Mestre Mahar

13391538_1388223461193510_1658358450142264801_o
O antigomobilismo brasileiro perde hoje talvez aquele que era o seu maior entusiasta. Querido e admirado por todos… descanse em paz, Meste José Rezende Mahar

RIO DE JANEIRO – Peço licença para interromper os posts das equipes das 24h de Le Mans por um motivo especial. Ou, por outra: um motivo triste.

Morreu o jornalista José Rezende Mahar, aquele que todos nós nos acostumamos a chamar de Mestre.

Sim, de Mestre. Porque cada um de nós aprendeu um pouco a ser melhor na vida. A amar os carros e a própria vida. Mahar era aquele sujeito querido por todos – tive a certeza disso em dois encontros de carros antigos no Forte de Copacabana, circa 2011/12. Querido pelos amigos, idolatrado pelos colegas de profissão e que sempre tinha um tempo para contar histórias. Muitas histórias.

Infelizmente certas coisas acontecem porque têm de acontecer. Logo agora que eu estava imaginando vê-lo num dos encontros de carros antigos aqui no Rio de Janeiro e finalmente manifestar minha profunda admiração e carinho por aquele sujeito de inconfundível chapéu panamá e charuto, não terei mais esse privilégio. Há anos, o Mestre lutava contra a diabetes e hoje, neste frio dia 9 de junho, a doença venceu a guerra.

Ficamos órfãos. Eu, o André Buriti, o Dú Cardim, o Flavio Gomes, o Jason Vogel, o João Mendes, o Beegola… uma porrada de gente que o gostava e respeitava.

A perda do Mahar é a personificação exata daquela frase que nunca fez tanto sentido. “Vai-se o mito, fica a lenda”.

O Flavinho é que tem razão, Mestre. Você nos deixou com sua sabedoria, graça e generosidade ímpares. Sobrou para nós um mundo e uma vida cada vez piores.

Vai com Deus, Mahar. E ao chegar aí em cima, pergunte a São Pedro se ele curte uma Alfa Romeo…

Comentários

  • “Caraças”… acompanho a página “MaharPress”. Ficaremos órfãos de um ótimo informativo.
    Hora de descansar. Fazer o que ?!?!?!

  • Alô Mahar. Muito tempo que eu não te via. Lembro sempre dos fins de noite quando íamos àquela livraria no Leblon pra checar as revistas automotivas importadas. Saudade de você. R.I.P.

  • A melhor do Mahar, e que representava o jeito moleque e sem freios de “Anito” foi em uma tarde onde juntos alguns amigos depois de uma Praça XV fomos ao Lamas; almoçou como um ogro, com direito a um sundae que era uma obscenidade dado o que o Tritão engoliu fora as 3 ou 4 garrafas de coca-cola. Na saída do centenário restaurante com todos meio bêbados e cheios ele vê uma carrocinha de pipoca, sai correndo e em extrema felicidade pede um sacão da doce e ainda pergunta se alguém queria um saquinho….. Vai-te em paz Mahar, e espero que para onde vc vá não existam radares nem pardais,,,

  • Também conheci (pessoalmente) o Mahar num daqueles encontros de carros antigos no Forte de Copacabana , por esse tempo, acho que 2011. Uma figuraça.
    Ele morreu de rir de mim quando o Muricy questionou a minha afirmação de que meu avo teve um Dusemberg no Brasil…porque até então nao havia registros da presença de nenhum Duesemberg no nosso país. Mas, depois eu mandei a foto do Dusy 1926, inquestionavelmente em frente ao Pão de Açucar, mudou o conceito de ambos sobre a importação desses carros para terra Brasilis , Aliás o Muricy, muito gentilmente, me agradeceu muito pelo envio daquela foto aos dois.

    Vai em paz, Mestre, levar a tua alegria de viver a ourtas plagas.
    Compartilho dos votos acima, de que no lugar para onde voce tenha ido não existam radares, pardais nem quebramolas.

  • Caramba…Me lembro o dia que fui conhecê-lo em 2012 no encontro de carros antigos na Lagoa a noite…Aliás o mestre era notívago. Funcionava bem melhor a noite. Nunca de manhã. Trabalhava até o amanhecer e dormia já com o sol raiando. Nem precisava ligar que iria acordá-lo. Mas a noite, meia noite, uma hora, podia ligar que o papo era ótimo, sempre com Blues ou Jazz ao fundo que ele escutava pela internet sintonizado na Jazz Radio
    Levei meu Omega Fittipaldi Zerado naquele encontro e perguntei se ele queria experimentar. Quando eu disse que ele tinha um acessório a prova de tudo, ou seja, um seguro total, ele topou. Fomos com um casal do clube do Omega experimentar o Opalão, como ele o chamava. Contou da baleia Branca, seu Omega 3.0 que era o melhor carro já fabricado no Brasil…Ele nas retas infindáveis da Argentina… Jantamos na Barra naquele dia, ou melhor, noite……Ele baixou a bota e só depois vim saber que já não enxergava bem por causa da doença. A noite então….
    Depois fui a casa dele , ele veio na minha. Minha filha me perguntou depois: Papai, seu amigo tem uma barba de papai noel, né? Ela tinha 9 anos….Fomos a Petrópolis testar uma bmw Coupe 92, …..Estivemos juntos no forte de Copacabana e assisti uma palestra dele sobre VW…O tempo cuidou mais uma vez de me ocupar com trabalho e me desocupar daquilo que é importante…
    Saudades Mahar…Os bons sempre farão falta. Te vejo depois para acelerarmos a sua baleia branca nas retas sem fim do infinito…

  • Trabalhei com o Mahar na agência Auto Press, anos 1990. Ele testava carro na Ponte Rio-Niterói, sem ligar para radares, limites e formalidades. O negócio dele era a emoção que os motores proporcionavam. Fui com ele ao lançamento da Omega Suprema, no campo de provas da GM. Era uma perua ótima, cheia de estilo, e que vinha com uns badulaques diferentes. Um deles era a suspensão traseira, que se realinhava de acordo com o peso colocado no porta-malas, de forma a manter o carro aprumado. Quando se colocava o peso, ouvia-se o barulinho do compressor na suspensão fazendo seu trabalho e via-se nitidamente a traseira levantar. Paramos a Suprema numa curva: “E agora, como vamos fazer isso funcionar pra fazer foto? Não temos bagagens pesadas o suficiente…”. Mole: “Deixa que eu sento na traseira!”. E assim foi: a novidade funcionava mesmo!

    Abçs

    Luiz Antônio Cavalcanti