Direto do túnel do tempo (335)

13529159_1074160235978430_3111963534198420016_nRIO DE JANEIRO – Já viram este carro antes?

A foto é original do Blog do Sanco, mas o Paulo Tohmé deve ter “compartilhado” e eu “roubartilhei” a mesma do Facebook. É um Enricone com motor VW 1600 a ar, que disputou umas poucas provas da Fórmula 2 Brasil, com Oswaldo dos Santos a bordo.

Em 1980, o piloto paranaense duelou com Jefferson Elias pelo título da Fórmula VW 1300 também a bordo de um Enricone – que no ano seguinte viraria F-Fiat e seria campeão com Maurício Gugelmin. Oswaldo subiu para a F-2 Brasil, que herdara os equipamentos da F-VW 1600 e competia com um Polar nas primeiras provas do ano.

Oswaldo era reconhecidamente rápido e muito talentoso. Mas teve um ano de muitos azares. Destruiu dois chassis, o primeiro em Interlagos e o segundo em Cascavel. Daí ter surgido o Enricone, um dos raros outros carros naquele ano que não fosse o Polar – os demais foram o Muffatão, o Cianciaruso e o Avallone que Carlos Abdalla tentou alinhar sem sucesso algum na 2ª etapa do ano em São Paulo. Vale lembrar que o Protos que Alfredo Guaraná Menezes guiava era derivado de um Polar de Mário Pati e já fora de Élvio Divani em 1980.

O Enricone foi um carro construído no Rio Grande do Sul pela Mastermetal de Caxias do Sul, aproveitando restos de um dos Polar destruídos por Oswaldo. O carro ficou pronto a toque de caixa e além da falta de dinheiro, houve também diversos outros problemas com os motores preparados pelo competente Rudy Rempel. Em Guaporé, eram grãos de areia que fechavam as canetas do carburador Weber. Em Tarumã, foi o motor que estourou. Oswaldo, que não fez qualquer ponto no campeonato, nem correu a última prova do Rio de Janeiro. “Também pudera: não tínhamos US$ 20 mil para pagar um carro do Pedro Muffato”, contou Enricone no Blog do Sanco.

O que sei é que o Oswaldo foi para a Europa tentar a sorte na Fórmula Ford 2000 em 1983, seguindo o caminho de muitos outros pilotos do país naquela época. Andou bem porque era rápido, mas acabou o l’argent. E depois, nunca mais ouvimos falar dele.

Que fim deu o Oswaldo dos Santos? Alguém sabe realmente?

Há 35 anos, direto do túnel do tempo.

 

Comentários

    • Caramba, quando vi a foto pensei na mesma coisa. Os capacetes pessoais e intransferíveis, que lembram o piloto mesmo que mediano.

  • Acredito que esta notícia se refere a Osvaldo Santos. “O secretário de Estado de Esporte e Turismo do Paraná, Osvaldo Luiz Magalhães dos Santos, 38, morreu às 9h50 de ontem em um acidente rodoviário na BR-277, próximo a Palmeira, cidade em que morava, a 80 km de Curitiba. Ex-presidente da Banestado Leasing (empresa de leasing do banco estadual paranaense)”. São Paulo, terça, 8 de setembro de 1998 Folha de São Paulo.

    • Osvaldo vinha sozinho de Palmeira para Curitiba dirigindo o ômega da Secretaria quando aquaplanou na pista molhada e acertou um caminhão que vinha em sentido contrário. Anos depois seu corpo chegou a ser exumado para confirmar que se tratava dele mesmo. Haviam surgido boatos de que ele havia simulado a própria morte para escapar de ser preso no escândalo do Banestado – que coincidentemente era patrocinador conforme se vê na foto – e também outros casos de corrupção no Governo do Estado do Paraná. Por ocasião deste escândalo o Juiz Sérgio Moro prendeu, então pela primeira vez, o doleiro Alberto Yossef.