Com show de estratégias, Negri e Ford vencem em Laguna Seca

Oswaldo-Laguna Seca
Fez-se justiça a uma equipe batalhadora: a Michael Shank Racing tirou partido de uma bandeira amarela e venceu pela primeira vez com seu Ligier JS P2 HPD

RIO DE JANEIRO – A quarta rodada do IMSA Weather Tech SportsCar Championship, disputada em duas provas com 2h de duração cada no circuito de Laguna Seca, apresentou a terceira vitória brasileira na classe Prototype. Após os triunfos sensacionais do carro da Tequila Patrón ESM com Pipo Derani guiando muito em Daytona e Sebring, foi a vez de Oswaldo Negri triunfar na Califórnia – coroando os enormes esforços da Michael Shank Racing em ter performances competitivas com um protótipo LMP2 contra os DPs oriundos da Grand-Am. E inclusive o placar é bem desfavorável para os carros daquela antiga série – 3 a 1.

Resultado da etapa de Laguna Seca – classes P/GTLM

E poderia ter sido bem pior: a Mazda assombrou durante todo o fim de semana antes da corrida. Melhor tempo em todos os três treinos livres. 1-2 na primeira fila do grid. Liderança e melhor volta nos primeiros momentos da disputa, até o primeiro reabastecimento. Aí a equipe voltou ao show de horror dos últimos anos, a performance não se repetiu e inclusive o carro #70 de Joel Miller e Tom Long nem recebeu a quadriculada. Menos mal que o #55 de Jonathan Bomarito/Tristan Nunez conseguiu o quarto lugar, o que é bastante encorajador – considerando que até o ano passado os dois carros não andavam nada.

O que deflagrou o reabastecimento e a corrida das equipes para os pits foi a colisão entre dois Corvette DP: o #5 guiado por Christian Fittipaldi e o #10 conduzido por Ricky Taylor se enroscaram na curva 10 de Laguna Seca e foram parar na caixa de brita. Prejuízo monstro para o brasileiro e seu parceiro João Barbosa, que perderam quatro voltas e acabaram em último entre os carros que terminaram. Incrivelmente, os irmãos Taylor tiveram melhor sorte e terminaram em 8º na geral – sexto na Prototype.

Assim, o panorama da corrida mudou por completo. A Mazda teve paradas desastrosas, o DeltaWing, que não parara, era o líder com Sean Rayhall a bordo e quem voltou à frente entre os que reabasteceram foi o Ligier da Michael Shank Racing, já com Oswaldo Negri. Afirmei durante a transmissão do Fox Sports 2 que a amarela foi fundamental para o brasileiro e seu parceiro John Pew. Dito e feito: após a ultrapassagem, rumaram para o triunfo consagrador. O último pit stop aconteceu na 45ª volta e daí Negri seguiu célere para a quadriculada.

Em segundo terminou o #90 de Ryan Dalziel/Marc Goossens, que após pagarem um stop & go de um minuto por não apresentarem o carro no grid a tempo, conforme o regulamento da IMSA, foram beneficiados pelas bandeiras amarelas e conseguiram ainda segurar o ímpeto do #31 de Eric Curran/Dane Cameron, que com o desastre dos colegas de equipe no carro #5, saem da prova da Califórnia com a liderança debaixo do braço.

Ford-Laguna Seca
A autonomia de combustível do novo Ford GT impressionou e quase que os carros da equipe chefiada por Chip Ganassi fizeram uma dobradinha histórica

Na GTLM, a Ford conquistou a primeira vitória do seu novo carro em sua quinta corrida – contando, claro, o WEC. As bandeiras amarelas trouxeram diferentes estratégias, mas ninguém podia prever o que aprontaria a Chip Ganassi e os engenheiros da Ford Performance Racing: o carro ficou CINQUENTA E DUAS voltas com um único tanque de combustível. Todo mundo esperando que o #67 de Richard Westbrook/Ryan Briscoe faria uma última parada e… nada. O carro seguiu firme até o fim e conquistou sua primeira vitória na Endurance. Momento histórico.

Daniel Serra e Alessandro Pier Guidi largaram na pole, com o brasileiro comandando a disputa em seu turno de pilotagem. O italiano manteve o excelente nível de performance da Ferrari 488 GTE na pista californiana e a dupla do carro #68 rumou para o melhor resultado na temporada, chegando em 2º lugar. Se a estratégia da Ganassi e da Ford tivesse ido pro vinagre, talvez tivessem vencido. Mas o “se” não existe no automobilismo, o que torna tudo mais emocionante – sempre.

Com valentia, Earl Bamber/Fred Makowiecki ainda alcançaram o pódio, deixando três marcas diferentes nas três primeiras posições – e ainda houve uma quarta, pois Antonio Garcia/Jan Magnussen terminaram em quarto. A outra Ferrari, com Toni Vilander/Giancarlo Fisichella, penou por não ter trocado de pneus no último reabastecimento e ficou para trás após ter liderado eventualmente a disputa. A dupla da Risi terminou em 5º e a Ford só não fez uma dobradinha na sua primeira e estrondosa vitória porque o #66 de Dirk Muller/Joey Hand – este sim – não resistiu e precisou parar nos boxes para um reabastecimento extra.

Horas após a prova das classes Prototype/GTLM, foi realizada a disputa entre os 24 carros das divisões PC/GTD. A corrida teve somente uma única bandeira amarela, em razão de uma saída de pista do Porsche 911 GT3-R de Tim Pappas/Nicky Catsburg – o que fez esta disputa ter 82 voltas, duas a mais que a primeira corrida. A vitória, por apenas 1″736, foi do #52 da PR1/Mathiasen Motorsports, com Robert Alon/Tom Kimber-Smith cruzando à frente do #8 da Starworks conduzido por Renger Van der Zande/Alex Popow. Colin Braun/Jonathan Bennett, após os problemas enfrentados na prova de Long Beach, salvaram o pódio para o #54 da CORE Autosport.

Na GTD, performance dominante do #23 da Alex Job Racing/Team Seattle. Mario Farnbacher e seu novo parceiro fixo Alex Riberas andaram muito bem com o Porsche e venceram na categoria, à frente dos novos líderes do campeonato, Christina Nielsen e Alessandro Balzan. James Davison/Brandon Davis completaram o pódio na volta do Aston Martin V12 Vantage da TRG após a ausência nas 12h de Sebring. De realçar que sete marcas diferentes terminaram nas sete primeiras posições – tivemos o Audi R8 LMS de Robin Liddell/Andrew Davis em quarto, a BMW M6 GTD de Jens Klingmann/Bret Curtis na quinta posição, o Viper de Jeroen Bleekemolen/Ben Keating em sexto e o melhor Lamborghini, de Madison Snow/Bryan Sellers, fechou a disputa em 7º lugar.

Andy Lally/John Potter, a bordo do carro #44 da Magnus Racing, foram protagonistas do único momento de susto do fim de semana, quando houve um princípio de incêndio durante um reabastecimento no warm up. A dupla teve que largar dos boxes e em consequência disto, jamais se recuperaram, conseguindo apenas o 13º lugar ao final da disputa.

Resultado da etapa de Laguna Seca – classes PC/GTD

Comentários

  • O incidente entre o #5 e o #10 foi, ao meu ver, bem idiota: ainda era início de disputa, com a corrida toda pela frente, não havia razão para uma disputa tão furiosa, com nenhum dos dois querendo ceder espaço, naquele momento. Ainda mais se levarmos em conta que são dois carros postulantes ao título.

    Comparado às temporadas anteriores, o desempenho dos protótipos da Mazda estão de encher os olhos, mas ainda falta muito a ser feito: o carro já é rápido, mas ainda tem problemas de confiabilidade, e o trabalho de pit precisa melhorar muito. Parecem estar no caminho certo.

    A corrida do #60 foi impecável. John Pew cumpriu seu turno corretamente, o trabalho box não teve falhas nas duas paradas, e o Ozz Negri pilotou de forma soberba, sendo veloz quando foi preciso, sem cometer erros, lidando bem com o tráfego. Olhando as imagens pós-corrida, me impressionou que o bólido, pelo menos pelos ângulos que vi, não apresentava nenhum arranhãozinho na pintura. Fez-se justiça, pois os pilotos e a MSR vinham fazendo por merecer essa vitória desde o ano passado, mas ela se recusava a acontecer. Excelente estímulo na preparação para Le Mans.

    A impressão que me dá, após essas primeiras corridas do ano, é que o título deve ficar com algum Corvette DP, até pelas diferenças de estrutura entre as equipes e de equilíbrio das duplas de pilotos, mas que esse conceito (os DPs) envelheceu e a idade está começando a pesar. Para o ano que vem, tudo novo, mas ainda precisamos aguardar mais informações sobre como funcionará (e qual será a aparência) dos novos DPIs.

  • E a Ford começa a colher frutos da sua aposta no “downsizing” turbo. Primeira vitória do GT que rodou 52 voltas com um único tanque. Não gosto muito de turbos, sou fã dos Aspiradões, mas este lance de economia de combustível pode começar a fazer a balança pender para o outro lado.
    A antiga a briga Ford x Chevrolet , agora com conceitos diferentes GT(turbo) x C7 (Aspirado). Vai ser legal de ver com o desenvolvimento do GT, e se houver uma reação da GM.

  • Iria mencionar exatamente a informação colocada no post…depois desta prova os DP’s, que dominavam até então as corridas, vão tomando de 3 x 1 dos LMP2, mais modernos e bem resolvidos em sua concepção. Não que eu não goste dos DP’s (até gosto…), mas não tinha cabimento um “BoP” ou qualquer outra coisa que os fizessem andar à frente dos LMP2…não pegou bem…basta ver os times que debandaram da categoria de 2014 para cá (Muscle Milk, a própria Patron trocou o IMSA pelo WEC…).
    Em relação aos LMGTE, em questão de performance, a Ferrari se mostrou imbatível em Laguna Seca, mas desta vez fiquei com a impressão que os Ford GT tinham condições de fazer frente, porque num momento estavam apenas ha meio segundo do #68 do Serra, depois o intervalo chegou a quase dois segundos mas sem que desgarrassem do líder da classe ali já pareciam estar economizando…no final, a vitória do #67, que vai com certeza dar uma injeção de ânimo na turma da Ford para Sarthe…vamos ver o que os GT conseguem nas 6h de Spa…se vencerem, a LMGTE Pro vai pegar fogo.