Direto do túnel do tempo (318)

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RIO DE JANEIRO – O piloto do carro #35 da foto acima é um dos aniversariantes do dia. Entrou para o folclore da Fórmula 1 na única corrida em que foi inscrito porque entrou literalmente de penetra. Mas teve uma longa carreira como piloto de competição e hoje chega aos 73 anos de  idade. É o alemão Hans Heyer.

Nascido na região do Tirol, não fugia às suas origens e circulava pelos bastidores dos autódromos envergando um típico chapéu tirolês, sempre verde. Era uma espécie de Arturo Merzario com forte sotaque – refiro-me ao Merzario porque o italiano sempre andava de chapéu, só que de largas abas e sempre com o logotipo da Marlboro, fosse qual fosse o modelo.

Heyer defendeu a Zakspeed nos campeonatos europeus de Turismo Grupo 2 e no DRM, embrião do DTM, antes de competir na Fórmula 2 e ter sua única e inesquecível experiência na categoria máxima.

Em 1977, a ATS, pequena equipe germânica surgida do idealismo de Günther Schmidt, que fabricava rodas esportivas, corria com os chassis PC4 usado pela Penske um ano antes. O piloto principal era Jean-Pierre Jarier. E para equilibrar as já frágeis finanças do time, Schmidt alugou o chassi reserva para Heyer tentar a classificação no GP da Alemanha em Höckenheim. Na classificação, considerando sua pouca experiência em monopostos, até que ele não foi mal: ficou a quatro décimos do tempo que classificou Hector Rebaque na 24ª e última posição do grid, sendo no entanto o 27º entre 30 inscritos, melhor até que o Copersucar-Fittipaldi F5 do bicampeão mundial Emerson Fittipaldi, que não andou nada na Alemanha.

Na época, pelo menos um piloto entre os reservas ficava de sobreaviso em caso de quebra ou acidente durante o warm up ou nas voltas de pré-aquecimento. Patrick Neve, o primeiro reserva, desistiu. Emilio de Villota, idem. Aí Hans Heyer vislumbrou a grande chance de estrear na F1. Doce ilusão…

Após o alinhamento, Heyer tinha que obrigatoriamente dirigir-se para os boxes com seu ATS-Penske. Mas o acidente que envolveu o Shadow de Alan Jones e o Ensign de Clay Regazzoni fez o alemão pensar que ele podia largar para a corrida. E é claro que não podia: regra é regra e Hans levou bandeira preta na 10ª volta porque sua participação na prova simplesmente não existia. E ele nem último colocado foi: nas nove voltas em que competiu, andou na frente de Brett Lunger e de Ian Scheckter.

O episódio não manchou de todo a reputação de Heyer, que ainda voltaria ao DRM para ser campeão da categoria em 1980 e nas provas longas, mostrou aptidão: venceu por três vezes as 24h de Spa-Francorchamps e disputou 12 edições das 24h de Le Mans entre 1972 e 1986, incrivelmente sem conseguir completar nenhuma delas.

Há 39 anos, direto do túnel do tempo.

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