Direto do túnel do tempo (333)

1986-10-5

RIO DE JANEIRO – Há exatamente três décadas, o automobilismo austríaco perdia mais um de seus representantes. Aliás, é incrível a propensão de pilotos austríacos para acidentes/tragédias. A que ocorreu em 1986 no dia 1º de junho, durante a disputa das 24h de Le Mans, foi a antepenúltima da história da pista. E envolveu Jo Gartner, que tinha apenas 32 anos de idade.

A carreira do piloto foi bastante curta: ele começou a sério em 1977 no Europeu de Fórmula Super Vê, passando pela F3 europeia e F2, na qual competiu entre 1980 e 1984 – primeiro com um velho March 782, passando aos Toleman TG280, March 812 e Merzario 282 antes de competir com os Spirit 201 de motor BMW. Na F2, conquistou uma vitória no difícil circuito de rua de Pau, na França.

Em 1984, com dinheiro de patrocinadores pessoais, chegou à Fórmula 1. Fez sua estreia no GP de San Marino, com sua Osella equipada com motor Alfa Romeo V12. A partir do GP da Inglaterra, seguiu com a equipe já com um Osella Alfa Romeo V8 Turbo. E conseguiu um incrível 5º lugar no GP da Itália – só que nem Gartner e nem a equipe tiveram direito aos pontos, porque o carro #30 não estava inscrito pela Osella desde o início do campeonato.

Terminada a aventura na categoria máxima, Gartner rumou para o Endurance. Estreou nos 1000 km de Silverstone – e nas 24h de Le Mans conquistou um 4º lugar logo em sua primeira aparição em Sarthe, no Porsche 962 repartido com David Hobbs e Guy Edwards. Fez também parte da equipe de Bob Akin na série IMSA com um Porsche 962 nas cores da Coca-Cola. No ano seguinte, fechou com a Kremer Racing e chegou em 3º lugar nos 1000 km de Silverstone.

Para as 24h de Le Mans, foi inscrito com o carro #10 ao lado do sul-africano Sarel Van der Merwe e o japonês Kunimitsu Takahashi. A trinca largou da 15ª posição e já ocupava o oitavo posto na altura da 11ª hora, com 169 voltas completadas. Eram 2h10 da manhã e o Porsche 962C, com Gartner a bordo, teve um problema mecânico quando descia o retão Les Hunaudières. A cerca de 260 km/h, o carro deu uma forte guinada à esquerda e Gartner bateu com força no guard-rail. O carro capotou, atingiu um poste telefônico e caiu por sobre o guard-rail do lado oposto. Houve incêndio, mas não foi o que matou o austríaco: Gartner teve uma fratura de pescoço no impacto.

Ele foi o penúltimo piloto a morrer em condições de corrida (o último foi Allan Simonsen, em 2013), mas houve ainda no intervalo entre as duas tragédias o acidente de Sebastién Enjolras durante o Journée Test de 1997.

Há 30 anos, direto do túnel do tempo.

Comentários