6h de Austin: Porsche. De novo

Car #17 / PORSCHE TEAM (DEU) / Porsche 919 Hybrid Hybrid  / Timo Bernhard (DEU) / Mark Webber (AUS) / Brendon Hartley (NZL) - FIA WEC 6 hours of COTA at Circuit Of The Americas - Austin - United States
Tomando gosto: Mark Webber/Brendon Hartley/Timo Bernhard venceram mais uma no WEC e entraram definitivamente na briga pelo título (Foto: Nick Dungan/AdrenalMedia.com)

RIO DE JANEIRO – Para desgosto dos adversários, a Porsche passou a tomar gosto por esse negócio chamado vitória, que na verdade é o objetivo de todo mundo que investe no automobilismo ou em qualquer outro esporte. Os Fuscões chegaram ao terceiro triunfo consecutivo na temporada 2015 do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) – segundo seguido do trio formado por Mark Webber/Brendon Hartley/Timo Bernhard, desta vez no Circuito das Américas (COTA), neste sábado, pondo fogo na briga pela liderança restando ainda três etapas para o fim do certame – Fuji, Xangai e Bahrein, pela ordem.

As 6h de Austin, com largada ao cair da tarde no Texas e grande parte da disputa sob a luz dos faróis, no breu da noite, desta vez não tiveram a chuva como grande inimiga como no ano passado. Com 1-2 no grid de 31 carros, os 919 Hybrid dominaram a corrida do início ao fim, embora tivessem enfrentado alguns contratempos: o #17, com Hartley a bordo num dos turnos, foi penalizado com stop & hold de 60 segundos por infração na área de pit stop. Não obstante, um erro de Mark Webber numa de suas paradas de rotina fez o carro perder mais 20 segundos. E o #18, que pegara a ponta após a penalização ao outro carro do construtor de Weissach, enfrentou graves problemas de parte elétrica quando faltavam 33 minutos para o final.

Foi o bastante para dar o triunfo aos vencedores das 6h de Nürburgring, que somam agora 103 pontos, dez atrás de Andre Lotterer/Bénoit Tréluyer/Marcel Fässler, que acabaram emergindo nos minutos finais de um modesto quarto posto para um importantíssimo 2º lugar, beneficiados não só pela falha técnica num dos Fuscões como também por uma ultrapassagem de Lotterer sobre o outro R18 e-tron quattro da turma de Ingolstadt. Aliás, registre-se que as 6h de Austin marcaram o primeiro pódio de Lucas Di Grassi e seus companheiros Loïc Duval e Oliver Jarvis no campeonato.

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A Audi segue na liderança do WEC com a trinca formada por Marcel Fässler/Bénoit Tréluyer/Andre Lotterer. E Lucas Di Grassi conquistou o primeiro pódio no ano (Foto: Audi MediaCenter)

Com o Porsche #18 fora de combate, a Toyota conquistou – pasmem, leitores – seu melhor resultado desde o 3º lugar na abertura da temporada em Silverstone. O carro de Sébastien Buemi/Kazuki Nakajima/Anthony Davidson completou a disputa em quarto, porém a duas voltas da tripulação ganhadora na geral e na categoria LMP1. Pior aconteceu com o #2 de Mike Conway/Alex Wurz/Stéphane Sarrazin. Um erro de Conway causou um forte acidente do TS040 Hybrid e o carro, com danos consideráveis, teve que abandonar a disputa.

Entre os LMP1 não-oficiais, os dois Rebellion R-One tiveram uma corrida bastante atribulada e foram ficando mais e mais para trás a ponto de completar entre os últimos na geral, atrás inclusive de todos os LMGTE. Mesmo sem um equipamento 100% competitivo, Simon Trummer/Pierre Kaffer cumpriram sua parte com competência. Chegaram em 8º lugar na geral – mesmo a dezesseis voltas do vencedor – e quinto entre os carros de sua categoria. Foi a melhor performance do CLM P1/01 AER da ByKolles em pouco mais de um ano desde o atribulado lançamento do carro ano passado, ainda sob o nome Lotus.

Entre os LMP2, a batalha foi mais uma vez restrita ao Oreca 05 Coupé da KCMG Racing e os dois Ligier JS P2 da G-Drive Racing. E desta vez, prevaleceu o #26 guiado por Roman Rusinov/Julien Canal/Sam Bird, que chegaram não só em 5º na geral como ganharam na classe com pouco mais de 1min20seg de vantagem para o #47 dos líderes do campeonato Matt Howson e Richard Bradley, reforçados pelo talentoso francês Nicolas Lapierre. A batalha pelo primeiro lugar perdurou até um stop & go imposto ao protótipo do time de Hong Kong, o que tranquilizou a tripulação do carro patrocinado pela gigante russa do petróleo Gazprom.

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Na batalha por posições da LMP2, o Ligier do brasileiro Pipo Derani e seus parceiros Gustavo Yacamán e Ricardo González conquistou o pódio com o 3º lugar no COTA (Foto: José Mário Dias)

Pipo Derani e seus parceiros Ricardo González e Gustavo Yacamán conquistaram outro bom resultado no ano: 3º na divisão e sétimo na geral, somando pontos tanto na classificação do Mundial de Pilotos como no FIA Endurance Trophy da categoria. A trinca latina soma 104 pontos após cinco provas e 16 na geral entre os pilotos, ocupando o 13º lugar.

A equipe Tequila Patrón ESM viveu uma corrida de contrastes: comemorou o melhor resultado do ano com o 4º posto de Ryan Dalziel/Scott Sharp/David Heinemeier-Hänsson e teve que chorar o prejuízo do outro carro do time, guiado por Johannes Van Overbeek/Ed Brown/Jon Fogarty acabou sofrendo um forte acidente ocasionado por uma falha nos freios do protótipo do time estadunidense. O top 5 da categoria foi fechado pelo Morgan EVO do Team SARD Morand guiado por Archie Hamilton em sua segunda corrida no Mundial, além de Oliver Webb e Pierre Ragues.

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Dominante também na LMGTE-PRO, a Porsche fez 1-2 com seus 991 RSR (Foto: Nick Dungan/AdrenalMedia.com)

Além de dominar na LMP1 por completo, a Porsche deu as cartas nas duas classes LMGTE, embora tenha perdido o triunfo na LMGTE-AM. Na divisão LMGTE-PRO, os 991 RSR da equipe chefiada por Olaf Manthey foram imbatíveis e venceram em clássica dobradinha. Ganhou o #91 com Richard Lietz/Michael Christensen, completando 162 voltas com 7″768 de vantagem para Fréderic Makowiecki e Patrick Pilet – que deu “duplo expediente” no fim de semana em Austin e foi agraciado com dois pódios.

O triunfo no Texas mantém Richard Lietz na liderança isolada do World Endurance Cup para os pilotos da classe LMGTE, somando 98 pontos contra 87 de Davide Rigon/James Calado, que mais uma vez defenderam a honra da AF Corse e da Ferrari com a conquista de mais um pódio. Os atuais campeões mundiais Gimmi Bruni/Toni Vilander não tiveram sorte e acabaram traídos por uma porta teimosa que custou uma longa parada à dupla do time italiano. Acabaram em 7º lugar na divisão, duas voltas atrás dos rivais.

A Aston Martin fez o resultado que lhe foi possível, embora Fernando Rees e Richie Stanaway tenham tido um desempenho extraordinário na qualificação que rendeu ao carro #99 a pole position. Faltou ritmo de corrida ao carro do construtor britânico e a trinca perdeu uma volta em relação aos três primeiros, completando a disputa em quarto na classe e em 17º na geral, à frente dos outros Vantage guiados por Marco Sørensen/Christoffer Nygaard e Darren Turner/Jonathan Adam.

Car #72 / SMP RACING (RUS) / Ferrari F458 Italia / Victor Shaytar (RUS) / Andrea Bertolini (ITA) / Aleksey Basov (RUS) - FIA WEC 6 hours of COTA at Circuit Of The Americas - Austin - United States
Terceira vitória – seguida, aliás – para a trinca da Ferrari #72 da SMP Racing na classe LMGTE-AM (Foto: Nick Dungan/AdrenalMedia.com)

Na divisão LMGTE-AM, tudo apontava para a vitória da Porsche, que teve no carro #77 guiado por Patrick Long/Patrick Dempsey/Marco Seefried uma performance bastante sólida. Mas a trinca capitulou no final da disputa, perdeu uma volta e acabou em quarto. Quem riu por último, de novo, foi a Ferrari #72 da SMP Racing, que conquista assim a terceira vitória seguida em 2015 e uma liderança cada vez mais sólida da trinca formada por Aleksej Basov/Viktor Shaitar/Andrea Bertolini. Eles fecharam a corrida com 159 voltas e mais de 40 segundos de frente para o Porsche #88 de Khaled Al Qubaisi/Christian Ried/Earl Bamber, com ótima atuação do neozelandês vencedor das 24h de Le Mans, por sinal.

O pódio foi completado pela Ferrari #83 da AF Corse, que também foi muito bem ao longo da disputa, graças ao bom desempenho de Emmanuel Collard/François Perrodo/Rui Águas. Os antigos líderes do campeonato Paul Dalla Lana/Mathias Lauda/Pedro Lamy não foram além de um magro quinto lugar. Eles estão em 3º na tabela, a 50 pontos da trinca do time financiado por Boris Rotemberg.

A próxima prova do campeonato será as 6h de Fuji, no dia 11 de outubro.

Calendário de 2016: entra o México e o Brasil continua de fora

Como era previsto desde há alguns meses, foi divulgado no fim de semana da etapa de Austin o calendário para a próxima edição do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC). O comitê da FIA e o Automobile Club de l’Ouest decidiram ampliar o total de datas para nove, com a inclusão de uma etapa no Autódromo Hermanos Rodriguez, no México – porém com ressalvas, aguardando confirmação para o dia 4 de setembro. Não é uma vitória do bilionário mecenas local Carlos Slim Helu, dono do conglomerado de tecnologia América Móvil, que controla a Claro, a Telmex e a Arris e sim do nefasto Andrew Craig (o mesmo que começou a derrocada da CART), representante do WEC para a América do Norte.

Para os brasileiros, resta lamentar mais uma vez a ausência do país no calendário, tentar encontrar culpados pelo fato de Interlagos não regressar ao certame mundial e acompanhar as etapas finais do WEC 2015 nos canais Fox Sports, que passam a partir de agora a deter os direitos do campeonato para o país.

As datas do WEC 2016 são estas (calendário sujeito a aprovação):

25-26 de março: Prólogo (Paul Ricard)
17 de abril: Silverstone
7 de maio: Spa-Francorchamps
5 de junho: Test Day (Le Mans)
18-19 de junho: 24h de Le Mans
24 de julho: Nürburgring
4 de setembro: Cidade do México (a confirmar)
17 de setembro: Austin
16 de outubro: Fuji Speedway
6 de novembro: Xangai
19 de novembro: Bahrein

Comentários

  • Não consigo me conformar com esses Tilkedromos cada vez mais ganhando espaço no calendário. Ridículo. É o preço dessa parceria com a FIA. Curiosamente mais um circuito da F1. Não se ouve mais os fãs. É tudo questão de contratos, dinheiro e politicagem. Dá raiva.

  • E daí??? quem quer saber desse lixo?
    O mundo parou foi pra ver o tetracampeão em ação em marina bay hoje…
    senta´lá Cláudia, e conforme-se.

  • Discordo do comentário do Éder, o circuito é muito bom. Acompanhei do início ao fim, a Porsche têm uma vantagem incrível sobre os demais carros, apesar da trapalhada do Webber no pit ee as punições os Audis não chegaram nem perto. Acredito que o Audi 8 teria alguma chance de um melhor resultado, porém o erro no pit que também lhe causou uma punição de 1 minuto estragou tudo, no fim teve que reduzir o ritmo para entregar a posição para o Lotterer, como já tem sido praxe devido a disputa do campeonato

  • Primeiro, sobre a vitória da Porsche, a terceira seguida e, um fato interessante, que desde a etapa final do ano passado, aqui no Brasil até a etapa de Nurburgring, os tres carros da Porsche venceram corridas…um resultado impressionante. Como já comentei num post anterior, o campeonato se encaminha para uma virada em favor dos “fuscões” para cima da turma dos anéis.
    Sobre o calendário 2016, depois da festa que foi a etapa de Nurburgring com grande público e uma pista que atende plenamente às necessidades da categoria, alguém ainda acreditava no retorno de Interlagos?? Não tem reforma que convença o presidente do WEC agora…fora os problemas com o então promotor (nosso grande piloto porém péssimo promotor…), fato que infelizmente manchou a credibilidade do evento por aqui no que diz respeito a novas parcerias e patrocínios.
    Porém, há algo que devemos celebrar. É muito bom saber que veremos as provas agora pelos canais Fox Sports…e eu que inocentemente procurei alguma coisa no guia de programação do ex-canal campeão ontem. Além do mais, isso é fruto da excelente cobertura das 24h de Le Mans esse ano onde o Hamilton Rodrigues e você, Mattar, mostraram como se transmite uma corrida de forma decente. E eu mesmo me manifestei (fui um dos) aqui no Blog para que o Fox assumisse as transmissões.
    Muito obrigado!!

  • putz o fox sport deveria lança mais um canal, wec e nascar são os melhores campeonatos, f1 da sono nos telespectadores pelo que le sobre a corrida a única parte boa foi o não de Max verstappen para o jogo de equipe.

  • A corrida foi boa demais, quantas disputas!

    Nos GTs ficou bem morno, porque os Porsches logo foram se embora do resto. Os Aston Martin largaram bem, estavam em primeiro e segundo na primeira volta, mas logo ficou claro que não tinham chances de novo. As Ferraris correram meio apagadas, nunca ameaçando os Porsches, e sempre longe à frente dos Aston Martin.

    Algo me diz que as regras do BOP devem ser mudadas para a próxima corrida. A Porsche deve cair um pouco, a Ferrari se manter igual, e os Aston Martin subir um pouco.

    E Rodrigo, pela primeira vez desde a estreia da Aston Martin no WEC não é o carro 97 do Daren Turner que lidera a equipe. O que explica isso? Até o outro piloto Mucke foi tirado do carro!

    • Não, o Mücke não foi tirado do carro. A Aston Martin decidiu escalá-lo noutra prova por achar que precisava mais dele do que o Jonathan Adam. O Mücke volta ao #97 nas 6h de Fuji.

  • Ótima notícia essa da FoxSports transmitir as restantes do WEC – vou curtir especialmente a etapa em Fuji, uma pista de que sempre gostei de ver as corridas (desde q efetivamente aconteçam, claro: clima chuvoso lá é tenebroso, pra dizer o mínimo…).
    Tomara permaneçam , ano que vem, e transmitindo a integral do campeonato.

    Resta somente lamentar a perda de Interlagos no calendário do WEC – pode não ser definitiva mas por certo vai demorar muito um retorno, ainda mais com o Brasil urbano em ‘padrão economico da década de 80’ – ah claro, agora somos “nação olímpica”…

    Penso termos sorte de mr. Ecclestone continuar vivo e ativo, senão mesmo o GP de F1 poderia já ter dançado também.

  • Com este novo BoP esqueçam o WEC, pq a ACO entregou para a Porsche…

    LMP1
    LMGTE-Pro
    LMGTE-AM

    E a Audi terá que iniciar do zero novamente, qdo ela acerta a ACO vem e dá uma tamancada na marca… As outras fábricas não tem competência para bater os Audis, mas a ACO tem impondo BoPs todos os ano para a marca não vencer tanto…