Rowdy!

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RIO DE JANEIRO – Existe definição maior do que ‘volta por cima’ no automobilismo em 2015? Provavelmente, não. Sabem o que é sofrer um acidente no primeiro fim de semana de uma longa temporada, perder onze corridas, ficar três meses fora, voltar às pistas, lutar para ficar entre os 30 primeiros do campeonato para assegurar um lugarzinho no Chase e ainda por cima ser campeão?

Pois foi exatamente o que aconteceu na decisão da Sprint Cup, que consagrou Kyle Busch como o número #1 de um campeonato que podia ter visto o bi de Kevin Harvick, o penta de Jeff Gordon e a grande zebra, chamada Martin Truex Júnior.

Aliás, o penta de Gordon era algo pelo qual todo mundo torcia – secretamente, ou não. E embora eu destacasse o favoritismo de Kevin Harvick, eu era um dos que gostaria de ver o #24 campeão mais uma vez. Não deu: o piloto chegou em 6º lugar, mas isso não tira os seus méritos. Jeff está na história como um dos maiores nomes da Nascar em todos os tempos – e isso, meus amigos, ninguém tira.

O prestígio dele é tão grande, que dois monstros do automobilismo lá estavam para ver aonde Gordon poderia chegar: Mario Andretti, outra lenda viva do esporte nos EUA e o três vezes campeão mundial de F1 Lewis Hamilton, que sentiu na pele o que os ianques sentem pela categoria máxima do automobilismo. Nem Leo, o filhinho mais novo de Jeff Gordon, entendeu quem era aquele rapaz que circulava no paddock para tietar o pai.

Essa edição das 400 Milhas de Homestead-Miami, aliás, apresentou todos os quatro postulantes ao título liderando em pelo menos uma oportunidade. Gordon ponteou por nove voltas e levou o público nas arquibancadas ao delírio. A zebra Truex Jr. comandou por três giros antes de terminar num modesto 12º – que aliás não empana o brilhante trabalho do piloto numa equipe pequena – a Furniture Row.

Sobraram Harvick e o Buschinho. Mas ainda havia alguém a fim de estragar a festa: Brad Keselowski, que liderou 86 voltas e levou o ponto extra pelo maior número de passagens na frente. A partir da volta 172, ele foi o intruso na festa e o único a comandar a corrida além de Kyle Busch, que fez a ultrapassagem decisiva na volta 261 – que lhe valeu o título.

Para a Toyota e para a Nascar, um momento histórico: pela primeira vez desde 1949, um construtor de fora dos EUA consagra um campeão na divisão principal. E igualmente pela primeira vez em 20 anos, a Chevrolet não faz de um de seus pilotos o campeão em qualquer uma das três principais divisões – Sprint Cup, Xfinity Series e Camping World Truck Series – embora a marca tenha sido a campeã entre os Construtores da Sprint Cup.

Ok: a Pontiac, que existiu entre 1926 e 2010, também foi uma filial da GM tal como a Chevrolet o é. Bobby Labonte (em 2000) e Tony Stewart (em 2002) foram os últimos campeões pela marca. Mas estamos falando de Chevy e isso, queiramos ou não, é muito significativo.

Comentários

  • E viva o Buschinho!!! Estava torcendo pro Gordon faturar o penta, mas pelo que passou nesta temporada, o título foi merecido pro Kyle Busch…
    Acompanhei a transmissão ontem e dei por sua falta junto com o Sérgio Lago, caro Mattar. O Tiago Alves fez bonito, mas por que não rolou um trio, ou melhor, um quarteto para transmitir a corrida: você, Sérgio Lago, Tiago Alves e o Hamilton Gonçalves?? Os atrativos da corrida mereciam…

    • É Hamilton Rodrigues, Luciano. E por conta do Superbike mais cedo e pela transmissão ser de São Paulo, não dava para eu participar dela.

      • Perdão pelo lapso no sobrenome do Hamilton. Ah, como ficou aquele bolão de vocês?? Da última vez que vi, da turma do programa você estava na frente. Confirmou sua vitória?? E o bravo Sérgio Lago, saiu da lanterninha ou vocês vão dar de presente a ele um belo par de meias de lã bem grossas, pra ver se ele deixa de ser pé frio??
        Um abraço!!!

  • Sensacional, digno de um roteiro de filme. Como você mesmo disse, Rodrigo, muitos torciam na surdina ou não pelo Jeff, mas o Buschinho foi valente em sua recuperação dentro do certame. Mereceu, como poucos, essa conquista. Entra para a história como o campeão mais improvável. Abs

  • Em um país no qual a disputa entre as montadoras Ford e Chevrolet sempre polarizou atenções, uma lástima constatar que entre os 4 postulantes, nenhum deles acelerava veículo Ford. Penso, inclusive, que nem o fato de que no sábado Chris Buescher (Mustang #60) garantiu o título da XFinity Series serviu de consolo para a Ford. Não custa lembrar que, desde a segunda metade dos anos 80, a marca do símbolo oval sempre teve um piloto disputando o título da classe principal…

  • Acho que a Nascar tem seus atrativos, é um evento de peso, mas, convenhamos: há algo errado nesse regulamento. Um sujeito que ficou fora quase um terço do campeonato sair campeão? A maioria dos pilotos que tiveram as melhores performances durante a temporada, ficaram de fora. Pode-se gostar do formato, dizer que é emocionante, mas, como o próprio GP mencionou, é uma loteria! Não premia o melhor piloto.
    Quanto ao desprezo do público norte-americano pela F-1 acho lamentável. É um ufanismo desmedido e babaca que demonstra pobreza de espírito.

    • Devo concordar em parte que fica meio estranho alguém ser campeão sem disputando apenas 2/3 do campeonato. MAS, muitoo muitoo muitooooo melhor assim do que campeonatos sem graça geridos pela fica. A NASCAR deste ano foi muito melhor que o campeonato (saliento isso, o campeonato, não me refiro a corridas!!, é bem diferente), … que os campeonatos da F1, WTCC, e WRC (Estes dois as corridas são ótimas, os campeonatos tão previsível com a F1).

      E assino em baixo no “Quanto ao desprezo do público norte-americano pela F-1 acho lamentável”. Por mal que esteja, F1 é F1, é classica e tradicional

  • Finalmente Kyle Busch conseguiu! Título merecidíssimo por tudo o que fez nas 3 categorias nos últimos 10 anos. Um ano inesquecível, um campeonato espetacular. Confesso que nos primeiros anos achava o chase injusto. Não estava acostumado, não entrava na minha cabeça. Aí comecei a comparar com a NBA, outro esporte que acompanho. É a mesma coisa: o melhor time da temporada pode perder para um time de pior campanha e nem chegar nas finais. Na Nascar é preciso ser consistente nas primeiras 26 etapas e agressivo nas últimas 10. Um piloto campeão na Nascar é um sobrevivente depois de 800km de luta, o mais próximo que temos dos nossos velhos heróis do automobilismo no passado. Pra receber respeito na pista é preciso merecer e isso pode ser conquistado de diversas maneiras. O Kyle Busch é o cara que corre em 2 ou 3 provas num final de semana e chega a conseguir vencer nas 3! Cada prova dessas tem pelo menos a duração de um GP de F1…. é preciso ser um herói ou um monstro pra ser competitivo em mais de 1000km num final de semana, correndo com outros 42 carros muito próximos do seu próprio, sem telemetria, sem botão de ultrapassagem, sem direção de prova punindo qualquer atitude mais corajosa por julgar “anti-desportiva”. A Nascar é um show! Acho engraçado comparar com a F1, essa sim uma categoria decadente e sem graça. A F1 não tem carros, tem vitrines… e não tem pilotos, tem relações públicas apertadores de botões… acho que o Hamilton recebeu muito mais atenção do que merecia. Ele é muito pequeno perto dos monstros da Nascar.

  • Grande evolução da equipe de Joe Gibbs na temporada! Equipe que no ano passado não conseguiu grandes resultados, mostrou esse ano que dá pra vencer um campeonato sim com um Toyota. Grandes méritos aos grandes pilotos que também ajudaram no desenvolvimento desses carros: Hamlin, Kenseth e Edwards. Qual era o melhor conjunto Carro x Piloto da temporada? Para o olhar de muitos Logano com o #22 e Harvick com o #4. Logano não teve cabeça, assim como o próprio Kyle Busch não teve em anos anteriores. Harvick fez uma excelente temporada, mais pagou caro por não se mostrar dominante na final, quando deveria. Buschinho não errou nada na últma prova. Fez as melhores paradas nos pits, andou a prova toda entre os 5 primeiros, não tentou estratégias suicidas como trocar apenas 2 pneus. Resumindo, acertou em tudo e levou o caneco! Parabéns!
    PS:
    – Kyle Larson fez grande corrida com tocada muito diferente dos outros. Me impressionei com a proximidade do muro. Ele casou mesmo com a pista.
    – Gordon se frustrou quando viu que não tinha carro para assegurar o caneco. Mesmo assim, encerra sua carreira em grande estilo. Chegou a mais uma final!. #24ever
    – Truex Jr não fez uma grande corrida. Seu quarto lugar no campeonato vale muito! Fez uma grande temporada em uma equipe que ninguém acreditava ir tão longe quando Kurt Busch começou a desenvolver o carro.

  • Minha torcida era pelo Gordon, claro… a (breve) liderança na prova, levando o público ao delírio foi de arrepiar!!!!! Mas ficou em boas mãos o título de 2015… não queria ver o bi do Harvick, não pelo piloto, já que foi o melhor no ano como um todo, mas pelo que fez em Dover e, principalmente em Dega… aquela última bandeira amarela foi suja… mas não deixa de ser um excelente piloto, provavelmente levará mais canecos da Sprint (não muitos, já que é um 40tão)… e que venha 2016!!!!!!!

  • Fim de semestre na faculdade e fechamento mensal no serviço me afastam um pouco do blog, mas não posso deixar de comentar o feito do Buschinho, minha aposta para o título (para a corrida apostei no Kenseth). Histórico por ser a primeira conquista da Toyota…impressionante pela superação…o cara se acidentou na primeira corrida da categoria “de acesso”, fica onze etapas fora, volta arrasador e é campeão. Nunca foi meu piloto favorito, mas acho que este título não poderia ficar em melhores mãos…Harvick que me desculpe, é dos quatro que disputou o mais completo, mas também, é de uma personalidade intragável, Gordon sairia consagrado mesmo que chegasse em último e Truex Jrjá fez história com o equipamento que tinha em mãos…
    Por fim, Mattar, como não sou usuário do Twitter deixo agui meu recado ao melhor – e mais pé frio também – narrador de corridas da atualidade: Chooora Sérgio Lago!!