Próxima parada: Europa

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P1 em dose dupla na etapa de Campo Grande: bicampeão antecipado da F3 Brasil, Pedro Piquet mira um novo desafio, a F3 Europeia (Foto: Carsten Horst/Hyset)

RIO DE JANEIRO – A Fórmula 3 Brasil já é pequena para Pedro Piquet. O caçula da família Souto Maior conquistou ontem por antecipação o bicampeonato da categoria, ao vencer as duas provas do fim de semana em Campo Grande, no Autódromo Orlando Moura. Aquela foi a primeira pista em que o jovem piloto aspirante no automobilismo andou pela primeira vez de monoposto há quase três anos, com a Cesário Fórmula. Um aprendizado que o garoto faz questão de enaltecer e reconhecer.

“Fico muito contente pela conquista e agradeço a todos da equipe Cesário. Com o trabalho realizado pelo time com o Felipe Vargas conseguimos mais esse título. Há dois anos, eu andei pela primeira vez com a equipe aqui em Campo Grande. Virava 1min23, escapava da pista sempre nas duas primeiras curvas e ficava frustrado, cheio de mato. É muito gratificante ver o quanto aprendemos e melhoramos desde então. Hoje meu tempo de volta era na casa de 1min18s”, contou o piloto.

Pedrinho chegou à sua 21ª vitória na classificação geral em 28 corridas que disputou na categoria, sendo 22 na classe A. Um retrospecto simplesmente dominante, que dá a impressão de que a categoria ficou pequena para tamanho domínio. O detalhe é que em 2016 o filho do tricampeão mundial de Fórmula 1 Nelson Piquet vai para o grande salto da carreira: a Fórmula 3 Europeia.

A categoria de monopostos continental tem grandes diferenças em relação ao certame brasileiro. Os modelos Dallara são mais modernos, os motores são multimarca e com 2 litros de capacidade cúbica (aqui é Berta, com 2,3 litros), os pneus são da coreana Hankook, as provas são em rodadas triplas, o pau come solto e, principalmente, a equipe tem que ser muito bem escolhida. Hoje, as potências da F3 Europeia são a italiana Prema Powerteam, a britânica Carlin e a holandesa Van Amersfoort Racing. Se Pedro Piquet quer mesmo ter uma carreira de sucesso para chegar à Fórmula 1, a equipe tem que ser a melhor possível.

“O ano do Pedro foi impecável. Ele realmente não cometeu nenhum erro e está de parabéns. As duas corridas que ele perdeu, uma quebrou o motor e a outra deu curto na bateria. Nas outras provas, largou bem, ganhou todas, não errou nada na chuva nem no seco, fez ultrapassagens perigosas por fora… Ele realmente não deu chance para os outros meninos”, comentou o tricampeão Nelson Piquet ao lado do pódio.

Como curiosidade, é o segundo título de um membro da família em 2015. Além de Pedro campeão da F3 Brasil, Nelsinho Piquet conquistou o primeiro título da história da nova Fórmula E. E este foi o quinto campeonato de um Piquet na história da Fórmula 3: Nelsão foi campeão inglês em 1978; Nelsinho venceu a F-3 sul-americana em 2002 e a inglesa em 2004; e agora Pedro é bicampeão brasileiro.

Antes da penúltima rodada da F3 Brasil, Pedro Piquet muda o foco: na próxima semana, disputa a Porsche GT3 Cup Challenge Brasil em Goiânia. O piloto também tem sido visto na Porsche Cup europeia, disputando aqui e ali uma corrida, sempre sob o olhar atento – e por que não orgulhoso – do próprio Nelsão.

O grid da rodada dupla de Campo Grande foi o pior do ano, com apenas onze competidores – oito na classe A e três na Light. Na divisão dos Dallara F301, Igor Fraga ganhou a prova #1 no sábado, mas sofreu um acidente no domingo e capotou. Líder do campeonato, Guilherme Samaia venceu a segunda corrida e ampliou sua vantagem na tabela de pontos.

Resultado da prova #1 em Campo Grande:

1. Pedro Piquet (Cesário F3) – 20 voltas em 32’51″633, média de 128,3 km/h
2. Carlos Cunha (CF3) – a 8″266
3. Christian Hahn (Hitech Racing) – a 32″564
4. Arthur Fortunato (A.Fortunato F3 Racing) – a 47″561
5. Matheus Iorio (Cesário F3) – a 48″041
6. Igor Fraga (PropCar Racing) – a 1’09″216
7. Guilherme Samaia (Cesário F3) – a 1’10″940
8. Matheus Muniz (PropCar Racing) – a 1 volta
9. Rodrigo Baptista (PropCar Racing) – a 13 voltas
10. Nicolás Dapero (PropCar Racing) – a 16 voltas

Resultado da prova #2:

1. Pedro Piquet (Cesário F3) – 23 voltas em 31’44″125, média de 152,8 km/h
2. Rodrigo Baptista (PropCar Racing) – a 10″901
3. Nicolás Dapero (PropCar Racing) – a 13″321
4. Carlos Cunha (CF3) – a 15″100
5. Matheus Iorio (Cesário F3) – a 15″334
6. Arthur Fortunato (A. Fortunato F3 Racing) – a 31″293
7. Guilherme Samaia (Cesário F3) – a 37″521
8. Christian Hahn (Hitech Racing) – a 37″930
9. Matheus Muniz (PropCar Racing) – a 49″862
10. Igor Fraga (PropCar Racing) – a 18 voltas

Classificação do campeonato:

Classe A

1. Pedro Piquet (campeão) – 153 pontos; 2. Matheus Iorio – 87; 3. Carlos Cunha – 81; 4. Rodrigo Baptista – 72; 5. Arthur Fortunato – 70; 6. Nicolás Dapero – 54; 7. Christian Hahn – 42; 8. Fernando Croce – 19; 9. Leonardo de Souza – 15; 10. Ryan Verra – 12; 11. Gustavo Bandeira – 11; 12. Giuliano Raucci – 8; 13. Nicholas Silva – 2.

Classe Light

1. Guilherme Samaia – 135 pontos; 2. Matheus Muniz – 99; 3. Igor Fraga – 71; 4. Pedro Cardoso – 48; 5. Andreas Visnardi – 45; 6. Felipe Ortiz – 9.

Comentários

  • Sei lá, o moleque é novo, mas acho meio perda de tempo passar mais uma temporada andando de F-3… mesmo levando em consideração que o chassi aqui é defasado em relação ao da europeia, mas em contrapartida o motor daqui é bem mais potente; na minha opinião acho que ele devia ir direto pra GP3… mas o Nelsão deve saber o que faz. E torcerei muito pro garoto se dar bem!

  • Talvez hoje a nossa única esperança a médio prazo de renovação para a continuidade de ao menos um brasileiro na F1…acho que o moleque e seus mentores acertaram na escolha da F3 europeia…nada de passos maiores que a perna.

  • Enquanto a família Souto Maior coleciona títulos, nosso automobilismo vive de passado. Talvez o Pedro seja o último brasileiro que deverá correr na F1 por um longo período por falta de um automobilismo local minimamente voltado para formar pilotos para as categoria de Fórmula.

  • Tomara que acerte na Prema. Ela tem 4 carros, mas os 4 são competitivos constantemente (desde que o Lance Stroll não apronte). Carlin tem 6 carros esse ano, mas andando bem frequentemente mesmo, só o Giovinnazzi. A holandesa, tem 2 carros, mas ano passado só o do Versttappen andava e esse ano só o do Leclerc anda. Se for pra sentar nesse carro, vale a pena.

  • Não deixando de reconhecer que o garoto aparentemente tem talento e pode almejar voos mais altos, mas verdade verdadeira, o nível de competitividade aqui no Brasil é bem inferior, primeiro porque o carro dele é sem sombra de dúvida o melhor de todos e segundo porque o próprio escriba cita que apenas 11 carros participaram em Campo Grande.