Don’t let me down

RIO DE JANEIRO – Dia 30 de janeiro de 1969: há 47 anos, os Beatles faziam sua última aparição ao vivo e também a única num período de três anos desde que John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr decidiram pôr um ponto final nos shows que o grupo londrino fazia aos borbotões desde que foram descobertos no Cavern Club. De 1966 até o fim, lançaram discos memoráveis – quem há de duvidar que Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band  seja histórico? – e mergulharam depois numa crise sem fim que culminou com a dissolvição do grupo, após o fracasso do filme/disco Let It Be. Abbey Road foi lançado quase como um trabalho póstumo e realmente a chama beatle não existia mais.

“O sonho acabou. Vamos encarar a realidade”, decretou John Lennon, pondo um fim definitivo ao maior grupo pop da história da música.

Difícil, até hoje, apontar uma razão pela qual os Beatles chegaram ao fim. Yoko Ono? Talvez, mas se fosse ela realmente a culpada, a viúva de John Lennon não teria boas relações com Paul McCartney até hoje. O empresário Allen Klein, tido como um grande picareta? Igualmente talvez. O próprio Lennon? Nunca se sabe. O que se sabe é que McCartney queria mesmo que o grupo continuasse e talvez dos quatro fosse o que mais sentiu o seu fim. Pero no mucho: tanto que logo emplacou uma bem sucedida carreira solo, assim como quase todos os integrantes dos Beatles.

Apesar de todos os problemas, eles ainda fizeram coisas muito legais no fim de sua trajetória. O Rooftop Concert, improvisado no terraço do prédio da Apple em Abbey Road, foi uma delas. Foi graças a este show – felizmente registrado em vídeo – que ainda conseguimos ouvi-los em músicas inéditas como a grande “Don’t Let Me Down”. Nessa apresentação, os Beatles contaram com o auxílio luxuoso do organista/pianista Billy Preston – a quem inclusive McCartney queria efetivar como uma espécie de quinto Beatle.

“Don’t Let me Down” é o clip da semana.

Comentários

  • Caro Mattar,
    Mais uma vez, noto que você nasceu uns 15 anos depois do que deveria.
    Ou… esconde a idade. :-)
    Seu gosto musical é irrepreensível.
    Abraços.

  • No começo do ano eu li o livro do Geoff Emerick, engenheiro de som que teve grande importância em moldar o som psicodélico da banda a partir do Revolver.

    A morte de Brian Epstein, Yoko, Klein, a fracassada viagem a Índia pós gravação do Sgt. Peppers, e um cada vez mais confuso Lennon contribuíram para o fim, claro. Mas Emericik lança dois pontos bem interessantes sobre o fim.

    A partir do fim das turnês da banda, os Beatles estevam oficialmente desobrigados de gravar o que seria capaz de ser reproduzido ao vivo, isso fez a imaginação de todos ganhar asas rumo ao experimentalismo e os tornou independentes um dos outros no processo de gravação, ou seja: As músicas não precisavam mais ser gravadas pelos 4 juntos. Exemplos disso não faltam.

    Paul é o único Beatle presente nas gravações de Black Bird e Martha, My Dear; Da mesma forma, Harrison é o único presente em Within Or Without You; Lennon não gravou nada em nenhuma música de George pós Revolver e o guitarrista estava ausente quando os outros 3 finalizaram a monumental Day In The Life.

    Dessa forma o que era uma banda acabou se transformando no que conhecemos hoje por coletivo, uma união de artistas separados gravando discos juntos, a um passo da carreira solo.

    Outro fator levantado no livro é que após o lançamento do Sgt. Peppers não havia turnê a ser feita e, depois de cometer a maior obra prima da historia da música popular, a banda continuou trabalhando e gravando, quando definitivamente não era hora pra aquilo.

    Um fato emblemático contado no livro é que a última faixa gravada pela banda chama-se exatamente The End, foi a última vez que os 4 tocaram juntos e conta com um duelo de solos de guitarra entre Paul, John e George no final, fantástica coincidência que selou a carreira da maior banda de todos os tempos.

    https://www.youtube.com/watch?v=oV8PSj-hQvw

  • Fui beatlemaníaco, como boa parte da juventude da época.. Foi uma “febre” sem igual. Aliás, diga-se de passagem, a década sessenta foi sem igual.
    Em homenagem aos Fab Four, um haicai de minha autoria:

    Saudade

    Michelle, ouça agora
    A guitarra ainda chora
    O adeus prematuro