pryce ganhou confiança dentro da equipe e começou a mostrar melhores resultados que Jean-Pierre Jarier, culminando com a conquista da pole position para o GP da Inglaterra, corrida que liderou por duas voltas – as únicas em provas oficiais em toda a sua carreira. Após marcar o primeiro ponto no GP da Bélgica, com um 6º lugar, repetiu o resultado na Holanda, numa corrida que começou com pista molhada e depois secou. Foi quarto na Alemanha, chegou ao primeiro pódio no GP da Áustria (foi 3º colocado, mas os pontos foram computados pela metade) e sexto no GP da Itália. Marcou oito pontos e foi 10º no Mundial de Pilotos.

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A única prova de Endurance: Tom Pryce disputou neste Mirage GR7 Cosworth os 1000 km de Nürburgring de 1975, ao lado de John Watson

Entrementes, o galês fez sua única aparição no World Sportscar Championship naquele mesmo ano de 1975, nos 1000 km de Nürburgring. Tom dividiu o protótipo Mirage GR7 com motor Ford Cosworth DFV número #5 com outro colega de Fórmula 1, John Watson. O carro, alinhado pela GELO Racing Team, de George Loos, largou de 6º no grid, mas acabou de fora devido a um acidente.

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O segundo – e último pódio: ainda à frente da Tyrrell de Patrick Depailler, Tom Pryce foi 3º no GP do Brasil de 1976

A Shadow apressou-se em renovar o compromisso de Tom Pryce com a equipe por pelo menos mais duas temporadas. E com tamanho respaldo, o galês começou o ano de 1976 muito bem. O DN5 era mesmo um carro muito bom no circuito de Interlagos, pois Jarier incomodou e quase tirou a vitória de Niki Lauda, então campeão do mundo. Mas o francês ficou pelo caminho e Pryce, que herdara a 2ª posição, acabou superado por Patrick Depailler. O segundo pódio e o 3º lugar não eram de todo ruins – muito pelo contrário. Mas Tom só voltaria a marcar pontos noutras duas corridas, embora tenha abandonado somente quatro vezes naquele ano – foi 4º no GP da Inglaterra e repetiu o resultado na Holanda, na estreia do modelo DN8, já pensando em 1977. No entanto, terminou o campeonato apenas na 12ª posição.

A temporada seguinte começou, como de hábito, com a tríade Argentina-Brasil-África do Sul. Na primeira etapa, Pryce largou em nono em Buenos Aires, mas acabou por não receber classificação: promovido a primeiro piloto da Shadow, o galês completou oito voltas a menos que o vencedor Jody Scheckter, completando em 9º lugar.

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O Shadow DN8 #16 foi o último carro de Pryce na Fórmula 1

No GP do Brasil, disputado em Interlagos, largou em 12º. Conseguiu sobreviver aos múltiplos acidentes que tiraram sete carros de combate na veloz curva 3 do antigo traçado do circuito paulistano e já estava em 2º lugar, que seria seu melhor resultado na Fórmula 1. Mas além do asfalto ruim, havia o forte calor de janeiro a atrapalhar. E o motor do DN8 de Pryce explodiu na 33ª volta.

A terceira etapa do campeonato de 1977 foi marcada para 5 de março no circuito de Kyalami. Nos treinos, Tom Pryce não teve um bom desempenho. O galês marcou apenas o 15º melhor tempo, no entanto a apenas 1″15 da pole position cravada por James Hunt, campeão mundial de 1976. O jovem italiano Renzo Zorzi, então companheiro de equipe do galês, lento e inexperiente, não estava tão bem também e ficou com a 20ª posição entre 23 pilotos.

Na largada, Pryce teve problemas e caiu para último, passando a débil BRM de Larry Perkins antes do fim da primeira volta. O galês, sempre seguindo o lema de seus compatriotas que pereceram em combate no século XIX, não se rendeu. Ultrapassou, em sequência, Brett Lunger, Renzo Zorzi, Alex Dias Ribeiro, Boy Hayje, Hans Binder, Clay Regazzoni e Jacques Laffite. Quando superou a Ligier Matra do francês, estava em 13º lugar.

A corrida chegava à altura da vigésima-segunda volta de um total de 78 previstas, quando justamente a Shadow #17 de Renzo Zorzi teve uma mangueira de combustível rompida bem defronte aos boxes. O carro parado no acostamento apresentou um princípio de incêndio, mas o piloto italiano saiu rápido do cockpit.

Aí, aconteceu…

O fiscal de pista Fredrik Jensen “Reed” Van Wuuren, jovem voluntário de 19 anos que trabalhava como carregador de bagagens no Aeroporto de Johanesburgo, quis ajudar. Apareceu com um pesado extintor de incêndio em mãos e ousou atravessar perigosamente a pista de Kyalami com o artefato em mãos.

Para quem não conhece a antiga pista sul-africana, basta dizer que a reta começava após uma curva razoavelmente rápida, era feita – claro – em pé cravado e seu final era numa descida que levava à curva Crowthorne, a primeira do traçado.

Pryce vinha no vácuo do March 761 de Hans-Joachim Stuck quando os dois completavam a 22ª volta. O galês nem teve tempo e espaço para desviar de Van Wuuren, pois vinha a 275 km/h e em quinta marcha. Tom atropelou o fiscal com seu Shadow e simplesmente dilacerou o corpo do garoto. O pesado extintor que “Reed” segurava, numa fatalidade sem precedentes na história do esporte, atingiu o capacete de Pryce, fraturando-lhe o crânio. Morte instantânea.

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Com Pryce morto e irreconhecível, o Shadow desgovernado atingiu o Ligier Matra de Jacques Laffite

O Shadow DN8 #16 fez a descida desgovernado, numa cena nunca antes vista. Pryce sem vida e o rosto do galês, que virara uma pasta informe ensanguentada, exposto. O bólido atinge a Ligier de Laffite e os carros batem nas telas de proteção da Crowthorne. Nada mais pôde ser feito: Tom Pryce, aos 27 anos, estava morto. Niki Lauda venceu, foi ao pódio receber seu troféu, mas foi categórico.

“Não sinto prazer algum em comemorar esta vitória”.

A curta trajetória do galês na Fórmula 1 encerrou-se após 42 provas disputadas, com uma pole position, dois pódios, duas voltas na liderança, 19 pontos somados e a 10ª posição no Mundial de 1975 como melhor resultado.

A partir daí, quem passou a lutar de forma solitária pela memória do piloto foi sua viúva, Fenella Pryce. Casada com o piloto havia apenas dois anos, além da dor da morte do galês, viu ainda o corpo de Tom ser cremado na mesma capela onde contraíram matrimônio. Durante muitos anos, Fenella lutou contra os donos do circuito de Kyalami exigindo uma indenização por falta de segurança, responsabilizando-os pela morte de Pryce, provocada pela inexperiência e pelo despreparo de Jensen “Reed” Van Wuuren.

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A marca registrada: o capacete branco, decorado com a bandeira galesa e cinco listras verticais por sobre a viseira

Em 2006, o jornalista David Tremayne lançou um livro chamado “The Lost Generation” (A Geração Perdida), celebrando três promessas britânicas vítimas de diferentes tragédias. A terceira delas foi justamente Tom Pryce. Os outros dois foram Tony Brise e Roger Williamson. Os britânicos acreditavam que eles seriam os maiores talentos do automobilismo dos anos 70 junto a James Hunt. Pena que nunca tivemos respostas à altura do que todos, especialmente Pryce, podiam prometer.

Comentários

  • Interessante que, de certa forma, esse acidente teve grande influencia no destino de algumas temporadas seguintes. O substituto do Tom Pryce foi o Alan Jones que, embora já tivesse mostrado alguns bons resultados em equipes menores nas temporadas anteriores, nunca havia tido uma oportunidade em uma equipe um pouco mais estabelecida como a Shadow.

    Na Shadow, ele venceu a sua primeira prova e provavelmente sem isso não teria atraído o interesse da Saudi Williams (e o resto depois disso é história)

  • Rodrigo, excelente e completo texto, Quanto ao citado Avro Lancaster da II Guerra Mundial era um bomberdeiro de 4 motores Rolls Royce Merlin e não um caça monomotor. Esse motor foi também usado no vitorioso caça monomotor Spitfire, No bimotor De Havilland Mosquito feito em madeira, o mais veloz bombardeiro na época e no estaduniense P51 Mustang, até hoje considerado o melhor caça.

  • Muito show essa seção!
    Sei que tem nada a ver, e que tô meio atrasado,…..mas,…..
    ……quando acompanhei aqui os detalhes do acidente que vitimou o Bianchi me veio “nas idéia” que, apesar do requinte e glamour, da tecnologia e de todos os esforços , de hoje, pro espetáculo “fiuir”,….. parece que a F1 ainda tem uma coisas dessa “era mambembe”.
    Eu não consigo lembrar de outro piloto da categoria que veio a falecer em decorrência de colisão com veículos de serviço em operação na pista; há outro caso semelhante ao do Bianchi, Rodrigo?

    • Eu acho que não, o mais perto que a categoria chegou disso foi justamente aqui em Interlagos em 2003, quando vários carros – incluindo a Ferrari de Michael Schumacher – quase atingiram um veículo de serviço que retirava outros carros na Curva do Sol.

      No GP da Alemanha de 2007 também houve algo parecido, muita chuva, veículos de resgate e gente passando a centímetros de tudo isso. Inclusive, nessa ocasião Hamilton foi içado, ainda dentro de seu McLaren, da caixa de brita e voltou a corrida, um absurdo sem tamanho.

      É de se espantar mesmo, o amadorismo da F1 se manifesta de tanto em tanto, geralmente em atitudes administrativas e esportivas simplesmente insanas e na total falta de estratégia, basta lembrar da pesquisa de opinião do público que foi feita pelos pilotos (?!).

      Infelizmente, a nove meses atrás o lendário amadorismo da categoria se manifestou em um ´serie de eventos que vitimou um excelente garoto, bom de braço, educado e querido por todos.