Frustrante

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RIO DE JANEIRO – O fã de automobilismo, assim como eu, que ficou acordado até alta madrugada para ver o treino oficial do GP da Austrália de F1 ficou todo feliz no começo, assim que a vinheta da Formula One Management (FOM) riscou a tela. Formato de classificação novo, um nocaute a cada 90 segundos. Bacana. No Q1 funcionou: legal ver a turma de trás se matando para permanecer no top 15 e tentar passar ao Q2. A dupla da Manor viu rapidinho que não ia dar e caiu fora. Teve gente queimando, de saída, três jogos de pneus supermacios para se garantir – o gráfico mostra bem aqui acima. A novata Haas, sem muitas pretensões que não aprender nesse início de temporada, também viu seus dois pilotos fora.

Talvez Kvyat dançando na primeira parte tenha sido surpresa? Talvez…

Mas Felipe Nasr e Marcus Ericsson, da Sauber, não: a equipe helvética parece um degrau mais abaixo do que começou 2015 e isso pode custar caro. Na comparação com a McLaren, que viveu uma draga de dar gosto na última temporada, perderam feio. Alonso e Button passaram fácil para o Q2. E Palmer, que jogou fora três jogos de pneus no afã de encaixar uma volta que o levasse para a segunda parte do treino, mandou Ericsson pro limbo.

Aí a coisa começou a dar uma desandada. No Q2, muito piloto desistiu antes dos 90 segundos zerarem. A Renault, coitada, nem fez cosquinha. Palmer, pelo menos, teve o mérito de meter tempo no Magnussen. A McLaren também não foi adiante, mas seus carros parecem melhores que em 2015. Button desistiu e Alonso imitou o companheiro de equipe. Daí em diante, Bottas errou, a dupla da Force India nada fez para justificar a passagem ao Q3 e Felipe Massa, com a corda no pescoço, avançou.

E de onde mais se esperava, não saiu nada. Pior: por conta da limitação de sets de pneus, ninguém arriscou muito. Lewis Hamilton e Nico Rosberg (este errando muito durante todo o fim de semana) passaram dois jogos de supermacios – porque ainda tinham. Os demais, um. E a FIA obriga os oito primeiros do Q3 a largar com o mesmo pneu. Legal né? Só que… não. O resultado foi broxante. Uma frustração só. Caiu Ricciardo primeiro, Sainz desistiu, depois Massa, Verstappen, Vettel e Räikkönen.

O único que podia impedir o inevitável era Rosberg, mas acho que continuam faltando colhões ao filho do Keke. O resultado? Lewis Hamilton chegou assim à 50ª pole da carreira – 1’23″837 com sobra de 0″360 para Nico.

Frustrante? Talvez. Nem Toto Wolff, o todo-poderoso da Mercedes, curtiu. “Foi um lixo”, disse.

A ideia do formato de nocaute a cada 90 segundos é boa. Diria que pro Q1 é excepcional. Mas começa a miar no Q2 e no Q3, foi um anticlímax fodido. Daí ter passado uma impressão de que é ruim. Aliás, o novo formato dividiu bastante as opiniões nas redes sociais e há muito tempo não víamos isso em se tratando de Fórmula 1.

Vamos esperar. É possível que até Barcelona, na abertura da temporada europeia, esse formato sofra alguns ajustes para tornar a coisa mais, digamos assim, palatável. Senão vai ficar chato. Aliás, a impressão de domínio absoluto da Mercedes em mais um campeonato não foi apagada. Os alemães continuam fortes, a Ferrari vem um ou dois degraus abaixo e o resto é o resto. E lá atrás, é Sauber, Haas e Manor. Por enquanto, nesta ordem.

E se ficar chato como foi o Q3, a Globo desiste de novo de transmitir treino oficial, nem que seja a última parte como fez hoje. Pelo menos o Galvão não levou séculos tentando explicar o novo formato.

Comentários

  • Vencido pelo cansaço, não acompanhei a classificação, mas olhando o grid uma coisa me chamou a atenção: salvo uma exceção aqui e ali, a eliminação foi ocorrendo por equipe, e não por pilotos, ou seja, não teve muita mistura entre os bólidos, o que, acredito, era uma das intenções desse novo formato de classificação. Se o era mesmo, ao menos para essa corrida, a ideia fracassou.

  • Eu gostei. Era óbvio que conforme fossem avançando uns iriam desistir antes de serem eliminados, pois seria desperdício de equipamento lutar por uma coisa que não se pode alcançar.

  • Começou realmente bom, mas foi ficando horrível.
    Eu acredito que o formato funcione, mas precisam rever os prazos de eliminação… diminuir para por exemplo 1 min. Porque?
    Se fizer a conta, volta de said dos boxes, volta rápida…não tenho certeza se em 6 ou 7 minutos um piloto que foi mal na primeira, consegue dar uma segunda volta para tentar escapar da degola. tem que aumentar o tempo para primeira eliminação, para garantir tempo de fazer ao menos duas voltas..

  • No Q1 ainda acreditei que poderia dar um caldo. No Q2 comecei a achar chato e no Q3 fiquei me perguntando o que estava fazendo acordado prá ver aquela porcaria.
    Ficam inventando esses artifícios para manter o interesse na F1, mas a verdade é que o caldo desandou.